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irQuando convidado pelo Conselho Editorial da Folha Espírita para contribuir com minha escrita a esse prestigioso órgão de divulgação do Espiritismo, fui tomado de grande emoção. Embora já esteja calejado na arte da escrita, imediatamente meu coração buscou em suas gavetas afetivas as imagens de Marlene Nobre, Paulo Severino, Freitas Nobre e Richard Simonetti. Como não nasci em berço espírita, fui me encantando ao longo dos anos com esses pioneiros da divulgação do Espiritismo no Brasil e no mundo. Iniciando esta trajetória nesta nossa coluna, “Palavras para Comer”, fica aqui registrada a minha gratidão.
Nestes tempos em que os homens estão famintos de paz, de amor, de solidariedade e alegria, pensei muito na saciedade que as palavras podem prover ao Espírito que anda com o estômago vazio de esperança. A fome do corpo é uma dor que abre um buraco na barriga da gente, mas a fome do Espírito promove delírios de poder e presunção, além de roubar a lucidez. Dizem que Deus fala com os homens por intermédio dos próprios homens, mas, particularmente, acredito que Ele alimenta o Espírito humano com as palavras nutritivas das crianças.
Uma resposta infantil me deixou embasbacado com a eloquência do Todo-Poderoso me dando palavras para comer por meio da pureza de uma gourmet infantil. A pequena Isabella estudava em uma escola com orientação religiosa, onde rotineiramente recebia com as demais crianças palavras para comer sobre o Deus interpretado por esses educadores religiosos. Com uma capacidade cognitiva que manifestava total capacidade de avaliação dos fatos da sua vida cotidiana, a menina intrigava-se com a demora do pedreiro em assentar o piso novo na pequena área de serviço do apartamento onde morava. E não foram poucas as vezes em que ouvia a mãe comentar nos encontros familiares das refeições cotidianas: “Não é possível que esse pedreiro demore tanto para assentar o piso de uma área de serviço tão pequena. Ele já está há 15 dias trabalhando e ainda não acabou…”
As palavras da mãe da Bellinha foram digeridas pelo raciocínio da menina, que silenciou diante da queixa da sua mãezinha. No dia seguinte, nas atividades da escola, chegou o momento de receber as instruções religiosas. A freira responsável pela lição do dia afirmou convicta que Deus criou o mundo em sete dias, e após contar pequena história infantil sobre a criação do mundo, ela se voltou para as crianças e perguntou se todas concordavam.
Bellinha, de dedinho erguido, surpreendeu a freira dizendo que Deus não podia ter criado o mundo em sete dias. A religiosa, que não estava acostumada a lidar com o contraditório, tentou convencer a menina. Chegou mesmo a afirmar que a criança era muito teimosa e ali na escola todos deveriam acatar e aceitar os ensinamentos sagrados. Percebendo que a menina manifestava uma teimosia crônica, a direção da escola enviou um bilhete para a mãe da Bellinha revelando preocupação pela teimosia da garotinha.
Sempre que a criança voltava da escola, sua mãe, de maneira zelosa, verificava a caderneta de anotações para observar se havia algum recado das irmãs educadoras. Para surpresa da genitora, havia uma observação dando conta da teimosia que a menina manifestava. De imediato, ela ligou para a escola e pediu para conversar com a orientadora educacional e foi informada de que a menina havia manifestado certa rebeldia com a lição sobre a criação do mundo.
Após ouvir a versão da orientadora, ela procurou a filha para conversar. Sempre que chegava da aula, a menina corria para o quarto e sentava-se ao chão brincando com suas bonecas. Numa postura de respeito, em que o educador deve ir ao mundo do educando, ela se sentou no chão com a filha e começou a conversar, indagando se ela estava gostando das aulas e das professoras.
A criança disse que tudo era muito bom na escola, mas que havia uma professora que achava que Deus havia criado o mundo em sete dias e que ela estava enganada. A mãe surpreendeu-se com a convicção da criança sobre o engano da professora e resolveu perguntar:
– Bellinha, por que você tem certeza de que Deus não criou o mundo em sete dias?
Fazendo ares de severidade no rostinho e nas palavras, a menina foi categórica:
– Se o pedreiro está há 15 dias aqui em casa e não termina a área de serviço, como Deus pôde criar o mundo em sete dias?
A mãe tentou se controlar e caiu na gargalhada com a resposta da filha.
As palavras infantis alimentam a vida de todos aqueles que têm a sensibilidade de enxergar que Deus fala ao homem pelo próprio homem e, mais especialmente, pela boca das crianças. Crianças são seres especiais que nutrem a nossa vida com palavras para comer.
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mateus 13:9).
Eu ainda acrescentaria: quem tem ouvidos para ouvir, ouça, quem tem olhos de ver, veja, e quem tem coração para sentir, sinta.
Adeílson Salles é psicanalista, escritor e palestrante
Fonte
Mateus 13:9