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“Marlene Nobre, minha mãe!”

Algo que sempre me impressionou foi o tempo. Ele “voa”! E quando prestamos atenção, se passaram 5, 10, muitos anos. Com o ano de 2024 se encerrando e janeiro se aproximando, rememorei o desenlace de minha mãe nos primeiros dias de 2015. Busquei “fazer as contas” do tempo que passou e tomei um susto ao constatar que no dia 5 de janeiro deste ano faz uma década que a minha mãe retornou ao mundo espiritual. Assim, com esse sentimento, no coração e na ponta da caneta, é que escrevo algumas linhas sobre uma parte da história da vida pessoal e profissional de minha mãe para a Folha Espírita, com o objetivo de buscar prestar uma homenagem pelos primeiros 10 anos de sua desencarnação.

Último Natal de Marlene Nobre com a família em dezembro de 2014

Minha mãe nasceu em berço espírita e recebeu todos os cuidados e exemplos dos seus pais, Pedro e Ida, que se conheceram em um centro espírita. Cresceu assistindo os pais proferirem palestras, administrarem grupos espíritas e cuidarem de pessoas necessitadas. Ainda criança, sentiu as primeiras manifestações da mediunidade, o que a fez desconfiar dos altos compromissos nesta existência. Na juventude, já consciente de suas responsabilidades, se dedicou aos estudos com afinco, e sua determinação a fez, quase sempre, ser a primeira da turma na escola. Com essas qualidades afloradas e trabalhadas, alcançou o sonho de cursar a universidade de Medicina, e como a universidade federal ficava na mesma cidade em que Chico Xavier morava, seus pais não criaram dificuldades para que a única filha dentre os 6 filhos se mudasse de São Paulo para a cidade mineira.

Mesmo durante o exigente curso de Medicina, Marlene encontrava tempo para auxiliar o Chico nos atendimentos a milhares de pessoas carentes que o procuravam e no atendimento às famílias mais necessitadas na distribuição de alimentos, além de se desdobrar para cumprir os compromissos com as atividades mediúnicas no Grupo Espírita da Prece e em outros, todos em Uberaba/MG.

E foi em um daqueles dias de filas intermináveis para falar com o famoso médium que o próprio Chico revelou à minha mãe que Emmanuel lhe disse que deveria apresentar ela ao homem que tinha vindo de São Paulo, cidade onde era vice-prefeito, só para conhecer o Chico. Tratava-se de Freitas Nobre, que foi levado a Uberaba pelo amigo Spartaco Ghilardi (fundador do Grupo Espírita Batuíra/SP). E assim, sob as bençãos de Emmanuel e Chico, o casal Freitas e Marlene se uniu.

Com o término do curso de Medicina, se casaram, e alguns poucos anos depois receberam o primogênito Marcos. O casal, os pais de Marlene e seu irmão mais velho, Paulo, juntamente com grandes e inesquecíveis companheiros, representados pelas famílias Abujade, Melo e outras, prestavam atendimento aos carentes da creche Lar do Alvorecer e organizavam as reuniões mediúnicas, no início na casa da Tia Itália (que cedia a casa para as reuniões) e posteriormente na sede do grupo espírita.

Contudo, em razão de o marido ser um homem público, muito popular e respeitado, e por ele não ser simpatizante do regime militar que tomou o poder em 1964, os três tiveram de seguir para o exílio em Paris, na França, pois só assim Freitas não correria o risco de ser preso. Esse risco era única e exclusivamente por ser ele alguém que lutava para que o povo, por meio das eleições, escolhesse quem dirigiria o país, os estados e os municípios no Brasil.

Marlene Nobre com os filhos Marcos e Marcelo (no colo)

Durante o exílio, Marlene completou a residência médica no hospital de Paris e recebeu em seu ventre o seu segundo e último filho, Marcelo. No entanto, o casal não se conformava que um filho seu tivesse de nascer longe do Brasil por causa da ditadura militar. Por esse motivo, Marlene retornou ao Brasil utilizando apenas o nome de solteira, para não chamar a atenção dos militares, visto que estava sem o marido e pai, que ainda não podia retornar com segurança ao seu país. Algum tempo depois, receberam a notícia de que poderiam retornar ao país sem o risco de prisão. Assim, a família completa se reuniu novamente, o que permitiu a Marlene retomar suas atividades profissionais, doutrinárias e sociais.

