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irA vaidade é mencionada em diversas passagens de O Evangelho segundo o Espiritismo no rol de tantos outros defeitos contrário às virtudes. Ao lado do orgulho e do egoísmo, é um dos traços da nossa personalidade a exigir a nossa atenção em combatê-la, se realmente temos o propósito de evoluir enquanto pessoa e Espírito eterno.
Já parou para pensar por que a vaidade é tão combatida pelos que se comprometem a promover a reforma íntima? Porque em nome da vaidade, buscamos chamar a atenção para nós, seja pela nossa estética, pela nossa posição social ou intelectual, seja pelos recursos financeiros que dispomos, enfim. A intenção é se destacar de alguma forma, sobrepujando-se às demais pessoas.
O personagem Bentinho, no livro Dom Casmurro de Machado de Assis, disse: “A vaidade é um princípio de corrupção”. A frase dá asas para diversas interpretações. Quando somos impulsionados pela vaidade em tudo o que fazemos, estamos nos corrompendo, pois, ao abafar nosso eu verdadeiro, que na essência foi criado simples, estamos boicotando nosso crescimento espiritual.
Por outro lado, em nome da vaidade, muitos se tornam corruptos por pagarem qualquer preço para se manterem em relevância ou pelo menos se sentirem lisonjeados e colocados num patamar superior aos demais mortais. Talvez este seja o lado mais triste da corrupção, associada à vaidade dos “poderosos” em face das injustiças que levam à miséria, à violência e ao desprezo. Em suma, à plena falta de amor. Países e instituições do mundo inteiro são assolados pela catástrofe da corrupção.
Você já pensou que a vaidade, assim como a moeda, tem dois lados? Sim. Muitas vezes, camuflamos nossa vaidade. Seria o “outro lado” da vaidade. Quer saber como? Vou contar um fato da vida real que recebi por e-mail de uma coach.
Conta ela que outro dia encontrou uma senhorinha que dizia, enfática, ter um enorme orgulho de suas rugas. Na mesma hora em que dizia isso, seu filho pedia para um amigo o contato do cirurgião plástico que operava pálpebras. Duas coisas chamaram-lhe a atenção: a discrepância dos amigos preocupados em cuidar das rugas e o orgulho que a idosa sentia de não se preocupar com as suas.
Achei interessante a ponderação da autora, ao observar que naquela simples cena, a verdade manifestava-se de diversas formas de vaidade e ali evidenciavam-se duas delas. No caso dos rapazes, vaidosos, queriam estar com a imagem em dia. No caso da idosa, vaidosa, se considera mais nobre que eles por não se preocupar com isso. Conclusão: podemos dizer que a grande maioria de nós é vaidosa, mesmo sem se declarar preocupada com a aparência, o reconhecimento e com as vantagens pessoais, embora preconize a simplicidade como estilo de vida.
Pesemos que vaidade no seu sentido amplo é o valor que se atribui a qualquer característica que possa ser aplaudida ou reconhecida. No caso da senhorinha, o desejo de ser admirada pelo desapego com relação à estética é uma vaidade tão real quanto o desejo dos moços que trocavam dicas da cirurgia de pálpebras.
Eu não tinha percebido tais facetas da vaidade. Se fizermos uma autoanálise, encontraremos a vaidade em nós, porque, de um modo ou de outro, acalentamos a ideia de sermos admirados ou reconhecidos. Eis uma oportunidade para nos analisarmos, sem nos colocarmos na condição de “pecadores” e “merecedores de punição”, mas para aproveitarmos a oportunidade de rever nossas crenças e de redescobrir a nossa essência de simplicidade de forma que sejamos mais bem resolvidos, sem nos deixar levar pelos excessos que a vaidade traz.