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irO equilíbrio mental de grande parcela da população, durante a pandemia, foi nocauteado por uma série de fatores: incertezas quanto ao futuro, receio por nossa saúde e pela daqueles que amamos, desafios para se adequar a grandes mudanças na rotina diária, pressão de todos os lados. Isso sem pensarmos na dor daqueles que acabaram por perder parentes próximos e amigos, de maneira repentina, para a Covid-19. Estão sendo tempos duros, que trouxeram privações pessoais, profissionais, financeiras e, claro, sociais.
Um dos caminhos mais divulgados e comentados, nestes tempos, para acalmar e reequilibrar o coração de todos aqueles que sofrem é a prática da meditação. Nos mais variados ambientes, dentro e fora dos meios religiosos, ela surge como possibilidade para encontrarmos quietude interior e recobrarmos as nossas forças.
Embora seja clara para muitos de nós a profunda relação entre meditação e espiritualidade, pois a sua prática fortalece a nossa conexão com Deus e, por consequência, amplia a nossa fé e a paz interior, ela vem sendo procurada por pessoas agnósticas. Têm sido amplamente difundidos os benefícios dessas práticas nas mídias atuais, tanto que cada vez mais encontramos opções de aplicativos, cursos on-line e vídeos na Internet ensinando posturas e técnicas para se meditar em casa, com o intuito de auxiliar adultos e até mesmo crianças no aprendizado desse verdadeiro treino mental, a fim de vencer ansiedade, depressão e tantas outras dores, bem como conseguir gerar maior serenidade perante os problemas da vida.
Paulo Rogério Dalla Colletta de Aguiar (foto), presidente da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul, médico psiquiatra e acupunturista, que possui ampla experiência no tratamento de doenças emocionais em seu consultório, como transtornos de humor e de ansiedade, lançou, em 2020, o livro Meditação: conexões médico-espíritas, pela AME-Brasil Editora. A Folha Espírita conversou com ele sobre o papel da meditação em tempos de pandemia.
Folha Espírita – No livro Meditação: conexões médico-espíritas, o senhor nos conta que a ideia de escrevê-lo surgiu num momento de inspiração, durante a sua prática pessoal de meditação. É interessante notarmos que, quando o livro foi publicado, em junho de 2020, o mundo já agonizava com o coronavírus. Como sabemos, a meditação é uma ferramenta que pode auxiliar o ser humano a atravessar momentos desafiadores com mais força e serenidade. Tudo isso nos leva a crer que a inspiração pode ter sido realmente providencial, já antevendo a importância da obra para aqueles que a lessem. O que o senhor pensa disso?
Paulo Rogério Dalla Colletta de Aguiar – Quando uma ideia está suficientemente madura e as coletividades prontas para recebê-la, começam a surgir iniciativas em diferentes lugares que apontam para o mesmo caminho. E com a meditação tem sido assim no Ocidente nas últimas décadas. Com o avanço do mindfulness no ambiente acadêmico e o seu fortalecimento com o respaldo das pesquisas, esse fenômeno parece ter sofrido um grande impulso. O próprio estilo de vida que temos hoje, muito mais acelerado do que tínhamos há pouco tempo, com a incorporação maciça da tecnologia em nossa rotina, também me parece conduzir as pessoas a perceber a necessidade de algo que as reconecte com o simples, com o silêncio e com nosso “mundo interno”. Olhamos demais para fora, e uma hora a alma exige esse olhar interior.
FE – No prefácio do seu livro, o dr. Gilson Luís Roberto, presidente da AME-Brasil, ao abordar a prática da meditação no meio espírita, cita Léon Denis: “A meditação e a contemplação provocam o despertar das faculdades psíquicas e, por elas, todo um mundo invisível se abre à nossa percepção”. Ainda que esse despertar seja um processo lento e que caiba a cada um, no seu íntimo, percorrer, o que podemos antecipar para aqueles que desejam iniciar a prática meditativa em busca dessa melhoria de si mesmos?
