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irMuitas mulheres médiuns se deparam com o dilema ao se descobrirem grávidas: prosseguir ou não com a prática mediúnica? Esse assunto corriqueiro é evitado por muitos, consistindo inclusive em um tabu. Alguns dirigentes espíritas recomendam que as grávidas deixem de participar dessas atividades na gestação, ao passo que outras aconselham exatamente o contrário. Como médium é médium 24 horas por dia, as médiuns gestantes continuam lidando com as experiências espirituais de uma forma ou de outra, por isso muitas vezes se ressentem de deixar os trabalhos com a mediunidade. Para alguns, a interrupção se associa a mais ansiedade e até mesmo transtornos, dessa forma rebaixando sua qualidade de vida. Assim, perdem as gestantes médiuns, a casa espírita e os necessitados.
Afinal, é segura a prática mediúnica na gravidez do ponto de vista médico? Há riscos para a gestante ou para o bebê? E do ponto de vista espiritual, como lidar com esse tema na casa espírita? Entrevistamos o médico obstetra e ginecologista Paulo Batistuta (foto), que acaba de publicar uma obra inédita na bibliografia espírita sobre o tema: Prática mediúnica na gravidez. Essa obra chega para enriquecer as reflexões e os questionamentos, reconhecendo inclusive os aspectos que devem ser mais investigados.
Batistuta acumula 36 anos de profissão e uma experiência de quase 12 mil partos. Membro da Associação Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo (AMEEES) e dirigente de reunião mediúnica há décadas, ele chegou à obra após estudar profundamente o tema, se dedicando à leitura de obras espíritas, bem como médicas, condensando, num texto rico e agradável, aspectos essenciais sobre essa problemática. Apresenta temas correlatos, como o psiquismo fetal, alguns aspectos sobre reencarnação e mediunidade, além da opinião de vários estudiosos.
Paulo Batistuta coordenou pesquisas no Grupo de Estudos Esperança, envolvendo algumas gestantes médiuns que atendeu em sua clínica privada, bem como casos que acompanhou em reuniões mediúnicas, instrutivas e de desobsessão na Comunidade Espírita Esperança, em Vitória, no Espírito Santo. Por fim, conduziu uma pesquisa comportamental por meio de mídias sociais apoiada pela Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil) e pela Federação Espírita do Estado do Espírito Santo (FEEES), dirigida a médiuns que engravidaram para conhecer suas histórias, seus sentimentos e suas experiências.
Folha Espírita – Quais são os principais dilemas enfrentados por médiuns grávidas em relação à continuidade ou não da prática mediúnica durante a gestação?
Paulo Batistuta – Muitas mulheres grávidas se veem diante da necessidade de escolher trabalhar ou não na reunião mediúnica. É um dilema porque não há consenso entre os diferentes dirigentes espíritas sobre a segurança da prática mediúnica na gravidez. Alguns acreditam que isso gera um consumo grande de energia, outros acham que é prejudicial para o bebê, bem como muitos outros acreditam que seja seguro e a gestante pode participar. Então, essa mulher médium que engravida tem de fazer essa escolha. Acredito que ela precisa de um embasamento doutrinário para se sentir segura nessa sua decisão, de maneira que ela não prejudique a sua gravidez, seu trabalho mediúnico e que ela saia feliz dessa situação. Essa questão não está contemplada diretamente na codificação kardequiana, mas tem textos que podemos estudar e buscar sobre a segurança da prática mediúnica e que nos vão informar bastante e nos ajudar nas reflexões.
FE – Há evidências médicas ou espirituais que justifiquem a recomendação de interromper ou continuar as atividades mediúnicas durante a gravidez?