Eu comecei a ter uma melhor noção do que eram as reuniões com orações, as leituras do Evangelho e as vozes do além nos encontros noturnos na casa da Tia Itália, antes da inauguração da sede do grupo espírita, cujo nome vem do grande e dedicado divulgador da Doutrina Espírita e amigo dos meus avós, Cairbar Schutel.

Foram incontáveis as idas aos locais de trabalho de minha mãe, onde Marcos e eu aguardávamos o final do atendimento dos pacientes no posto do então INAMPS, na Rua Martins Fontes no centro da capital de São Paulo. Acompanhávamos ela também nas várias idas semanais à creche na cidade de Diadema. E nesse vaivém, transportados pelo “galinho”, apelido que a minha mãe deu ao carro fusca, pelo barulho da buzina, aguardávamos que ela atendesse às mulheres necessitadas de cuidados médicos e de tudo mais que dizia respeito às responsabilidades da presidente que ela era. Ficávamos brincando com as outras crianças da creche e com elas almoçávamos.

Nesse mesmo período, assistimos à construção da famosa Rodovia dos Imigrantes, escorregando na lama da obra que se formava quando chovia, sentados em caixas de papelão e dando um enorme trabalho à nossa mãe por conta da sujeira. Tivemos também o privilégio de participar da construção do segundo e maior prédio no terreno da creche, ajudando a carregar os materiais de construção durante o mutirão dos voluntários.

Como se tudo isso já não fosse o suficiente, vivemos momentos inesquecíveis nas visitas mensais que fazíamos a Uberaba, para aplacar um pouco a enorme saudade que sempre sentimos de nosso querido Chico. Foi uma vida inteira assistindo às palestras de minha mãe no Grupo Espírita Cairbar Schutel, em outros grupos (Perseverança, Seara Bendita, Luz Divina, Grupo Espírita da Prece, Centro Espírita União, dentre outros), nas federações espíritas, nos congressos da AME, nos desenvolvimentos mediúnicos nas salas de desobsessão, nos incontáveis Evangelhos no Lar que fizemos em nossa casa todos os domingos às 20 horas, além das inúmeras conversas durante os percursos até o aeroporto, quando a levava ou buscava para que pudesse cumprir seus compromissos com a divulgação da Doutrina, no Brasil e no exterior. Foram momentos muito ricos, em que trocávamos impressões sobre o que se passava no grupo espírita, na creche, no jornal Folha Espírita, nas AMEs e também sobre os próximos passos, os planos do que estava por vir.

É inegável que o legado da minha mãe tocou e ainda toca por fios invisíveis do amor. São incontáveis as crianças da creche que tiveram as suas vidas mudadas por esse amor e cuidado; inúmeros pacientes que tiveram o amparo necessário com sua atenção e dedicação; milhares de irmãs e irmãos que, passando por momentos difíceis e necessitando de uma palavra amiga ou de um ouvido que não julgasse, encontraram nela o apoio e a compreensão; quantas médicas e médicos encontraram suas razões de viver com o trabalho das AMEs; quantas pessoas no mundo despertaram para a imortalidade da alma e para suas verdadeiras responsabilidades nesta existência por intermédio dos livros deixados por ela.

Durante sua vida e mesmo depois do retorno à pátria espiritual, foram milhares de testemunhos do bem que ela espalhou. Definitivamente, Marlene Nobre não passou por esta vida em vão. Mulher firme no comando das suas responsabilidades, não se desviava um milímetro dos compromissos a cumprir, ao mesmo tempo em que era generosa, afável e compreensiva quando se tratava de irmãs e irmãos necessitados de auxílio espiritual e material. Sempre, sempre, tinha uma palavra de amparo e estímulo.

E com o coração transbordando de saudade, relembro o lema que minha mãe utilizava com frequência para nos estimular a seguir em frente com ânimo e agradecimento a Jesus pela oportunidade terrena: confiemos, Jesus está no leme!

Após dez anos do seu retorno ao mundo espiritual, sua incrível semeadura é conhecida e reconhecida, e o melhor é que a colheita não é só dela, pois sua obra é coletiva, estando à disposição de todos aqueles que buscarem o conhecimento e o esclarecimento. Essa homenagem é uma forma de expressar minha enorme admiração e meu mais profundo e eterno agradecimento por tudo!

Marcelo Nobre é advogado e filho do casal Marlene e Freitas Nobre

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