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AME-Brasil realiza o 1º Encontro Nacional de Pesquisa em Espiritualidade para discutir e incentivar a produção científica

Espiritualidade e religiosidade relacionadas à saúde física e mental, práticas de saúde complementares espirituais e fenômenos da consciência/sobrevivência após a morte foram os temas dos painéis do 1º Encontro Nacional de Pesquisa em Espiritualidade da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil), que aconteceu em 6 de julho, na capital paulista. O evento, promovido pela AME-SP e AME-Brasil, é um “aquecimento” para o Mednesp, o congresso da AME-Brasil que será realizado em 2025, também na capital paulista. Esse primeiro encontro reuniu nomes importantes: o cardiologista Álvaro Avezum, que, em 2015, foi considerado um dos brasileiros com maior produção acadêmica do mundo; Ercília Zilli, mestra em Ciências da Religião e fundadora da Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas; e Alexander Moreira-Almeida, reconhecido internacionalmente pelas pesquisas mente-cérebro e um dos autores da obra Ciência da vida após a morte.

Marcelo Saad (foto), coordenador de pesquisas da AME-Brasil, esteve à frente do encontro e explicou que um evento voltado para a pesquisa científica era o “calcanhar de Aquiles” do Movimento Médico-Espírita: “Fazemos muitos trabalhos com ensino e assistência, mas não com a pesquisa original, propriamente dita. Precisávamos dinamizar essa pesquisa no Movimento Médico-Espírita e, para isso, entendemos que um evento congregaria todos os interessados, mostraria as novidades de pesquisa, não necessariamente para os seus resultados, mas para o processo de pesquisar oportunidades na pós-graduação e de colaborações entre instituições, e conseguimos essa abertura nesse evento”.

Em entrevista à Folha Espírita, ele falou mais sobre o evento.

Folha Espírita – Por que é importante pesquisar sobre espiritualidade?

Marcelo Saad – A missão da AME-Brasil é mostrar a interface que existe entre o conhecimento espírita e as ciências da saúde, principalmente a Medicina, ou seja, mostrar o que o Espiritismo tem para oferecer para uma nova compreensão do ser humano, para existir uma remodelagem dos conceitos de saúde, um paradigma que considere o ser humano como um ser biopsicossocial-espiritual. O caminho para o diálogo com a academia, com a universidade, com a ciência e com os formadores de opinião em termos de saúde é por meio das pesquisas científicas. Estamos na era da Medicina baseada em evidências, precisamos mostrar o que funciona, como funciona, para que se destina, e para isso a pesquisa é fundamental. Muitas pesquisas vêm sendo feitas no Brasil e no mundo a respeito desses dois braços principais que adotamos no Departamento de Pesquisas da AME-Brasil. Um dos braços é a relação entre espiritualidade e saúde, ou seja, ter um bem-estar religioso e espiritual está relacionado a bons parâmetros de saúde física, saúde mental, qualidade de vida e até mesmo longevidade. O outro braço é sobre os fenômenos da consciência, que mostram que a mente é independente do cérebro e pode sobreviver mesmo à morte do corpo. Essas duas linhas de pesquisa vêm sendo bem desenvolvidas aqui no Brasil e, principalmente, no exterior. O que vínhamos fazendo até agora era recolher esses dados, mostrar que existe um corpo de conhecimento que justifique novas atitudes dentro das ciências da saúde, mas agora queremos dar um passo a mais. Queremos incrementar a produção científica original, reunindo resultados de pesquisas feitas e produzindo novas que possam preencher algumas lacunas e fazer com que a AME-Brasil conquiste essa missão de explorar a interface entre conhecimento espírita e ciências da saúde.

FE – Quais pontos você destacaria do primeiro bloco, que contou com a participação do cardiologista Álvaro Avezum, que já foi considerado um dos brasileiros de maior produção científica no país?

MS – Começando pela primeira mesa, que levou em consideração a relação entre espiritualidade e religiosidade, com a saúde física, Avezum foi o homem que melhor representou esse tipo de estudo, porque há muitas décadas ele se empenha na demonstração disso com seus colegas cardiologistas na Sociedade Paulista de Cardiologia e na Sociedade Brasileira de Cardiologia, criando grupos de interesse sobre esse assunto nos congressos de cardiologia. Ele tem participação em muitas pesquisas científicas sobre a importância da fé, do perdão, da oração, nos parâmetros cardiovasculares e em outros de saúde, tanto em nível nacional quanto internacional. Ele fez seu pós-doutorado na Universidade McMaster, do Canadá, e tem muita experiência sobre metodologia científica, por isso pode nos ajudar bastante. Ele trouxe algumas linhas mestras sobre como devemos conduzir as nossas pesquisas científicas e indicou possibilidades futuras de pesquisa. Na segunda mesa-redonda, a parte de saúde mental, que contou com a participação da Ercília Zilli, presidente da Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas, ela trouxe alguns elementos da sua tese de mestrado e juntamos depois com saúde mental, em florescimento humano, que é o flourishing, em inglês, que fala da importância de atitudes positivas no nosso crescimento como seres humanos, dentre elas a espiritualidade. Isso é medido por meio de escalas, de pesquisas científicas, e muito já se falou sobre isso, mas muito ainda existe sobre como aplicar esses conhecimentos na prática. Porque tanto o médico quanto o psicólogo não podem prescrever atividades religiosas espirituais. Sabe-se, por exemplo, que pessoas que têm animaizinhos de estimação tendem a ter melhores parâmetros de saúde física e de saúde mental, maior equilíbrio. Porém, o médico e o psicólogo não vão prescrever que alguém tenha um animalzinho de estimação. A mesma coisa se aplica a esse vasto conhecimento sobre a relação entre religiosidade e espiritualidade e parâmetros de saúde. Como inserir isso na prática é o próximo desafio, porque temos aí um corpo de pesquisas bastante robusto para demonstrar a importância do assunto. O desafio agora é como transformar isso na atividade clínica.

FE – Um dos blocos contou com sua palestra sobre as terapias complementares. Quais são as linhas de pesquisa que são direcionadas a elas? Já existem pesquisas robustas com evidências de que essas terapias surtam efeito na melhora do paciente, no seu bem-estar?

MS – Em 2020, juntei o conhecimento que existia até então no livro Terapias espirituais, rumo à integração ao tratamento convencional, mostrando que existia naquela época bastante coisa. Muito se produziu desde então, e a área onde temos maior número de pesquisas originais que seguem uma metodologia científica é sobre o passe espírita. Um grupo da Universidade do Triângulo Mineiro, liderado pela fisioterapeuta Élida Mara Carneiro, tem publicado há muitos anos, em revistas de alto impacto, estudos sobre o passe espírita, tanto em pacientes internados quanto ambulatoriais, pacientes em estado grave ou não, analisando vários parâmetros, como nível de dor ou ansiedade, entre outros fatores, e mostrando com ensaios randomizados, controlados, que o passe espírita tem alguma efetividade, sim, além do efeito placebo. Nesses ensaios randomizados, candidatos são selecionados para receber uma das duas intervenções, ou o passe verdadeiro ou o passe falso, vamos dizer assim, por um ator que está pensando em outra coisa, mas está ali presente, versus um passista focado em fazer seu trabalho. Com esse tipo de metodologia, se consegue diferenciar o que é efeito realmente do passe do que é efeito placebo. E nesse campo tem muita evidência demonstrada para o passe, embora os resultados clínicos, a relevância clínica dos benefícios, seja relativamente pequena.

Com relação a outras formas de terapia, que iríamos desde a desobsessão até a cirurgia espiritual, temos pouquíssimos estudos, principalmente relatos sociológicos e antropológicos de que esse fenômeno existe. Pesquisadores norte-americanos vêm ao Brasil, constatam essas terapias como desobsessão, cirurgia espiritual e reportam isso, mas não estão interessados no mecanismo nem estão focados na eficiência clínica, só estão reportando o fenômeno cultural que existe aqui no Brasil. Portanto, algumas pesquisas futuras deverão focar melhor na relevância clínica, nos desfechos favoráveis desse tipo de intervenção.

FE – Como você avalia o último painel, que teve a liderança do doutor Alexander Moreira-Almeida, autor de várias pesquisas, incluindo o livro Ciência após a morte, e que vem desenvolvendo um grande trabalho na Universidade Federal de Juiz de Fora?

Alexander Moreira-Almeida é uma figura única que deu uma contribuição muito grande para a pesquisa no Brasil e para o nosso evento, consequentemente. Ele é reconhecido internacionalmente como aquele que propaga a importância da religiosidade, da espiritualidade na saúde mental. Inclusive, na Associação Psiquiátrica Mundial, ele fundou um grupo de estudos sobre esse tema e produziu um statement, um reporte de como os psiquiatras deveriam se conduzir diante do assunto religiosidade e espiritualidade dos seus pacientes. Além de participar de inúmeras pesquisas científicas no Brasil e no mundo, ele nos trouxe essa experiência. E ele somou a isso essa nova linha que ele abraçou, que é a dos fenômenos, fenômenos da consciência não ordinários, sugestivos de sobrevivência após a morte, como eu citei, mediunidade, memórias de vidas passadas, experiências de quase morte. O interesse dele por esse assunto fez com que ele editasse o livro Ciência da vida após a morte. Começou com uma edição em inglês, porque ele teve oportunidade de publicar isso por uma das editoras mais reconhecidas no meio científico no mundo. Então, ele percebeu que existia uma demanda muito grande de pessoas que falavam outras línguas, e o livro foi traduzido para o português, para o espanhol e para o alemão, tamanha a importância e a receptividade positiva que a discussão científica desses fenômenos traz para o meio acadêmico. Ele trouxe essa experiência mostrando que existem muitas evidências de que a mente não é um mero produto do cérebro e que pesquisas precisam ser feitas para suprir as brechas que ainda existem no conhecimento.

FE – Marcelo, qual o balanço do evento para novas pesquisas, para projetos que possam vir em decorrência das discussões que lá aconteceram?

MS – O público se animou, surgiram novas linhas de pesquisa, pesquisadores que se candidataram a pesquisas que foram discutidas no evento. Há algum tempo, venho tentando reunir, de alguma forma, os pesquisadores ativos, ou aqueles que desejam iniciar pesquisa científica sobre esses assuntos que mencionei, mas nunca tive um bom direcionamento de como fazer isso. Inicialmente, comecei fazendo uma rede nacional de pesquisadores. Fui colhendo dados, perguntando se alguns pesquisadores gostariam de fazer parte dessa rede, compartilhando seu e-mail, seus interesses com outros pesquisadores, para que pudessem surgir trocas de experiência, colaborações entre instituições diferentes e com isso fomentar novas pesquisas científicas. Isso estava muito passivo, porque a gente tem essa rede, temos todos em contato, supostamente em contato, mas não estava saindo nada muito concreto. Então, um outro passo, uma outra tentativa, porque estamos tateando um pouco no escuro, foi reunir fisicamente essas pessoas no evento e tentar reforçar essa rede de pesquisadores e fazer com que ela cumpra seus objetivos. Acho que conseguimos tornar mais robusta essa rede, que está em crescimento. Então, quem pratica pesquisa científica, quem realiza estudos acadêmicos sobre esses assuntos que falei pode se juntar a essa rede. Para isso, criei um formulário que está disponível no endereço bit.ly/amepesquisa. É só entrar e se juntar à rede e participar dessas oportunidades de troca de experiências e de colaborações.

Confira a entrevista completa no podcast da Folha Espírita.

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