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“Nossos filhos são Espíritos, e não corpos”, diz comunicador

Cláudia Santos e Conrado Santos

É assim que Adeilson Salles, 60, (foto), define a forma como devemos olhar para os nossos filhos. “Se nós temos a reencarnação como base da nossa crença, não podemos olhar para eles como corpos. Não podemos educá-los da mesma maneira. Eles têm necessidades diferentes”, analisa o autor espírita, palestrante, contador de histórias e comunicador da Rádio Boa Nova.

Nesse bate-papo, que pode ser conferido também em podcast, Salles, que tem 90 livros publicados para crianças, jovens e adultos, alguns paradidáticos, adotados em escolas públicas e particulares, fala também sobre novos formatos de família, a criação dos filhos e o papel do jovem na nossa sociedade.

Até pouco tempo, a família tinha um formato, que podemos chamar de convencional, e hoje, cada vez mais, tem novas configurações. Como você enxerga essas mudanças e, do ponto de vista espiritual, como as vê?

Costumo fazer palestras em escolas e, certa vez, caí na bobagem de olhar para um grupo de crianças e cometi a imprudência de perguntar quem tinha papai e mamãe em casa. Nem 50% responderam que tinham essa configuração familiar. Fiquei numa saia justa sem saber, em princípio, como resolveria a bobagem que havia feito. Eu não podia dizer para aquelas crianças que elas só podiam ser felizes tendo pai e mãe de acordo com a configuração instituída na sociedade e que muitos indivíduos têm como verdade. Foi quando me lembrei da história da Alice no país das maravilhas e criei, ali, a história Alice no país das famílias, na qual existia uma Alice que queria ser adotada e foi parar no país das famílias, onde encontrou todas as configurações familiares. Fui aplaudido, e a história acabou virando livro. A gente vive hoje uma nova realidade, com novas configurações familiares, e elas se estabelecem pelas referências emocionais genuínas, que não dependem de gênero. Aliás, essas questões de gênero foram previstas por Chico Xavier no programa Pinga Fogo, em 1971, quando o médium disse que no futuro as famílias e a sociedade, de uma maneira geral, deveriam se acostumar com esse quadro novo que surgiria, dos homoafetivos, que seriam em grande número. Então, vivemos essa realidade, e a Doutrina Espírita, que é libertadora, que traz para nós a informação de que o Espírito não tem sexo, mostra que todas as coisas que vivemos são experiências evolutivas. Cabe-nos entender e aceitar.

Em O livro dos Espíritos, na questão n. 695, Kardec pergunta aos Espíritos sobre a questão do casamento, se seria contrário à natureza. Os Espíritos respondem que é uma marcha para o progresso da humanidade. Quando pensamos nas questões da família, vemos que estamos caminhando para uma questão mais plural de como se formam esses relacionamentos e a necessidade da instituição da família. Caminhamos para um processo no qual a base deverá ser o amor?

É evidente que a família, enquanto núcleo, seja qual for a configuração que tenha, sendo baseada no amor, é o porto seguro, no qual você sai para a vida, mas volta para atracar o seu barco. É o amor que irá nortear as configurações familiares. Fica muito claro que o casamento é um avanço, garantindo direitos, trazendo também veladamente os deveres que um tem para com o outro, independentemente da configuração familiar ou de gênero.

A pandemia faz com que aflore o que há de melhor nas pessoas e cura o que há de mais doloroso nos relacionamentos no que se refere ao egoísmo. O que ela traz em relação ao resgate da família?

Vivíamos em um ritmo pautado na ansiedade. É como se estivéssemos em um transporte coletivo na hora do rush, alguém puxou o freio de mão, fomos todos para o chão e convidados a se sentar novamente para prosseguir na viagem, cada um absorvendo uma experiência e necessidade de mudança. Há gente em sono letárgico ainda, mas a pandemia é uma ação planetária com consequências individuais. Então, cada um vai absorvê-la de uma forma. O que vemos são pais que se deparam com filhos com os quais nunca falaram. Não havia tempo para se relacionar, só se interagia de forma automática. Vivemos um tempo no qual os filhos são órfãos emocionais. Agora existe uma nova dinâmica de convivência, de ocupar os mesmos espaços. Todos nós, em algum momento nessa pandemia, fomos convidados a conhecer esses personagens, que são filhos, esposas, maridos. Tivemos de passar a conviver. A literatura espírita nos diz que é no atrito do relacionamento que crescemos, evoluímos e aprendemos. Cada um tem a sua história, e continuaremos a ser desafiados. É um momento singular na história, um chamamento.

Como você enxerga a humanidade no pós-pandemia?