Batistuta – Doponto de vista médico, não há evidência científica de que a prática mediúnica na gravidez seja prejudicial, mas também preciso considerar que a medicina não tem um capítulo de estudos sobre a prática mediúnica. Muitos pesquisadores se dedicam a esse assunto, e aqui no Brasil temos um grupo crescente de publicações sobre saúde e espiritualidade, englobando mediunidade, desobsessão etc. Acerca da segurança mediúnica da gestante, especificamente, não conheço nenhuma pesquisa empírica tratando desse assunto. Temos milhares de mulheres no Brasil trabalhando em religiões mediúnicas, como Espiritismo, candomblé, umbanda, quimbanda, União do Vegetal, Barquinha, Vale do Amanhecer, Igreja Católica e Carismática e algumas igrejas protestantes reformadas que trabalham com os dons do Espírito Santo. No entanto, eu nunca conheci um estudo médico que tratasse especificamente dessa questão. De minha parte, acompanhei duas gestantes como dirigente de reunião mediúnica e também como médico delas. O pré-natal e os partos foram tranquilos, os bebês nasceram muito bem. Entretanto, dois casos são pouco para fazer uma afirmativa geral. Tivemos sucesso, mas creio que seja um tema a ser pesquisado.
FE – Do ponto de vista médico, quais são os potenciais riscos ou benefícios para a gestante e o bebê quando se pratica mediunidade?
Batistuta – Consultando a literatura espírita, não encontrei proibição para a prática mediúnica durante a gravidez. Revi toda a codificação espírita, todos os livros de Kardec, a Revista Espírita, a literatura de André Luiz e Emmanuel. Consultei autores como Hermínio Miranda, Sueli Caldas Schubert, Deolindo Amorim e Herculano Pires e não encontrei uma recomendação formal para a interrupção da prática mediúnica. Então, não há evidência nesses grandes autores. Posso lembrar também de Edgar Armond, o mais antigo. Ele fala que é prejudicante não participar da prática mediúnica, mas não é uma evidência de literatura de Espíritos desencarnados, e sim a opinião de um autor. Parece-me que quando a gestante está na prática de um trabalho de mediunidade com Jesus, ela goza da proteção dos benfeitores. Uma reunião mediúnica é bastante controlada, os mentores atuam de maneira a proteger a gestante e seu bebê. Dessa forma, acredito que seja bastante segura a prática mediúnica na gravidez, considerando o trabalho rigoroso e zeloso dos benfeitores espirituais em reuniões equilibradas. Eles têm uma evolução muito maior do que a nossa e convivem com as nossas migalhas de ofertas de mediunidade para realizar o trabalho da desobsessão. Dessa maneira, tenho confiança de que, dados os resultados grandiosos que percebemos em tantos casos difíceis de desobsessão, não só o Espírito assistido é ajudado na sua condição espiritual como também a grávida e, sobretudo, seu bebezinho. Então acredito que essa grávida está oferecendo um bom exemplo para a criança que está sendo gestada, um bom exemplo de trabalho com Jesus, um trabalho de dedicação espiritual.
“Contamos um caso emocionante no livro. Um Espírito dedicado a praticar o aborto, a patrocinar ações contra a vida, há muito tempo líder de uma falange, foi levado a ver na reunião mediúnica as etapas da gravidez, todo o processo desde a fecundação que ele interrompia e foi tocado, se aproximou de sua mãe e saiu em seus braços.”
FE – Como é que seu livro aborda as diferentes perspectivas de dirigentes espíritas sobre a prática mediúnica durante a gestação?
Batistuta – No livro, apresentamos uma pesquisa comportamental em que entrevistamos 88 mulheres médiuns que engravidaram, dentre as quais 42 escolheram por trabalhar com a mediunidade durante a gravidez e 46 optaram por não trabalhar na mediunidade durante a gravidez. Essas mulheres foram recomendadas por seus dirigentes de reunião mediúnica e dirigentes de centro espírita a continuar ou não continuar. No livro, apresentamos as estatísticas disso. É interessante que são opiniões divergentes. Um grupo de dirigentes espíritas e de reunião mediúnica acreditava ser seguro a prática, recomendando que essas mulheres continuassem seu trabalho. Outro grupo de dirigentes alegou riscos para a mãe ou para o bebê, perigos possíveis, recomendando que elas não atuassem. Veja, é bastante curioso, porque foram iniciativas pessoais que nortearam essa decisão. Na literatura espírita não encontramos uma referência formal para interrupção. Dessa forma, o livro contribui bastante. Foram muitas perguntas que apresentamos para as mulheres sobre seus sentimentos, suas percepções da prática mediúnica durante a gravidez e seu bem-estar. As que participaram alegam que saíram gratificadas, experimentaram crescimento espiritual. Nenhuma delas mencionou acidente ou algum trauma sofrido durante o exercício mediúnico na gravidez. Por outro lado, das mulheres que não participaram das reuniões mediúnicas (46), três mulheres mencionaram um aumento de ansiedade, gerando até transtorno de ansiedade. Precisaram ser medicadas, reduzindo assim sua qualidade de vida. Então fica a reflexão para os dirigentes, porque a prática mediúnica pode ser positiva para as mulheres e a não prática pode ser prejudicial.
