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irLar e arte
Da umbanda para o kardecismo
O futuro: a creche
A maternidade lógica da reencarnação
E muitos outros temas nesta reportagem com os nossos dois grandes artistas
(Texto de Marlene Rossi Severino Nobre.)
A redigir estas páginas, meus olhos descem sobre os tons suaves da rosa que me oferecem na residência dos Goulart. Na delicadeza da flor perduram os instantes de serenidade absorvidos nesta manhã pardacenta da primavera paulistana, tão repleta de contrastes.
Fomos ao encontro de Nicete Bruno e Paulo Goulart, guardando, no íntimo, a certeza de que receberíamos bênçãos de paz. Os clichês mentais arquivados, ao longo do tempo, através das diferentes entrevistas concedidas pelos dois artistas, surgiam em minha memória, como fugidios raios de otimismo e serenidade. Eles transmitem, realmente, uma profunda sensação de paz e alegria, trabalho e esperança. Em seu ninho de amor, eles construíram uma base sólida de louvor e dedicação à arte, ao cultivo do belo, em sua expressão mais legítima.
Você comprovará, nesta entrevista, esta notável síntese de Emmanuel, nosso benfeitor espiritual: “A arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação desse ‘mais além’ que polariza as esperanças da alma. O artista verdadeiro é sempre o ‘médium’ das belezas eternas, e o seu trabalho, em todos os tempos, foi tanger as cordas vibráteis do sentimento humano, alçando-o da terra para o infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia dos corações para Deus, nas suas manifestações de beleza, de sabedoria, de paz e de amor”.
Folha Espírita – Como foi o primeiro contato de vocês com o Espiritismo?
Paulo – Nós tivemos duas fases bem distintas em nosso conhecimento espírita. O primeiro contato foi o mais comum, aquele que ocorre com a maioria das pessoas: através da Umbanda, no Rio de Janeiro. Deparamo-nos, então, com os fenômenos. Mais tarde, em uma segunda fase, através da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, de Curitiba, com o dr. Maury Rodrigues da Cruz, tivemos toda a iniciação espírita. Passamos a estudar a Doutrina de Kardec e só então pudemos compreender como os fenômenos mediúnicos se processam nos diversos planos e por que eles se verificam.
Nicete – Nós ficamos em Curitiba de 1962 a 1966 e, durante nossa permanência lá, mantivemos laços muito estreitos com essa instituição. Aqui em São Paulo nós temos um núcleo, ligado ao de Curitiba: o Centro Experimental de Estudos Espíritas de São Paulo. Nós temos desenvolvimento mediúnico, passes e procuramos manter um atendimento mais direto à prática espírita do dia a dia. Futuramente, teremos a creche – que eu gostaria mais de chamar de lar –, a Casa Transitória, o ambulatório e todo o atendimento que é orientado pelo médico espiritual dr. Leocádio José Corrêa. Existem vários núcleos iguais em Paranaguá, Recife, Anápolis, no Rio de Janeiro, e logicamente Curitiba.
FE – Nicete, impressionou-nos, vivamente, a entrevista que o Espírito de Humberto de Campo realizou no Memoriam Park Cemetery, em Hollywood, com o Espírito de Marilyn Monroe e psicografada por Chico Xavier. Dizendo não ser verdadeira a tese do suicídio deliberado, ela dá, claramente, a entender que se tivesse tido filhos, talvez tivesse sido bem outra a sua condição de vida e de morte. O que você poderia nos dizer sobre a maternidade, já que você é mãe tão devotada e consciente?
Nicete – A pergunta me comove bastante. Ser mãe é o único momento em que a mulher se realiza de fato. E eu penso, nesse instante, em muitas criaturas que não podem ter filhos e gostaria muito de transmitir a todas elas uma mensagem de grande otimismo. Aquelas que não conseguem ser mães organicamente eu lembraria que a verdadeira maternidade pode ser sentida, desde que se conscientize o verdadeiro sentido do amor maternal. Existem muitas crianças que necessitam de carinho materno, são as tristes crianças relegadas ao abandono e ao esquecimento. Tenho três filhos, mas pretendo ter muito mais com a construção da creche, que nós desejamos seja, antes de tudo, um lar para muitas crianças, os outros filhos que teremos.
