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Migrações e deportações, fronteiras que se fecham para a grande família humana

A humanidade sempre se deslocou em busca de melhores condições de vida, seja por necessidade econômica, conflitos ou desastres naturais. Nos últimos anos, no entanto, temos assistido a um recrudescimento das políticas de deportação e ao fortalecimento de barreiras físicas e legais contra imigrantes. O que deveria ser um movimento natural de acolhimento e solidariedade tem se transformado, em muitos lugares, em uma rejeição sistemática ao estrangeiro.

A migração é, muitas vezes, vista como uma opção para quem busca melhores condições de vida, mas para muitos é uma questão de sobrevivência. Pessoas que fogem de perseguições étnicas, religiosas ou políticas, ou de desastres naturais, não têm escolha a não ser deixar suas casas e buscar refúgio em outro lugar. É importante lembrar que a migração não é uma escolha fácil e que aqueles que migram, não raro, enfrentam dificuldades e preconceito. Virar as costas para essas pessoas é desumano e viola os princípios básicos de solidariedade e compaixão.

Do ponto de vista espírita, a migração não é apenas um fenômeno sociopolítico, mas também um reflexo da dinâmica reencarnatória. Em O livro dos Espíritos, Allan Kardec questiona os Espíritos Superiores sobre as diferenças entre os povos e a diversidade de condições humanas. Em resposta, aprendemos que as desigualdades sociais e geográficas são oportunidades de aprendizado e progresso. Cada Espírito reencarna em diferentes culturas e condições para expandir sua compreensão e vivência do amor e da fraternidade.

O Evangelho segundo o Espiritismo reforça essa visão ao nos lembrar do mandamento maior ensinado por Jesus: “Amai-vos uns aos outros”. O verdadeiro espírita compreende que não existem fronteiras intransponíveis entre os povos e que a Terra é uma só morada temporária para todos nós. Quando um país fecha suas portas para aqueles que buscam refúgio, ignora a lei divina da fraternidade universal.

O Espírito Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier, também nos ensina que a caridade é a base da verdadeira evolução espiritual. Em obras como O Consolador e Caminho, verdade e vida, Emmanuel alerta que o egoísmo e a indiferença diante da dor alheia atrasam o progresso coletivo. A migração, na maioria das vezes, é uma prova dolorosa para aqueles que deixam sua terra natal, assim como um teste para os que podem acolher e amparar.

Ao invés de muros, o Espiritismo nos convida a construir pontes. Em tempos de deportações em massa e crescente xenofobia, cabe a cada um de nós refletir sobre nossa responsabilidade perante a grande família humana. Se acreditamos na pluralidade das existências, sabemos que hoje estamos em um lado da história, mas amanhã poderemos estar do outro.

Exemplos históricos e atuais

A migração sempre esteve presente na história. Grandes personagens históricos foram migrantes ou refugiados. Moisés conduziu seu povo pelo deserto em busca da Terra Prometida; Allan Kardec viveu em diferentes contextos educacionais e culturais antes de consolidar a Doutrina Espírita; Chico Xavier, apesar de não ter sido um migrante no sentido físico, acolheu e auxiliou milhares de “exilados da vida”, aqueles que se sentiam deslocados emocional e espiritualmente.

Atualmente, vemos milhões de refugiados fugindo de guerras, crises econômicas e perseguições políticas. Muitos deles encontram no Espiritismo um refúgio moral e um alento para suas dores. Há relatos de migrantes que, ao frequentar centros espíritas, sentiram-se acolhidos e passaram a compreender melhor o propósito das provas que enfrentam.

Ação social espírita

Felizmente, muitos centros espíritas têm se mobilizado para ajudar migrantes e refugiados. No Brasil, diversas casas espíritas promovem campanhas de doação, assistência psicológica e cursos profissionalizantes para auxiliar na integração dessas pessoas. O grupo Fraternidade sem Fronteiras, por exemplo, desenvolve um trabalho humanitário na África e em regiões carentes do Brasil, demonstrando que a caridade não tem barreiras.

Fica aqui, por exemplo, um convite para que possamos nos engajar em projetos como Os Órfãos do Congo, com o qual a Fraternidade Sem Fronteiras resgata crianças órfãs vítimas da violência em que o país vive e que tiveram seus pais mortos. Muitos deles são encontrados em florestas em situação de extrema vulnerabilidade.

Que possamos, como sociedade, substituir o medo pelo amor e o isolamento pela solidariedade, compreendendo que os imigrantes não são ameaças, e sim irmãos que trazem consigo histórias, dores e esperanças. A verdadeira pátria do Espírito é o Universo, e somente o amor pode nos unir como filhos de Deus.

Referências

EMMANUEL (Espírito). Caminho, verdade e vida. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília, DF: FEB, 2018. (Coleção Fonte Viva, 1).

EMMANUEL (Espírito). O consolador. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 28. ed. Brasília, DF: FEB, 2019.

FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS. Home. 2025. Disponível em: https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/. Acesso em: 31 jan. 2025.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. Brasília, DF: FEB, 2019. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/WEB-O-Evangelho-segundo-o-Espiritismo-Guillon.pdf. Acesso em: 31 jan. 2025.

KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 93. ed. Brasília, DF: FEB, 2019. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/WEB-Livro-dos-Esp%C3%ADritos-Guillon-1.pdf. Acesso em: 31 jan. 2025.

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