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irEstava na fila do caixa dentro do supermercado quando duas pessoas a minha frente revelavam suas angústias na espera para serem atendidas. Uma delas mais exaltada ameaçava chamar o gerente, pois entendia que a jovem caixa era muito morosa no registro das compras da pessoa da vez. Eu, que tudo ouvia, fiquei imaginando se na fila da reencarnação existiam essas queixas, tipo:
– Vou falar com o meu mentor e me queixar dessa lerdeza para voltarmos à Terra. Tenho um corpo novinho me esperando e não posso perder tempo aqui!
Afinal de contas, apressadinhos existem nas duas dimensões, com toda certeza.
Outra pessoa a minha frente afirmou categoricamente:
– Quero uma casa no campo… Ir embora para o interior e fugir desse estresse de fila para tudo…
A vida cotidiana é um espetáculo para quem tem na escrita, como eu, uma oportunidade de realizar terapia e ganhar aprendizado. Ao ouvir a frase “eu quero uma casa no campo”, imediatamente uma música do cantor e compositor Zé Rodrix ecoou na minha cabeça:
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau a pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Mentalmente, cantarolei a música sensível e me lembrei do terceiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Há muitas moradas na casa de meu pai”. Então me dei conta de que cada um de nós mora onde pensa, reside nas ideias que cultiva. Em tempos de viagens para o espaço anunciadas pelos telejornais, somos convidados a tirar os olhos da casa do campo desejada, dos condomínios apertados nos quais vivemos para contemplar os condomínios galácticos, as moradas de meu Pai.
A fila andava ainda lentamente, e eu empurrava o meu cesto de comprar com o pé. O sujeito exaltado que queria falar com o gerente não se conteve e soltou uma piadinha:
– Que lerdeza, hein minha filha!?
A moça nada respondeu e preferiu habitar a morada do silêncio que fica dentro dela mesma. O cliente incomodado, embora já estivesse sendo atendido, optou por residir na morada do sarcasmo e ironizou mais uma vez a moça, que permaneceu inabalável em sua casinha de paz. Diante da falta de resposta da caixa, o irrequieto cliente perdeu a força para reivindicar o que o orgulho dele tanto exigia.
Ele saiu do caixa após o atendimento, mas deixou o fel que revela, na verdade, que ele mora numa “favela emocional” onde não existe a paz:
– Da próxima vez falo com o gerente! – ameaçou.
– Bom dia, senhor! – A caixa redarguiu sem abandonar a morada da serenidade.
Empurrei o cesto mais um pouquinho, pois seria atendido em breves minutos. Olhei para trás e vi que a fila estava um pouco grande, contemplei os semblantes diferentes de cada pessoa, as diversas moradas mentais em que cada uma delas habitava naquele momento. Semblantes leves e serenos, semblantes carrancudos, olhares felizes, faces meditativas, tantas moradas mentais, tantas escolhas onde viver.
Fui ao espaço mentalmente, saltei a estratosfera afora e pensei nas moradas planetárias. Lembrei-me das conchinhas na praia e do castelo de areia construído por minha neta no último verão, então me lembrei das moradas oceânicas e suas regiões abissais. No dia anterior, tinha ido ao laboratório realizar um hemograma completo para ver o nível da glicose e do colesterol, então pensei nas moradas microscópicas.
Jesus é filósofo, cientista, poeta e tantas outras coisas, mas também um grande astrônomo que nos fala das infinitas moradas da casa do Pai. Meu deleite filosófico na fila do mercado acabou quando a caixa sorrindo, chamou:
– Senhor, sua vez…
Enquanto ela passava os produtos, me senti feliz ao recordar a lição: “Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais” (S. João, 14:1-3).
Sem dúvida, nós podemos ter uma casa no campo dentro do nosso coração, um espaço sagrado na nossa mente e tudo depende de onde desejamos habitar. Moradas celestes, moradas planetárias e moradas mentais, todas concretas e reais. A diferença entre elas é que almejamos viver nas moradas celestes, e as moradas planetárias são as grandes escolas para lograr essa conquista, mas as moradas mentais que nunca iremos abandonar refletem o que realmente somos, portanto, todos os esforços para melhorar essa habitação são necessários.
Eu quero uma casa no campo, no campo do meu coração. Pai nosso que estais no céu…
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Fonte
O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec.