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Psicólogo aponta para um novo olhar sobre o uso problemático da Internet

Em uma conversa esclarecedora, o psicólogo Aroldo de Lara Cardoso Júnior (foto) debateu o conceito de “uso problemático da Internet”, um tema que desperta interesse crescente no campo da saúde. Ao contrário de diagnósticos concretos, como transtornos de ansiedade ou depressão, o uso problemático da Internet é descrito como um “construto”, ou seja, uma forma de entender comportamentos humanos, sem necessariamente categorizá-los como doenças.

O que é?

Cardoso explica que o termo não deve ser confundido com dependência ou vício, como é frequentemente retratado. “O uso problemático da Internet é um conceito que surgiu nos anos 1990, quando Kimberly Young, psicóloga norte-americana, estudou o caso de uma mulher que parou de realizar atividades cotidianas, como cuidar da casa ou de si mesma, para passar a maior parte do tempo em um serviço online popular na época, o America Online”, relembra. Naquele período, a ideia de dependência de Internet foi recebida com ceticismo e críticas. No entanto, os relatos de pessoas que passaram a descrever dificuldades em controlar o tempo online geraram uma série de estudos, que, ao longo de mais de 25 anos, construíram a base de compreensão que temos hoje.

A evolução do conceito: não se trata de dependência

Hoje, a visão sobre o uso problemático da Internet é mais ampla e não se restringe a um simples diagnóstico de dependência. Cardoso ressalta que “não se fala mais em dependência ou vício, como se fosse algo similar à adição por substâncias, onde a perda de controle tem uma determinação mais biológica, com presença de sintomas de abstinência. Em vez disso, o foco está no sofrimento gerado pelo FoMo (Fear of Missing Out), que muitas vezes pode estar atrelado a comorbidades, como depressão e ansiedade. Ele destaca que o comportamento pode ser uma forma mal adaptada de lidar com problemas emocionais: “O uso da Internet pode ser um mecanismo de escape, quando a pessoa está enfrentando dificuldades na realidade e busca se regular emocionalmente no ambiente digital”.

Fatores de personalidade e o modelo I-PACE

O especialista também aborda um modelo recente, o I-PACE (Interação entre Personalidade, Afeto, Cognição e Emoção), que busca explicar os múltiplos fatores envolvidos no uso problemático da Internet. “Esse modelo propõe que certos traços de personalidade, como o neuroticismo, podem tornar as pessoas mais vulneráveis a um uso excessivo de Internet, como uma maneira de lidar com o sofrimento”, afirma. Cardoso observa que, em geral, pessoas com maiores níveis de neuroticismo ou extroversão têm maior propensão a desenvolver comportamentos problemáticos, em parte pelo próprio design das plataformas, que utilizam algoritmos para manter o engajamento dos usuários.

O sofrimento como principal indicador

Quando perguntado sobre como identificar o momento em que o uso da Internet se torna prejudicial, Cardoso foi claro: “O ponto de alerta é quando o uso da Internet gera sofrimento”. Ele exemplifica situações como o uso do WhatsApp enquanto dirige, resultando em múltiplos acidentes, ou quando o indivíduo perde noites de sono devido a jogos online, mesmo sabendo que precisa descansar. Nesse sentido, o tempo de uso, por si só, não é necessariamente um indicador de problema. “Pessoas podem passar muitas horas conectadas, seja por trabalho ou lazer, sem que isso cause sofrimento ou prejudique suas vidas”, esclarece.

Impacto nas novas gerações e redes sociais

Um ponto importante levantado durante a entrevista foi o impacto das redes sociais, especialmente em adolescentes. Cardoso comenta que plataformas como Instagram e TikTok criam um ambiente propício ao engajamento excessivo, em que jovens se sentem pressionados a constantemente checar o que está acontecendo. Contudo, ele faz uma ressalva: “O problema não é o tempo que eles passam online, mas o que acontece quando eles não conseguem parar de pensar nisso, como a preocupação excessiva com a imagem ou os comentários recebidos nas redes”.

