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A geração global de lixo eletrônico

O mundo está vivenciando uma significativa eletronificação, com o surgimento de tecnologias e equipamentos que impactam profundamente a forma como vivemos, trabalhamos, aprendemos e nos relacionamos com os outros seres humanos e com a natureza. A Norma n. 16.156, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), define que se o equipamento precisa de energia para funcionar, seja ela elétrica ou ele recebe essa energia por bateria ou pilha, ele é considerado um equipamento eletroeletrônico. Nessa definição estão incluídos, por exemplo, eletrodomésticos, equipamentos de informática e telecomunicações, de iluminação, ferramentas, brinquedos e de esporte e lazer, equipamentos eletromédicos, instrumentos de monitoração e controle, dispensadores automáticos e outros.

O volume de produção, consumo e uso dos produtos eletroeletrônicos tiveram um enorme aumento durante as últimas décadas. Ao mesmo tempo, o que foi descartado desses produtos, por estarem quebrados, danificados ou sem utilidade por algum motivo, acompanhou esse crescimento. Esse descarte é conhecido como resíduo de equipamentos eletroeletrônicos, e-lixo ou lixo eletrônico.

De acordo com a quarta edição do Relatório monitor global de lixo eletrônico 2024, divulgado em 21 de março, a geração mundial de resíduos eletrônicos aumentou de 34 milhões de toneladas em 2010 para 62 milhões em 2022. Somente 22,3% (13,8 milhões de toneladas) dessa quantidade foi coletada apropriadamente e reciclada. O restante foi descartado em aterros ilegais ou reciclado por trabalhadores informais, em nível nacional ou internacional. Esse relatório é fruto de uma parceria entre o Programa SCYCLE, do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR),aUnião Internacional de Telecomunicações da ONU (ITU) e a Fundação Carmignac. No Brasil, o cenário é preocupante, pois o país gera, anualmente, 2,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico, ocupando o 5° lugar no ranking de maior produtor desses resíduos no mundo. Estima-se que, atualmente, apenas cerca de 3% desse material descartado no Brasil seja reciclado de forma oficial e passível de rastreamento.

A composição do lixo eletrônico varia dependendo do tipo de equipamento descartado, mas consiste, principalmente, de metais e plásticos. A quantidade de metais estimada no e-lixo global é de 31 milhões de toneladas – metais como ferro, alumínio, cobre, níquel, zinco, ouro, prata, platino, cádmio, cobalto e outros. A extração desses metais da crosta terrestre precisa de muita energia, água e trabalho de pessoas. As minas de vários desses metais encontram-se em países ou regiões pobres, onde as atividades de mineração estão associadas a situações de violência, de falta de respeito aos direitos humanos dos trabalhadores e à geração de enormes quantidades de resíduos, causando a degradação e poluição dessas áreas.

Por que geramos tanto e-lixo? Por que precisamos comprar tantos equipamentos eletroeletrônicos? Por que precisamos mudá-los com tanta frequência? O que nos motiva? Deveríamos nos lembrar dos ensinamentos que Allan Kardec apresentou no capítulo 17 de O Evangelho segundo o Espiritismo, quando descreve as diversas características do homem de bem. Uma delas se refere a que o homem de bem usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, pois sabe que é um depósito de que terá de prestar contas nesta ou em futuras existências, e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar a esses bens é o de aplicá-los à satisfação de suas paixões. Como estamos utilizando esses bens que a Terra nos oferece? Estão atendendo realmente às nossas necessidades básicas? Ou estão atendendo aos nossos desejos e às nossas vaidades? Ou estão tentando preencher o nosso vazio existencial, as nossas carências afetivas e emocionais?

Existem problemas no outro extremo da cadeia produtiva dos eletroeletrônicos quando o lixo eletrônico não tem o tratamento adequado, pois resulta em sérias consequências para a saúde das pessoas e para a saúde dos ecossistemas. São liberadas no ambiente misturas perigosas de substâncias tóxicas presentes no lixo eletrônico na forma de partículas em suspensão (PM2,5) emitidas pelas atividades de desmantelamento, especialmente o aquecimento e a queima a céu aberto, bem como a lixiviação de subprodutos nocivos para o solo e para os aquíferos locais.

