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irCláudia Santos
Há muitas perguntas que todos se fazem com frequência sobre a morte. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, com muitos desencarnes e pouco tempo para despedidas, fomos buscar respostas com alguns nomes do Movimento Espírita.
Porque a ideia que se tem da morte pela maioria das religiões é a de que a alma será julgada e levada ao céu ou ao inferno. Como todos cometem erros durante a vida, a morte é temida pelas posteriores consequências, pois o desconhecido sempre causa medo. O Espiritismo vem libertar desse medo porque ensina que a vida continua no mundo espiritual, que os entes queridos que desencarnaram poderão ser reencontrados, e a morte do corpo físico é apenas a libertação da alma que retorna à verdadeira pátria espiritual, onde continuará o seu aperfeiçoamento intelectual e moral. Além disso, o Espiritismo mostra que a lei de Deus é de bondade e misericórdia, e os que erraram terão novas oportunidades de refazer caminhos por meio das reencarnações.
Segundo Elizabeth Kübler-Ross (Sobre a morte e o morrer, 2008), se permitíssemos que as crianças participassem dos processos de doença e morte, elas veriam com mais naturalidade a partida dos entes queridos. Falar sobre a morte, sobre a finitude, deveria ser tão natural quanto falar do nascimento. “Muito ajudaria se as pessoas conversassem sobre a morte e o morrer, como parte intrínseca da vida, do mesmo modo como não temem falar quando alguém espera um bebê.” Por volta dos 7 anos, a criança percebe com mais clareza a possibilidade da morte dos pais, e o medo de perdê-los torna-se uma realidade, surgindo então os questionamentos sobre a morte e para onde vão as pessoas que morrem. A vida tem seus ciclos, nascer e morrer são apenas etapas. Assim como as plantas, que nascem, florescem e morrem, os seres humanos têm sua passagem pela Terra, e todos se reencontrarão na verdadeira morada, que é o mundo espiritual. Falar abertamente sobre a desencarnação, sem inventar desculpas, como “Deus levou”, “virou anjo”, e permitir que a criança expresse seus sentimentos é a melhor solução, pois, não raro, ela cultiva sentimentos ambíguos de saudade e culpa pela morte do ente querido. Trazer a certeza de que ninguém morre e que o amor mantém unidos os corações e permite reencontros por meio do sono, de mensagens e do pensamento. Olhar para a finitude da vida permite-nos olhar com mais clareza para os pequenos detalhes do percurso, para a importância das nossas relações e das nossas escolhas. Falar sobre a morte com as crianças nos conecta com o presente e com o significado do existir e as prepara para uma vida mais bem vivida.
Abordar assuntos relacionados ao contexto de fim de vida, como em situações em que o médico tem o dever de informar sobre a condição de saúde, o diagnóstico e muitas das vezes a expectativa de tempo de vida estimado de alguém, não é algo fácil, mas é possível e aconselhável. Pacientes e familiares têm o direito de serem bem-informados, independentemente da idade. A comunicação que se estabelece entre duas pessoas, por exemplo, ocorre 60% de maneira não verbal e 40% verbal. A postura, o local apropriado (calmo, onde todos estão sentados), a capacidade de ouvir, o olhar e os gestos são muito importantes. Conhecer a história de vida do paciente, suas crenças e seus valores, a forma como reage a situações de crise, a disponibilidade para conversar sobre determinados assuntos ou não, o acolhimento e o trabalho multiprofissionais podem melhorar o impacto de assuntos delicados e as más notícias. As pessoas (pacientes e familiares), em sua maioria, que se apresentam com uma condição de saúde grave, avançada e irreversível, ao final da vida, desejam que os médicos sejam honestos, compassivos e que não as abandonem, proporcionando-lhes cuidado impecável dos problemas físicos, emocionais, sociais e espirituais que surgem nessa fase última da vida física.
