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Quando a espiritualidade do médico faz a diferença no paciente

Caso você seja da área da saúde, possivelmente já ouviu falar sobre pesquisas que abordem a importância da espiritualidade do paciente. Após algumas vivências recentes no exercício da minha profissão, como médica, tive um pequeno insight sobre o tema e me questionei quanto à espiritualidade do próprio profissional. Permita-me, então, compartilhar o relato de um atendimento que realizei há algumas semanas. 

Felipe (nome fictício) retornou ao centro de saúde para a terceira consulta desde o início do tratamento. Há cerca de dois meses, iniciei o acompanhamento médico com Felipe, que descrevia um quadro de tristeza, desânimo e isolamento social que se arrastava há cerca de um ano. Por não suportar mais, percebeu que precisava de ajuda. 

Sim, muitos de nós podemos precisar de ajuda. Ter a humildade de assumir esse momento de vulnerabilidade é também um ato de coragem. Coragem de ser imperfeito. Assim, logo na primeira consulta, após escutar com atenção vários elementos da história de Felipe e dos acontecimentos recentes em sua trajetória, indiquei o uso de medicações antidepressivas. 

Durante a terceira consulta, ao escutar o que ele dizia, notei em sua fala como ele relacionava aqueles momentos de fragilidade, de choro fácil, com fraqueza. Essa fraqueza representava o oposto do que seria um homem forte. Nesse momento, pude perceber como aquele caso era complexo. Felipe estava com os olhos repletos de lágrimas, com postura curvada, aparentemente inconsolável. Por alguns instantes, me senti limitada, com dificuldade de escolher adequadamente as próximas palavras de forma assertiva. Foi quando me lembrei da minha própria espiritualidade. Sou espírita, porém isso não tem relação com nenhuma religião específica. Pelo contrário, acredito que a vivência da espiritualidade transcende a escolha religiosa em si, expressando um potencial divino existente em cada um de nós.

Enquanto o escutava, iniciei em silêncio, em minha mente, uma oração. Roguei com toda sinceridade de meu coração por uma intuição que me guiasse nos próximos passos da melhor forma possível. Por mais confuso que tudo estivesse, eu realmente tinha um desejo genuíno de ajudá-lo. Foi quando, subitamente, um pensamento surgiu:“Se ele relaciona choro com fraqueza, como se fosse uma ameaça à sua masculinidade, como seria sua relação com seu pai?” Assim, perguntei sobre o pai dele, mas não poderia imaginar o que viria a partir disso.

Ele começou a contar que seu pai havia falecido há alguns anos. Disse que o admirava grandemente, ele era “o cara”, um homem forte. Procurei identificar os elementos existentes em seu pai que o faziam relacionar com ser forte

Todos nós passamos por momentos difíceis em nossa trajetória que nos fazem recuar. E está tudo bem. Talvez a forçanão esteja em enfrentar essas dificuldades como se nada nos abalasse, mas, sim, em suportar, em persistir, em continuar seguindo. Seja com dor, choro, sofrimento ou até mesmo procurando por ajuda. 

Ao perceber que ele escutava atentamente minhas palavras, tudo o que eu dizia começou a fluir pelos meus lábios, de uma forma que eu mesma não entendia de onde vinha. Logo, o seguinte diálogo aconteceu:

– Felipe, você acredita que seu pai possa te ouvir agora, ou estar com você de algum lugar?

– Sim, não sei bem como, mas eu sinto que ele está comigo em muitos momentos.

– Pois então, eu também sinto que seria possível, inclusive, arrisco-me a dizer que, se ele estivesse aqui vendo tudo o que você tem enfrentado, ele estaria muito orgulhoso de você. Ele lhe diria: “Filho, estou orgulhoso, você está sendo muito forte”.

Felipe direcionou um olhar significativo para mim e apenas conseguiu dizer:

– Muito obrigado.

A consulta já estava se delongando, então caminhamos para “os finalmentes”, com mais alguns ajustes nas medicações e um novo retorno agendado. Eu espero de coração poder encontrar um Felipe melhor na próxima consulta, mas essas serão cenas dos próximos capítulos.

Luana Reis é médica formada pela UFMG e trabalha como médica da Estratégia da Saúde da Família na UBS na região Metropolitana de BH. Compõe a Coordenação do Departamento Acadêmico da AME-Brasil e do DA-AMEMG.

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