A mensagem vem do céu, mas muita gente não se dá conta. A pandemia é uma prova planetária, porém muitos só olham para o seu universo pessoal. Eu não vejo um grande progresso.

Existe uma certa demora por parte dos jovens em optar por formar uma família, visto que eles saem de casa mais tarde. Existe uma ponte a ser atravessada. Como você acha que as gerações podem despertar por uma relação mais pautada no amor, no semelhante?

Entendo que a ponte está dentro das famílias. É uma sociedade de Espíritos analfabetos, no qual todos estão se alfabetizando. O Evangelho é a nossa cartilha, mas a dor cumpre um papel educativo. Essas grandes transformações estão permeando a cédula da sociedade, que é a família. A reencarnação permite você olhar para todos os personagens do núcleo familiar e ter um olhar além do que estávamos acostumados, como, por exemplo, que o pai tem todas as respostas. Hoje eu não posso mais enxergar as coisas como antes se eu sou espírita. A reencarnação é essa ponte.

“Se nós temos a reencarnação como base da nossa crença, eu não posso olhar para os meus filhos como corpos. Não posso educá-los da mesma maneira. Eles têm necessidades diferentes.”

O Movimento Espírita está preparado, se adaptando, com condições de acolhimento aos novos formatos de família?

Percebo no meio espírita muito progresso nesse sentido, mas há ainda muita gente com uma ideia muito limitada. Entendemos que a nossa bandeira deva ser a do Espiritismo, que é a do Cristianismo. Então vamos amar as pessoas, da forma como Jesus prega. A nova geração chega de uma forma diferente, mas eu me deparo com frequência com muitos jovens com ideação suicida porque não são aceitos pelos pais, que também precisam de ajuda. Temos de construir pontes para unir esses corações.

Se você estivesse agora na frente de pais, o que você diria para eles começarem a construir essa ponte?

Não existe uma receita, mas a experiência que tenho vivido mostra que é preciso estabelecer uma relação em que os filhos se sintam confortáveis em mostrar quem são. Você não precisa abrir mão da sua autoridade como pai, mas tem de tomar cuidado para não erguer barreiras invisíveis. Tudo o que você faz ou fala reverbera. É importante prestar atenção no que seu filho faz, se ele se isola. Observe e descubra muitas coisas. Isso trará uma outra condição para a sua casa e a vida de vocês. A educação é uma via de duas mãos. Se você acha que só você tem de ensinar a tua base e partida, está equivocada.

Em relação ao jovem, de acordo com a Doutrina Espírita, você acha que ele está mais aberto à espiritualidade? Como fazer para que busque mais esse convívio? A Doutrina Espírita está abarcando essa demanda?

Os jovens não ficam na casa espírita quando ela é muito chata. A realidade da tecnologia é algo que não volta mais. Então, devemos permitir que os jovens sejam protagonistas, que criem grupos usando redes sociais. Temos de mostrar que caridade não é só sopa. A gente pode trazer uma demanda inovadora, com música, arte, na qual eles sejam protagonistas. Existem inúmeras iniciativas. O jovem pode criar um aplicativo para caridade ou fomentar situações nas quais a potencialidade deles possa ser usada. Vamos orientá-lo, dar suporte com a nossa experiência. Eles também sentem necessidade de Deus. Eles sentem como nós e precisamos estar atentos para ir ao encontro de seus corações. Escrevi livros em versões para jovens, alguns em mangá. Esse é um caminho. São linguagens acessíveis que interessam aos jovens. A linguagem é o segredo.

O jovem tem muita dificuldade de entender as obras espíritas como um todo?

Tem porque a linguagem é inacessível. Num país que pouco lê como o nosso… Versões adaptadas são mais palatáveis.

Os jovem leem? Existe um movimento que possa ser estimulado para nos comunicarmos com eles?

Leem sim, a questão é a linguagem. Tenho procurado me pautar a essas adaptações. Tenho visto um movimento nesse sentido. Percebo interesse deles. Recebo mensagens em redes sociais de adaptações para peças de teatro etc. Se você for assertivo na linguagem, você os conquista.

Você tem projetos futuros para publicar suas obras em formato transmídia?

Sim. Isso é uma receita. Ainda tem muito trabalho pela frente. Gosto muito desses desafios e de trabalhar nesse universo, falar ao coração do jovem e com os educadores.

O que você diria para um jovem em 2020 sobre o hoje e o amanhã? Diria que ele é o maior investimento de Deus na Terra. E que se ele tiver coragem, se esforçar, certamente será um grande colaborador da transformação que o mundo está pedindo.

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