FE – No seu estudo, você observou algum impacto emocional ou psicológico nas médiuns que interrompem ou continuam a prática durante a gravidez?
Batistuta – Como mencionei anteriormente, a não prática da mediunidade durante a gravidez foi mencionada por três médiuns que não trabalharam mediunicamente, como fator desencadeante de ansiedade. É um número pequeno, o número de 88 mulheres investigadas que responderam às perguntas ao questionário, mas dentre essas, três, dentre 46 que não trabalharam, relacionaram a não prática da mediunidade com mais ansiedade, portanto, perda da sua qualidade de vida em função disso.
FE – Quais foram os principais achados das cinco pesquisas realizadas com médiuns grávidas e que você traz no livro?
Batistuta – É difícil de resumir porque foram pesquisas, trabalhos de cunho diferente.
Acompanhamos duas gestantes que trabalharam mediunicamente durante a gravidez, e para essas duas pacientes foi muito positivo. Elas renderam muito como médiuns. Sentiram-se bem como médiuns e como gestantes. Seus bebês nasceram muito bem, não tiveram complicações nem na gravidez nem no parto e até hoje estão muito bem de saúde. Um outro estudo que fizemos foi o comportamental, envolvendo 88 mulheres que responderam a um questionário pelo WhatsApp. Essa pesquisa foi apoiada pela Associação Médico-Espírita do Brasil e pela Federação Espírita do Estado do Espírito Santo. Enviamos o questionário por WhatsApp para mais de 800 mulheres médiuns e dirigentes, em um efeito bola de neve. Uma respondia e passava o questionário, porque achou interessante, para outra e para outra, e assim por diante. Assim, fizemos essa coleta de dados por três meses, e ao final conseguimos 88 respondentes. É um trabalho interessante porque fala dos sentimentos das mulheres, suas sensações, suas impressões sobre a prática e a não prática da mediunidade na gravidez. O quarto e o quinto estudo trazem entrevistas com Espíritos benfeitores espirituais em reuniões mediúnicas e instrutivas. Tivemos a felicidade de poder participar e fazer uma entrevista, e generosamente fomos acolhidos pelo Espírito Irmã Sheila para nossa surpresa, porque não direcionamos o questionário a esse Espírito. Temos um grupo de estudo que também tem finalidade de pesquisa espírita e tínhamos declarado anteriormente que faríamos uma reunião mediúnica para apresentar questões aos amigos espirituais, preparamos com antecedência as perguntas sobre esse assunto, e o Espírito que veio nos agraciar com as respostas foi a Irmã Sheila. Transcrevemos as respostas e nos pareceram coincidentes com o que a Codificação Espírita, André Luiz, Manuel Filomeno de Miranda, esses grandes autores, nos ensinam. Ela ainda explicou alguns detalhes sobre a segurança da prática mediúnica que foram muito interessantes. Então, consideramos como uma mensagem válida, como uma comunicação verdadeira. Tivemos também um Espírito médico, o Seo Shin, uma personalidade não conhecida no meio espírita, mas que também, numa outra ocasião, por um outro grupo de médiuns, que não conheciam as respostas da primeira entrevista, trouxe suas respostas para as mesmas perguntas, coincidentes no geral e algumas particularidades que ele adicionou em relação à entrevista da Irmã Sheila. Essa é uma contribuição bastante interessante porque reflete uma prática empírica, tanto de prática mediúnica quanto de exercício da obstetrícia.
“Não apresento isso como palavra final, mas é a experiência que eu e meu grupo de estudos tivemos. Acredito que seja uma boa contribuição.”
FE – Nesse estudo, foi observado algum impacto emocional ou psicológico nas médiuns que interromperam ou continuaram a prática durante a gravidez?