Apego a algo, alguém ou alguma circunstância não nos faz bem. Falamos desse apego no sentido da dedicação mental e emocional constante e excessiva que muitas das vezes acaba por dar origem a um estado de fixação mental irremovível, gerando um circuito paralisante que impede o fluxo natural da vida, podendo provocar adoecimentos psíquicos importantes. É natural não nos desfazermos de pronto dos itens que pertenceram àqueles que nos são tão caros aos corações. Não é saudável, muitas das vezes, tanto para a família que fica quanto para o Espírito que parte, fazer esse movimento tão prontamente sem respeitar o tempo natural do luto. No entanto, se esse movimento primeiro não abre espaço para o entendimento, para a aceitação e para o desapego e cria-se a ilusão de que os itens pessoais representam o próprio familiar, isso pode não só gerar ainda mais dor e sofrimento para quem fica, mas também para quem partiu, o qual se angustia ao sentir e perceber a dor daqueles a quem ama. É como diz o provérbio: “Águas paradas, cautela com elas”.
O luto é uma resposta natural à perda, deve ser respeitado, vivenciado, pode continuar por um ou dois anos e, mesmo assim, não deve ser, a priori, confundido com depressão. O luto saudável envolve o ponto de equilíbrio entre o atravessar a tristeza sem cultivá-la ou mesmo incentivá-la, enquanto o luto patológico envolve o cultivo inconsciente do sofrimento, como se este fosse o último elo de conexão ao ente amado. Deixar de sofrer a perda, para muitas pessoas que vivem o luto patológico, dispara inconscientemente a culpa como se houvesse um suposto “abandono” da pessoa amada que partiu. A morte inesperada figura entre os principais eventos potencialmente traumáticos tanto para quem desencarna quanto para os entes queridos e familiares que vivenciam a perda da pessoa amada.
Como podemos medir ou mensurar o que é o sentimento de alguém pela perda com a ausência física do outro ser amado? Seríamos muito pretensiosos e calculistas ao tentarmos fazer isso. Cada um de nós já passou, está passando ou vai passar pelo momento de uma despedida tão simbólica e cheia de ritualismos, por vezes muito desgastantes, afinal temos as perdas súbitas que nos fazem perder o chão ou as perdas previsíveis, em que o tempo, o inexorável da vida, não poupa ninguém. Mas para se tornar ou tentar ser um ombro amigo, com ouvidos de ouvir, com braços quentes e corações abertos não nos é solicitado ser um herói perfeito irretocável, que supera tudo rapidamente o tempo todo como se nada tivesse acontecido. Basta ser humano, chorar junto, propagar o amor vivenciado por quem partiu e por quem ficou, sem classificar ou julgar defeitos e qualidades de nenhuma parte envolvida. Ao meio espírita que estuda a imortalidade da alma e a impermanência das pessoas na logística da reencarnação, torna-se necessário dizer que precisamos vivenciar sem sacrifícios de rápida superação a passagem de um amor que se foi, mas que ficará armazenado na lembrança da saudade e da memória. Torna-se então proibido proibir uma lágrima sincera e exigir um sorriso forçado quando não são verdadeiros no seu tempo certo da colheita. Basta optarmos pelo mais simples, que é a escolha da solidariedade e de um refazimento colaborativo presente para uma nova etapa desse cenário que se transforma continuadamente, que costumamos chamar de vida.
Não é adequado pedirmos insistentemente notícias diretas de nossos familiares recentemente desencarnados. Lembramo-nos de que Chico Xavier frequentemente respondia a quem o indagava a respeito: “O telefone toca de lá para cá!” Sabemos o quanto dói a dor da separação dos entes queridos que sofrem a desencarnação no seio da família, mas devemos nos render à Vontade Soberana de Deus, Nosso Pai, que sabe o melhor caminho e as melhores ocorrências para o nosso próprio desenvolvimento espiritual nesta encarnação. Aceitemos a prova que surja neste particular em nossa existência terrestre, conformando-nos com paciência e resignação, e, na hora certa, se Deus assim o permitir, haveremos de ter notícias dos nossos entes amados no além-túmulo. Toda separação é transitória e passageira, e um dia, no futuro que aprouver à Misericórdia Divina decidir, haveremos de reencontrar nossos grandes afetos no Mais Além.
Muito se fala em qualidade de vida, mas também devemos falar em qualidade de morte, entendendo esta como parte da vida. Uma morte digna é aquela na qual a pessoa é respeitada em sua autonomia e acolhida em toda sua integralidade física, mental, social e espiritual, até o último suspiro de seu corpo físico. Uma boa assistência de saúde, por meio dos cuidados paliativos, que enxergam o ser humano além da matéria, é essencial para se atingir esse ideal, pois pode proporcionar: controle adequado de sintomas (dentre os quais a dor e a falta de ar são os mais temidos), acolhimento familiar, resolução de questões sociais, acolhimento e suporte emocional e espiritual.
