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irDe acordo com um levantamento inédito do Datafolha, encomendado pelo Instituto Liberta e divulgado no final de agosto, um em cada três brasileiros diz ter sido vítima de agressão sexual física ou verbal na infância ou na adolescência. A pesquisa nacional mostra que 32% dos entrevistados admitiram que sofreram agressões de ordem sexual quando menores de 18 anos e confirma que esse tipo de crime é bem mais comum do que se imagina, daí a necessidade de ser discutido e combatido. “Ainda existe tabu em se falar de sexo. E, quando isso acontece, é de forma pejorativa e não com seriedade. Assim, quando falamos de abuso, devemos nos lembrar disso”, afirma a psicóloga clínica Mariane de Macedo.
Afinal, o que caracteriza um abuso sexual? Mariane explica que quando crianças e adolescentes são usados para gratificação sexual de pessoas geralmente mais velhas há um quadro de abuso. “Acontece independente da etnia, cultura, em vários meios socioeconômicos e religiosos. O abusador se encontra num desenvolvimento psicossexual mais adiantado do que a criança ou adolescente”, explica.
Geralmente, pensamos que o abusador é alguém agressivo, que apresenta uma conduta desabonatória perante a sociedade, no entanto, são pessoas acima de qualquer suspeita. “E é exatamente, em decorrência disto, que a família tem dificuldades em acreditar na criança e jovem quando denunciam. Nas relações dentro do lar, que são as intrafamiliares, a família tem a tendência em negar o incesto e na sua maioria trata como caso de família, mantendo o segredo e não validando o sofrimento do abusado”, afirma a psicóloga. Nas relações abusivas extrafamiliares, as estatísticas são melhores, porém, dependendo das condições socioeconômicas da família, em alguns casos podem fechar os olhos as gentilezas do abusador, por estarem recebendo alguns tipos de benefícios, diante da escassez da família.
Dentre as consequências trazidas pelo abuso sexual estão as físicas e psicológicas, dentre elas a agressividade, a erotização, o desencadeamento de uma conduta sexual inadequada e dificuldade nos relacionamentos interpessoais. “De repente, aquela pessoa que foi muito agredida vai ficar mais introspectiva, não vai aceitar toques ou que as pessoas cheguem muito próximo dela”, explica a psicóloga, que também indica os distúrbios alimentares como um dos sinais de abuso. “É uma tentativa de preservar o corpo da violência”, diz. Apatia, depressão, desinteresse pelas brincadeiras, crises de choro são outros sinais, que vêm acompanhados de sentimento de culpa, vergonha, autodesvalorização, falta de estima, de sono, prostituição, mudança de vocabulário e uso de drogas.
“Muitas vezes, as pessoas vêm para o consultório não por conta do abuso, mas, por exemplo, da dependência química. Estamos atendendo uma pessoa em sofrimento psíquico, que pode te trazer a questão do abuso. E aqui estamos falando de homens e mulheres. A questão do abuso sexual pode aparecer depois de um tempo enorme na terapia”, esclarece. Apesar de não ser uma regra, é muito comum abusados se tornarem abusadores, não porque tem a perversão, mas porque aquela pessoa foi construída naquele ambiente promiscuo de abuso, que passa a ser naturalizado”.
Segundo Mariane, é preciso que os pais estejam informados sobre o abuso sexual e sempre atentos. “Os pais precisam ouvir seus filhos e acreditar neles, por mais absurdo que pareça. Não se deve desacreditar na criança. Existe uma cultura de que ela mente, mas isso não ocorre quando falamos de abuso sexual, pois a criança não consegue verbalizar ou desenhar um órgão sexual, por exemplo, se não tem construído mentalmente. Além disso, não consegue sustentar uma mentira por muito tempo. Se ela falou alguma coisa de suspeito e você não quer fazer uma acusação infundada, investigue, tente buscar e observar condutas”, orienta. “Terror noturno, choro por qualquer motivo, mudança comportamental são sinais de atenção. Pais e mães conhecem seus filhos e sabem quando algo está errado”, alerta.