Batistuta – O que percebemos de diferente nas médiuns que engravidaram e participaram da reunião mediúnica é que a espiritualidade amiga exerceu o que chamamos de economia mediúnica, ou seja, a espiritualidade amiga que organiza as reuniões aproveitou o estado gravídico dessas gestantes, dessas mulheres, para trazer Espíritos que se sensibilizaram desse estado da gestante, assim contribuindo para sua desobsessão, para o tratamento que eles estavam sendo expostos ali pelos benfeitores espirituais. A espiritualidade já faz a ligação do Espírito que vai se comunicar com o médium com alguma antecedência. Os Espíritos têm mapeado o tipo de energia que cada médium pode oferecer, o tipo de recurso anímico que cada médium dispõe. Dessa forma, o choque anímico vai ser diferente de médium para médium, e sua carga afetiva também é diferente. Tivemos Espíritos que foram tocados profundamente ao identificarem o bebezinho dentro do útero da gestante que hoje recebia na psicofonia. Então foi maravilhoso. Consideramos que justamente o fato de essa mulher estar grávida é que foi um diferencial favorável no processo de desobsessão desses indivíduos.
“Consideramos os sentimentos de quem viveu a situação, de quem é médium 24 horas por dia. Muitas se ressentiram da não participação. Muitas outras controlaram a situação. Nós apresentamos a estatística disso, com comentários qualitativos. A pesquisa, inédita, vai servir de orientação para os dirigentes espíritas.”
FE – Quais são as principais lacunas de pesquisa que você acha que ainda precisam ser exploradas sobre mediunidade e gravidez?
Batistuta – Apesar dos nossos estudos, acreditamos que outros são necessários. Por exemplo, tenho minhas dúvidas pessoais a respeito da materialização de Espíritos, porque na mediunidade de efeitos inteligentes, na psicografia, na audição, na própria psicofonia, temos uma participação corporal da médium com uma certa intensidade. Tem Espíritos que são muito intensos, mas nos pareceu seguro. Por outro lado, na materialização de Espíritos, na doação maciça de ectoplasma, tenho minhas dúvidas, tenho minhas perguntas, minhas reticências. Ao Espírito Seo Shin perguntamos especificamente sobre essa questão, e ele nos informou que as reuniões espíritas bem organizadas, maduras, seguras, equilibradas, que contam com dirigentes espirituais responsáveis, a médium faria doação de ectoplasma na medida da sua possibilidade. E quando isso começasse a gerar riscos, seria interrompido o trabalho com essa médium. De qualquer maneira, não conheço um relato de gestante que trabalhou com a materialização. Nos estudos da metapsíquica, que envolveram médiuns famosas, como Eleonora Piper, Eusápio Palladino e tantas outras mulheres que tiveram filhos, não encontrei nenhuma menção sobre isso. Acho que é um estudo que pode avançar.
FE – Como o psiquismo fetal é abordado no livro e de que maneira ele se conecta com os temas de reencarnação e mediunidade?
Batistuta – Sabemos que as principais emoções e sensações da gestante interferem no desenvolvimento do feto, em desenvolvimento psíquico. Isso é um conhecimento bem consolidado pela psiquiatria, pela psicologia e pelos estudiosos do psiquismo fetal. Entendemos que a experiência que a gestante vive durante a desobsessão é uma experiência positiva, instrutiva, de doação, de caridade, que está sob uma guarda espiritual forte. Consideramos também que, muitas vezes, a médium nem lembra do que aconteceu durante o transe mediúnico. Pouco tempo depois do transe, ela já não tem recordação. Consideramos que o evento mediúnico acontece entre o perispírito da gestante e o perispírito do Espírito comunicante. O Espírito do bebê fica à parte, não é envolvido. Consideramos que em reuniões equilibradas, as mulheres que estão dedicadas à mediunidade com Jesus têm uma proteção, a proteção natural que todas as gestantes já têm e a proteção do grupo espiritual que lida com o processo. Dessa forma, acreditamos que aí está o x da questão, o equilíbrio da médium. O ambiente da reunião mediúnica é um ambiente privilegiado em termos de segurança, muito mais seguro do que um lar desequilibrado, do que um trabalho conturbado. Então, nesse sentido, é bastante seguro essa mulher exercer seu trabalho.