A ideia do fim nos angustia como seres humanos, ao passo que a convicção sobre a transitoriedade da despedida consola e alimenta a alma. Para uma boa morte se faz necessário entender melhor a vida. Somos Espíritos em experiências carnais. Não estamos vivenciando, pela primeira vez, a experiência da partida de alguém querido ou mesmo a nossa. Já vivemos inúmeros desencarnes, muitos momentos de passagens de uma vida para outra, já vivenciamos muita saudade e já tivemos muitos reencontros. Precisamos conhecer e reconhecer nossa história como Espíritos imortais. Um caminho para uma “boa morte” é a apropriação desse conhecimento através de livros e estudos que apresente ao pensamento a ideia transcendente. Procurem ler, assim sua mente ficará mais ativa e mais desperta. Peça sugestões de livros que tragam o entendimento sobre desenlace na obra da codificação e outros complementares. “Alfabetize-se espiritualmente”, a leitura renovará seus propósitos e poderá mudar suas práticas. Para ajudá-lo neste caminho, eis aqui três preciosas indicações de leitura para esse início de “alfabetizar-se espiritualmente”: O livro dos Espíritos, de Allan Kardec; Reencarnação: processo educativo, de Adenauer Novaes; e Quem tem medo da morte?, de Richard Simonetti.
É cuidando adequadamente dos problemas físicos que a pessoa pode apresentar dor, falta de ar, náusea. É difícil você cuidar da ansiedade, da tristeza ou da angústia espiritual de alguém se os sintomas físicos não estão bem controlados. Segundo, é preciso protagonizar aquele que se encontra ao final da vida, ou seja, o mais importante não é o que eu acho melhor, onde eu acho mais adequado aquela pessoa passar seus últimos dias de vida ou com quem ela deve permanecer acompanhada, mas, sim, o que ela deseja ou espera que seja possível. O profissional de saúde tem que ser apenas o facilitador, o articulador, para garantir que o cuidado seja longitudinal, permanente e que a pessoa e seus familiares tenham o suporte adequado em todos os momentos e locais em que ela se encontre. Terceiro: garantir o acesso para recebimento de cuidados paliativos (uma forma de assistência ou abordagem que visa melhorar a qualidade vida de pessoas – pacientes e familiares – desde o diagnóstico de uma doença crônica e progressiva, na maioria das vezes incurável, até o contexto de final de vida). Isso é indispensável, trata-se de um direito e já temos legislação no Brasil para isso.
Do ponto de vista espiritual, a tradição de nossa sociedade de respeitar um período de vigília entre o óbito propriamente considerado e o enterro é totalmente justificada. É interessante que se comece a pensar no velório como uma sala de tratamento intensivo, onde delicadas operações se estão processando, e auxiliar o Espírito desencarnado com respeitoso silêncio. Ambiente calmo, que convide à oração sincera em favor do desencarnante e de sua família. Sala simples onde só as flores da sinceridade se encontrem. Conversas em voz baixa, de assuntos edificantes. Esforçar-se para não lembrar episódios infelizes envolvendo o desencarnante, compreendendo que todo pensamento tem elevada repercussão espiritual. Evitar recordações das suas más ações, que o prejudicam agora, infelicitando-o. Basta-lhe a própria consciência a lhe dizer dos erros cometidos. Imagens, conversas, palestras incidem sobre a mente do desencarnado, pois o Espírito é imortal, e as preces e as vibrações ambientes podem gerar, quando realmente elevadas, barreiras magnéticas que impeçam a presença de Espíritos sofredores e/ou vampirizadores que possam vir a prejudicar o desenlace de nosso irmão.
O hábito de acender velas ao lado de fotos, lembranças ou mesmo em altares é algo muito presente na cultura brasileira e, em especial, em alguma correntes religiosas. A Doutrina Espírita não condena esse hábito, mas também não o incentiva, nos esclarecendo que a intenção e o pensamento são os verdadeiros recursos, uma fonte infinita, que podemos utilizar para enviar aos nossos entes queridos desencarnados. Acender ou não uma vela é uma escolha individual, no entanto não podemos perder de vista que não será a vela, com sua chama externa, a responsável pela iluminação dos Espíritos que já partiram, mas a chama interna do nosso coração aquecida de amor, carinho e boas energias.