FE – Paulo, você já nos afirmou que teve facilidade para absorver todos os princípios básicos do Espiritismo. No caso da reencarnação, como você reagiu?
Paulo – Acredito que foi apenas um encaixe daquilo que nós atores sentimos. Vivemos múltiplas vidas, como atores, e isto nos predispõe a uma constante lógica e intuitiva da reencarnação. Foi apenas um encaixe lógico para esse conhecimento intuitivo, uma constatação daquilo que vivenciamos.
FE – Nós sentimos que de 1960 para cá a atmosfera espiritual de nosso planeta mudou muito. Parece-nos que algo bem diferente e muito sério está acontecendo…
Paulo – É a aproximação da Nova Era. Há uma consciência maior de todos quanto à época que estamos vivendo. A juventude e as crianças estão apressadas, todas as pessoas estão procurando realizar todas as coisas com muita rapidez.
FE – E a juventude, principalmente, está muito interessada em colocar todas as coisas em seus devidos lugares. Seu elevado senso de justiça leva-a a buscar, por vezes, caminhos ásperos porque não encontra resposta para muitas dúvidas.
Paulo – E nós somos a geração sanduíche, somos os intermediários entre as duas gerações. Temos de compreender a dificuldade dos mais velhos e auxiliar os mais jovens, aparando, tanto quanto possível, as arestas. O mundo foi construído sob determinados suportes mentirosos ou enganosos, e a juventude tem ânsia de justiça e liberdade, não aceitando, consequentemente, essas balizas falsas.
Nicete – A consciência da verdade fará os homens livres. A juventude busca a liberdade como o Cristo ensinou. Os mais experientes devem compreender esse anseio e buscar auxiliar. Há muitos pais conscientes dessa responsabilidade.
FE – E onde entra a religião em tudo isto?
Paulo – Na medida em que o jovem toma consciência de determinados valores e observa que não pode modificar determinadas estruturas, a religião é um apoio para que ele aceite esta modificação que não é imediata, mas consequente de atitudes do indivíduo para com a coletividade. Como é importante o tripé lar, religião e trabalho. Quando o jovem não encontra dentro do lar o apoio indispensável, ele vai procurar na rua. Na escola, ele se depara com outros desequilíbrios e deriva, muitas vezes, para drogas ou cria novos valores bem prejudiciais. O núcleo de valores positivos está dentro da família, a religião acompanha o ser humano até a morte, inclusive ao ateu, e o trabalho garante a estabilidade de tudo. O jovem precisa de coerência de atitudes.
Nicete – Exatamente quando os pais dizem uma coisa e praticam outra (“façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”), é essa incoerência que é inaceitável.
Paulo – Veja bem, não fazemos colocação religiosa dogmática, apenas afirmamos que o jovem necessita de atitudes coerentes por parte daqueles que o cercam. A dissonância perturba bastante. A linguagem das atitudes é muito mais fecunda.
FE – Nicete, no caso do teatro, você sentiu que era algo de outras vidas?
Nicete – Não tenho dúvida alguma. Desde pequena, o teatro aconteceu em minha vida com a maior naturalidade. Você veja, creio que em nossa família tudo acontece por uma determinação superior, a formação de nosso lar e agora os nossos filhos tomando o rumo do teatro, sem que nós tivéssemos forçado nada. Com o positivismo e a coerência, vivenciamos tudo aquilo que sentimos. É a emanação pública desta vivência sem que nada tivesse sido didatizado. E tudo isto num período bem difícil como aquele que estamos vivendo…
FE – De fato, observamos com imensa alegria a presença de três gerações no palco. Com “Os efeitos dos raios gama sobre as margaridas do campo”, peça que vocês estão apresentando, temos a participação de sua querida mãe, Dna. Leonor, e de sua filhinha Bete, e vocês nos dão uma mensagem de coesão extraordinária. Gostaria que você falasse alguma coisa sobre a peça.
Nicete – Nós vivemos no palco exatamente o oposto à nossa realidade, isto é, o desencontro de gerações. Para mim, a mensagem é sobretudo de esperança da jovem em meio a toda aquela podridão. A menina que deseja ser cientista descobre que todos os homens são formados de pequeninos átomos que vieram do Sol, e a sua esperança concentra-se exatamente na certeza de que tudo será modificado, dando graças a Deus pela força estranha que vem dos átomos. Parece até que o autor teve consciência maior de que a alma dorme na pedra, sonha na planta, agita-se no animal e desperta no homem.