Jogos online e apostas: um novo desafio

A conversa também abordou a questão dos jogos online e apostas, que dominaram o noticiário recentemente. Cardoso explicou que, embora existam semelhanças com o uso problemático da Internet, as apostas têm características próprias. “Há um reforço intermitente, em que a pessoa ganha de vez em quando, o que a faz acreditar que na próxima vez terá mais sorte”, disse. Esse tipo de comportamento pode ter outras influências, como a incerteza econômica no Brasil, que leva as pessoas a buscarem formas de ter mais dinheiro facilmente. Ele também destacou que o fácil acesso às apostas, agora disponíveis até em aplicativos de celular, contribui para o aumento de casos de pessoas que perdem o controle sobre seus gastos.

Conclusão: o caminho para a autodescoberta

Cardoso conclui reforçando a importância de uma abordagem mais ampla e cuidadosa ao tratar o uso problemático da Internet. Segundo ele, é fundamental não patologizar todos os comportamentos, mas, sim, observar o sofrimento individual como um reflexo de questões mais profundas. “O uso da Internet é parte do comportamento humano, e devemos tratá-lo com a devida complexidade, buscando entender o que está por trás dele”, concluiu.

Essa análise oferece uma visão detalhada de como o uso excessivo da Internet pode impactar a saúde mental, destacando a importância de buscar equilíbrio e autoconhecimento em um mundo cada vez mais conectado.

Esse diálogo traz uma reflexão muito rica sobre vícios, compulsões e o impacto das tecnologias modernas na vida das pessoas, tanto do ponto de vista psicológico quanto espiritual. A fala toca em vários pontos importantes:

  • percepção de quando o comportamento se torna problemático – o entrevistado aborda o conceito de FoMo (Fear of Missing Out), que é o medo de estar perdendo algo ao ficar desconectado. Esse sentimento é um dos principais sinais de que o uso da tecnologia ou da Internet pode estar se tornando prejudicial. Além disso, ele menciona o uso de testes, como o de dependência de Internet para avaliação clínica do caso, que deve ser feita preferencialmente em conjunto com profissional habilitado;
  • importância do diagnóstico profissional – é destacado que o autodiagnóstico pode ser enganoso, e que o mais adequado é buscar um especialista, como um psicólogo ou psiquiatra, para uma avaliação precisa. Isso vale tanto para comportamentos relacionados a jogos de azar quanto para o uso de redes sociais e aplicativos;
  • influência espiritual e obsessão – a perspectiva espiritual sugere que comportamentos considerados compulsivos podem ser considerados atávicos, ou seja, que têm relação com experiências de vidas passadas. Obsessões poderão ser engendradas especialmente na busca de conteúdo danoso na Internet, tal como grupos que ensinam automutilação ou conteúdos pornográficos, havendo uma relação de mutualidade entre o consumo de conteúdo e o processo obsessivo;
  • pornografia e padrões corporais – pode trazer padrões cujos comportamentos afetem as fantasias das pessoas, distanciando-as de um autoconhecimento. Pode criar expectativas sobre as relações sexuais e sobre o próprio corpo que afetam a saúde mental.

Esse tipo de discussão é fundamental para gerar uma conscientização tanto sobre a saúde mental quanto sobre o impacto espiritual das escolhas e dos comportamentos no mundo atual, em que a tecnologia desempenha um papel central.

Aroldo de Lara Cardoso Jr. é formado em Direito e em Psicologia pela PUC-SP; especialista em Adolescência (Unifesp), Psicodrama (Sedes Sapientiae/Profint) e Psicologia Clínica (CRP/SP); mestre em Psicologia Clínica. Atualmente, é psicólogo clínico e doutorando na PUC-SP.

Ouça a entrevista completa no podcast da Folha Espírita

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