Aguiar – Aqueles que se dedicam à prática da meditação ganham uma grande oportunidade de se dar conta dos seus padrões mentais. Desenvolve-se o que chamamos “metacognição”, que é esse estado de observar a si mesmo, sem confundir-se com os próprios pensamentos. Nossas mentes são “feitas para pensar” e fazem isso o tempo todo, num ciclo interminável de temáticas, assuntos, opiniões, emoções etc. Na meditação, percebemos que “eu não sou o que penso” (conteúdo) eu sou “aquele que pensa”, ou seja, eu crio um espaço para observar a mim mesmo e perceber que os pensamentos vêm e vão, como nuvens. Assim, vamos ganhando capacidade de sair do piloto automático e vamos adquirindo mais autonomia no pensar, no sentir e no agir. Deixamos de simplesmente reagir às coisas que nos acontecem e, gradativamente, conquistamos a condição de agir, com mais equilíbrio e autocontrole.
Folha Espírita – Por que encontramos pouca aderência às práticas meditativas no meio espírita? Na sua opinião, existe ainda o consenso de que se trata de algo pertencente às religiões orientais? E como esclarecer essa questão, para que todos possam usufruir dos benefícios da meditação?
Aguiar – Acredito que a meditação seja uma prática individual de higiene mental. Como comentamos no livro, não temos a pretensão de propor nenhuma prática formal ou institucional no meio espírita. Em termos culturais, apenas recentemente passamos a ouvir falar da meditação desvinculada de denominações religiosas e sendo respaldada por profissionais da saúde. Há bem pouco tempo, era algo que naturalmente remetia à ideia de monges, em vida contemplativa. Então, esses processos de mudança de cultura vão ocorrendo naturalmente e leva algum tempo até que se torne algo mais bem compreendido e aceito. As mudanças vão ocorrendo, justamente, com o trabalho de milhares de precursores que, cada um dentro do seu raio de influência, vão formando uma massa crítica, até que a novidade esteja plenamente ambientada.
Folha Espírita – A prática meditativa pode ajudar médiuns a ampliarem a sua conexão com o mundo espiritual e a desenvolverem a sua habilidade de concentração?
Aguiar – Sem dúvidas. No livro Missionários da Luz, de André Luiz, temos que o intercâmbio do pensamento é movimento livre no Universo, desencarnados e encarnados vivem na mais ampla permuta de ideias, e isso se dá em todos os ambientes, não apenas na casa espírita. Vemos também nessa obra que a mediunidade se eleva mediante esforço e persistência, sobretudo com valores morais. Acostumar-se a perceber e reconhecer aspectos mais sutis da nossa mente, adquirindo o hábito do silêncio interior e destreza em manter o foco de nossa atenção conforme o que desejamos, é recurso valioso no desenvolvimento das faculdades psíquicas. É importante frisar, porém, que esse não é o objetivo da meditação (obter comunicações mediúnicas), assim como o desenvolvimento mediúnico em ambiente próprio (as casas espíritas) não pode ser substituído.
Folha Espírita – No momento atual, com quase um ano de centros espíritas fechados ou abertos parcialmente, poderíamos pensar na meditação como um caminho para que médiuns, passistas e frequentadores, em geral, pudessem recobrar o seu equilíbrio mental e espiritual?
Aguiar – Penso que ela pode ser um componente dessa busca de equilíbrio. A prática regular da oração continua sendo nossa maior fonte de recursos espirituais e de conexão com a espiritualidade superior, e a meditação pode ser uma ferramenta importante. As pesquisas apontam que as pessoas que meditam regularmente desenvolvem maior “autorregulação emocional”, ou seja, mais controle das emoções diante de situações do dia a dia. Ela pode estar associada a menos ansiedade e a menores taxas de depressão. Sabemos que o que nos atinge não são as coisas em si, e sim o modo como as interpretamos. Então tudo passa pelo nosso crivo, pela mente que interpreta os fatos que ocorrem. Que dizer dos cristãos primitivos que iam cantando, intimoratos, entregando-se em martírio? Quando desenvolvemos nossa mente para viver com mais consciência do que pensamos e sentimos, vamos descobrindo que, no fundo, estamos fazendo escolhas, selecionando versões da vida e dos acontecimentos. E todos temos muitos vieses de interpretação.
Fontes
Meditação: conexões médico-espíritas
Missionários da Luz, de André Luiz