Em conjunto com os metais pesados, outros subprodutos perigosos podem incluir dioxinas, furanos, retardadores de chama como bifenilos policlorados (PCB), éteres difenílicos polibromados (PBDE) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP). Todos esses compostos são substâncias químicas tóxicas comprovadamente nocivas, sobretudo para as crianças. O relatório As crianças e as lixeiras digitais: a exposição ao lixo eletrônico e a saúde infantil (Children and digital dumpsites: e-waste exposure and child health), publicado em 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que as crianças e as mulheres grávidas que trabalham na indústria informal da reciclagem de lixo eletrônico ou que vivem em comunidades vizinhas estão em maior risco de exposição a substâncias químicas perigosas.

Direito de viver

A espiritualidade superior nos esclarece na questão n. 880 de O livro dos Espíritos que o primeiro de todos os direitos naturais do ser humano é o direito de viver. Por essa razão é que ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer sua existência corporal. Como a sociedade atual não está organizada para fazer a separação e o tratamento adequado da enorme geração de lixo eletrônico, então estamos comprometendo a saúde e, portanto, a existência corporal de muitos de nossos irmãos. Ademais, estamos infringindo a lei de conservação no planeta devido à contaminação gerada pela destinação inadequada do e-lixo, que modifica as condições físico-químicas do hábitat de muitas espécies, comprometendo também sua existência no planeta Terra.

Enfrentamos três grandes desafios para reduzirmos o volume de lixo eletrônico. O primeiro é o aumento do consumo dos produtos eletroeletrônicos devido ao crescimento da população e pelas facilidades de crédito oferecidas para a compra; o segundo é as limitadas opções de conserto por causa do alto custo ou da falta de pessoas qualificadas para fazer os consertos dos equipamentos; e terceiro pela técnica da obsolescência amplamente usada pela indústria. A obsolescência programada ou planejada estimula o descarte prematuro, ao limitar a vida útil de um dispositivo, dificultar ou impossibilitar seu conserto e impedir novas atualizações.

Os consumidores são submetidos a outro tipo de “pressão” para a aquisição de novos dispositivos eletrônicos. É a obsolescência psicológica ou percebida, que mexe com os aspectos emocionais do consumo e leva muitas pessoas a trocarem seus equipamentos mesmo que eles ainda estejam funcionando perfeitamente. Elas são convencidas por campanhas de marketing muito bem elaboradas, pela pressão social ou pelo ritmo cada vez mais acelerado de introdução de novos produtos no mercado.

Mudança de hábitos

Como espíritas, deveríamos rever nossos hábitos de consumo dos eletroeletrônicos com o objetivo de reduzirmos o nosso impacto ambiental. Comprar o que for realmente necessário. Cuidar muito bem desses bens para utilizar ao máximo da sua vida útil. E quando tivermos que descartá-los, fazê-lo da forma adequada no lugar apropriado. Deveríamos incentivar a educação ambiental sobre esse tema nas casas espíritas, começando na educação espírita infantil, na mocidade, nas aulas do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) e incluir algumas palestras para o público com essa temática sob a ótica espírita.

Devemos elaborar e implementar os procedimentos pertinentes com o objetivo de fazer a coleta e destinação adequada do e-lixo nas instituições espíritas. Do mesmo modo, devemos participar elegendo melhor os nossos representantes nos governos municipais, estaduais e federais para trabalharem a nível coletivo, elaborando e fazendo cumprir as leis que tratam de coleta, tratamento e disposição dos resíduos eletrônicos. É nosso dever.

Se quiseres o planeta cuidar,

Lixo eletrônico não deverias gerar,

Porque tens que aprender a amar

A natureza que deves preservar.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16156. Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos – requisitos para atividade de manufatura reversa. 2013.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 131. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.

______. O livro dos Espíritos. 93. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.

UNITED NATIONS INSTITUTE FOR TRAINING AND RESEARCH (UNITAR). The global E-waste Monitor 2024. Disponível em: https://ewastemonitor.info/the-global-e-waste-monitor-2024/. Acesso em: 24 mar. 2024.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Children and digital dumpsites: Initiative on E-waste and Child Health. 2021. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/341730/9789240024557-eng.pdf?sequence=1. Acesso em: 24 mar. 2024.

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