FE – O Prêmio Nobel de 74 foi concedido a dois astrônomos ingleses por interpretarem radiomensagens de mundos longínquos. Paulo, você acha que nós vamos conseguir um contato maior com os outros mundos habitados?
Paulo – Nós, aqui na Terra, estamos em nível evolutivo muito inferior ao de outros mundos, por isso acho difícil o estabelecimento de contatos mais profundos pela nossa incapacidade de interpretação. Não temos condição de absorver os diferentes estágios de vida e suas manifestações. Os valores de vida terrenos diferem dos valores de vida de outros planetas. A maioria deles muito mais adiantados evolutivamente do que o nosso. Muitos deles desenvolvem-se em estados de matéria que não conseguimos detectar. Mas, um dia, chegaremos lá…
FE – A gente sente no contato com vocês uma sensação muito grande de paz e alegria. Como se consegue a paz em um mundo como o nosso, tão conturbado?
Paulo – A paz a gente encontra nas pessoas mais simples que se assemelham às crianças. Quando a gente se intelectualiza, passa a confundir teoria e prática. A luta pela vida, pela sobrevivência, é um chamamento muito forte, e o homem passa a sentir angústia. Só através da religião ele encontra a paz. Isto não significa que eu fique alienado dos problemas, apenas eu não me inquieto, procuro superá-los. Por mais angustiantes que sejam esses problemas, eles não me tiram a paz, porque acredito em Deus e nos homens. Nossa crença na reencarnação e na sobrevivência após a morte física dá-nos a certeza de que mesmo que o homem busque destruir a nossa integridade física e logre consegui-lo, ele não poderá modificar nossa sensação de paz interior, porque teremos consciência do que somos, daquilo que fizemos e da mensagem que transmitimos através dos nossos atos.
Nicete – Realmente, nós sentimos que as pessoas complicam as coisas. É preciso considerar aqui um segundo tripé: alegria, poder e saber. É necessário que você adquira a alegria de viver. Se você vai predisposta a atingir os seus objetivos, você consegue, você encontra forças para poder realizar, e essa realização concretiza-se com o saber.
Paulo – É preciso ressaltar que todos esses elementos têm o mesmo peso. Você tem que saber que, para atingir os objetivos e para saber, é necessário que você tenha confiança, alegria. O poder é subjetivo. Não tem de forma alguma o sentido totalitário ou absolutista. Veja bem, há muita diferença da fórmula americana de como vencer na vida, porque eles deixam de lado os valores fundamentais da existência. O que vale – no caso deles – é subir a qualquer preço, não importa em quem se possa pisar ou magoar.
Nicete – O perigo está aí. Cometem-se muitas injustiças com essa filosofia de vida.
Paulo – Nós não nos exaltamos quando as coisas estão correndo muito bem, por exemplo, quando estamos desfrutando algum sucesso artístico em determinada época, como também não nos perturbamos quando nos acontecem coisas desagradáveis, porque estamos preparados para todas as contingências. Para gozar um sucesso, você tem que passar por muitos fracassos.
Nicete – Nem por isso deixamos de viver intensamente todas as coisas, apenas procuramos o equilíbrio necessário para receber tudo com serenidade e compreensão.
Paulo – Nós estamos ligados a todos os acontecimentos. Apenas procuramos não exagerá-los, dando-lhes as exatas dimensões, a fim de que possamos manter nosso equilíbrio interior. Quando alguém vence ou perde uma eleição, é a mesma coisa, é preciso não exagerar nas proporções. Tem que haver muito equilíbrio nesta virada política que houve para que ela tenha consequência melhores, e não piores.
“Que o Natal e o Ano-Novo sejam de realizações de verdades evangélicas, de expressões lúcidas, evolutivas. Que a paz, o amor e a fé aumentem em sua vida, bem como em todos os seus. Temos uma grande missão a desempenhar. Venceremos em Deus, para Deus. Que Cristo nos abençoe e ilumine, colocando nos corações o seu amor”.
Com essa mensagem escolhida por Paulo Goulart e Nicete Bruno, desejamos a todos os leitores os melhores voto de paz e realizações espirituais neste Natal de Jesus.