A psicóloga explica que é preciso respeitar a criança que não quer, por exemplo, beijar familiares. “Nunca deveria acontecer de os pais obrigarem uma criança a fazer isso. Por causa da história do mal toque. Se eu sou obrigada a aceitar que alguém que eu não quero me toque, vou ser obrigada a aceitar que alguém abuse de mim. Então a gente tem que ensinar para os filhos o que é o bom toque e o mal toque para que a criança saiba a diferença”, adverte.
Qualquer tipo de violência reverbera no Espírito reencarnante, causando-lhe sofrimento psíquico e dificultando o cumprimento do projeto reencarnatório. Joanna de Ângelis (2014, p. 84), no livro Amor, imbatível amor, refere que:
A violência de qualquer matiz é sempre responsável pelas tragédias do cotidiano. Não apenas a que agride pela brutalidade, por intermédio de gritos e golpes covardes, mas também a que se deriva do orgulho, da indiferença, da perseguição sistemática e silenciosa, das expressões verbais pejorativas, desestimulando e condenando, enfim, de todo e qualquer recurso que desdenha as demais criaturas, levando-as a patologias inumeráveis.
Na questão n. 383 de O livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos Espíritos sobre a utilidade de se passar pelo estado de infância. Os Espíritos respondem que o objetivo é o de aperfeiçoar. “Nos sete primeiros anos de vida, a criança está mais acessível às impressões que ela recebe. É como se ela fosse uma massinha de modelar. Como espíritas, temos de entender a importância da infância, que é justamente um período importante para o seu adiantamento. Quando ela é exposta a um abuso precisa de uma rede de apoio psicológico, inclusive da casa espírita”, afirma.
“O atendimento fraterno e espiritual a essa família é o nosso papel”, orienta Mariane. “Não estamos aqui para julgar nem denunciar, mas para acolher. A vítima deve passar por tratamento psicológico, receber apoio da rede de saúde e nós entramos com os cuidados espirituais”, completa.
Mariane fez parte da equipe da Associação Médico-Espírita do Brasil na construção do projeto Acenda uma luz, que, segundo ela, nasceu da necessidade que o Movimento Espírita tem de falar do abuso sexual. “Temos de trabalhar na prevenção e esse projeto tem o propósito de auxiliar as pessoas que estão ali dentro das casas espíritas, para que elas possam ter o conhecimento e, ao tê-lo, conseguir fazer o atendimento correto. Os trabalhadores têm dificuldade de fazer um atendimento assim porque não sabem muito bem em qual o conteúdo abordar e de que forma abordar. Às vezes, a pessoa recebe uma criança que foi abusada e ela acha que é papel da casa espírita fazer a denúncia. Não. Quem faz a denúncia é a família. A casa espírita não tem esse papel. Seu papel é o do acolhimento! Dar esse atendimento espiritual para a família, o apoio que ela precisa para que essa família vá se organizando espiritualmente. Isso sim”, diz.
Simples e didática, a cartilha é um projeto que está sendo trabalhado pela AME- Brasil. “Não são todas as pessoas que se sentem habilitadas para poderem estar desenvolvendo esse trabalho em suas casas espíritas, daí a importância da cartilha, assim como de seminários que temos feito para tratar do assunto”, afirma Mariane, membro da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul. “O objetivo da Doutrina Espírita é esclarecimento e consolo. A partir do momento que esclarecemos, humanizamos. E com pessoas mais humanizadas não haverá mais espaço para o abuso sexual”, finaliza a psicóloga clínica.
ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Amor, imbatível amor. Psicografado por Divaldo Franco. Salvador: Leal, 2014. (Série Psicológica Joanna de Ângelis, 9).
CASEFF, Gabriela; BALOGH, Giovanna. 1 a cada 3 diz ter sido vítima de agressão sexual na infância. Folha de S.Paulo, 20 ago. 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2022/08/1-a-cada-3-diz-ter-sido-vitima-de-agressao-sexual-na-infancia.shtml. Acesso em: 29 set. 2022.
KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Araras, SP: IDE, 1994.