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irNos últimos 20 anos universidades da Europa e do mundo se dedicam aos estudos de uma nova ciência chamada Agnotologia. O termo ficou conhecido em 2005 graças ao trabalho do historiador americano Robert Proctor, da Universidade de Stanford, que passou a difundir o assunto em diversas palestras que resultaram no livro “Agnotologia: a construção e a desconstrução da ignorância”.
Seguindo a linha de Proctor, outros historiadores da ciência como Londa Schiebinger, Peter Galison e Naomi Oreskes passaram a investigar e conceituar o ramo científico que estuda tanto a produção da ignorância sendo produzida de forma intencional, com o objetivo de obter vantagens, como também a não intencional.
Para prosseguirmos com a matéria sobre agnotologia, é preciso entender o sentido de neologismo. Tudo parece muito difícil, só parece, é muito fácil de compreender, vamos por partes.
Neologismo é o processo de criação de uma nova palavra na língua devido à necessidade de designar novos objetos ou novos conceitos ligados às diversas áreas: tecnologia, arte, economia, esportes etc. Um neologismo é criado através de processos diversos, como:justaposição, aglutinação, prefixação, sufixação, abreviação e importação de vocábulos existentes em uma outra língua, ou ainda através de umnovo sentido dado a uma palavra existente. Faz parte de toda língua viva a criação de novas palavras. Com o tempo, esses neologismos são adicionados ao dicionário e passam a fazer parte do léxico.
O neologismo popular é criado pelos próprios falantes, seja nas conversas espontâneas do dia a dia, com o uso frequente de gírias, seja na Internet, nas comunicações eletrônicas. Quando a ciência é responsável pela atribuição de nomes aos novos aparelhos e às máquinas inventadas e de introduzir novos termos técnicos na linguagem, dá-se o nome de neologismo científico ou neologismo técnico.
O neologismo literário é a criação de novas palavras por escritores, compositores de música e poetas.
Neologismo estrangeiro ou estrangeirismo refere-se às palavras de outro idioma incorporadas à língua. Algumas são “aportuguesadas”, ou seja, muda-se a maneira de escrever original para ser compreendida por todos. Exemplo: futebol (do inglês football), bebê (do inglês baby).
Um neologismo pode também ser classificado de neologismo completo (criado de acordo com a forma e o sentido da palavra, como, por exemplo, “microfone”) e de neologismo incompleto (palavras existentes no idioma e que tomam novos significados, como, por exemplo, papudo – que tem grande papo, mas que significa também indivíduo arrogante).
O neologismo “agnotologia” foi criado pelo historiador americano Robert N. Proctor, professor da Universidade de Sttanford, quando ministrava diversas palestras no ano de 2005. A partir dessas palestras, escreveu, juntamente com Londa Schiebinger, o livro Agnotology: The Making and Unmaking of Ignorance (Agnotologia: a construção e a desconstrução da ignorância). Segundo o autor: “Agnotologia é a área de estudo multidisciplinar que se dedica à análise de fenômenos de desinformação cultural e socialmente induzidos, com vista à deliberada promoção da ignorância ou da incerteza na opinião pública acerca de determinado tópico, nomeadamente através da difusão de informação errônea ou não verificada, da publicação de dados descontextualizados”.
O estudo do pesquisador partiu de um memorando secreto da indústria do tabaco que caiu em domínio público em 1979 sob o nome de “O Tabagismo e a proposta de saúde”.O artigo foi escrito uma década antes pela empresa Brown & Williamson e revelou muitas das táticas empregadas pelas grandes companhias para neutralizar os esforços antitabagistas. “O que não sabemos, e por que não sabemos? O que mantém viva a ignorância ou permite que ela seja usada como instrumento político? Agnotologia – o estudo da ignorância – fornece uma nova perspectiva teórica para ampliar as questões tradicionais sobre ‘como sabemos’ para perguntar: por que não sabemos o que não sabemos? Os ensaios reunidos em Agnotology mostram que a ignorância, muitas vezes, é mais do que apenas a ausência de conhecimento; também pode ser o resultado de lutas culturais e políticas. A ignorância tem uma história e uma geografia política, mas também há coisas que as pessoas não querem que você saiba (“A dúvida é nosso produto” é o slogan da indústria do tabaco). Capítulos individuais tratam de exemplos dos domínios da mudança climática global, sigilo militar, orgasmo feminino, negacionismo ambiental, paleontologia nativa americana, arqueologia teórica, ignorância racial e muito mais. O objetivo deste volume é entender melhor como e por que várias formas de conhecimento não surgem, ou desaparecem, ou se tornam invisíveis”, explica o autor.
Uma das seções mais importantes do documento analisava como se deveria vender os cigarros ao grande público: “a dúvida é o nosso produto. A dúvida é a melhor maneira de competir com o volume de informação que existe na mente do público em geral. Também é o meio de gerar controvérsias”. Essa revelação despertou o interesse do pesquisador, que começou a indagar as práticas das empresas em propagar a confusão sobre a constatação de que fumar causava câncer.
O financiamento de especialistas por parte das empresas não visa sistematicamente obter “maus resultados científicos”. Ao contrário, pode ser muito útil subvencionar um grande nome da pesquisa toxicológica para dar crédito a um instituto privado que, depois, será bem-vindo nos cenáculos onde se esboça o futuro da pesquisa. Não se trata apenas de aliciar alguns especialistas; é a própria estrutura da burocracia da pesquisa que constitui, hoje, uma aposta para os representantes de interesses econômicos.
O autor conclui que existem várias causas para a produção deliberada da ignorância. Pode-se citar, por exemplo, a influência da mídia não envolvida com as questões reais de informação, tanto para negligenciar como também para manipular e gerar uma falsa representação de fatos. Vale lembrar que corporações e agências governamentais podem contribuir para a agnotologia através do ocultamento da informação e da censura.
Não foi somente o historiador americano que se dedicou ao tema, diversos estudos, publicados em livros e teses, relatam que essa política continua sendo utilizada até hoje e é aplicada por grandes lobbies, corroboradas pelos chamados Think Tank, cuja principal função é influenciar a tomada de decisão das esferas pública e privada, bem como de formuladores de políticas no que se refere aos temas que estão em pauta. Ou seja, essas pessoas possuem fundamentação para contestar práticas dominantes, sobretudo aquelas que se tornaram obsoletas na sociedade, e assuntos vitais, tais como o aquecimento global, a ciência, educação, dívida pública e a necessidade do crescimento econômico a qualquer custo.
Se vocês se interessaram pelo assunto e querem se aprofundar, procurem os temas: obscurantismo, subversão, desinformação e propaganda enganosa.
DUNKER, Christian. Paixão da ignorância: a escuta entre a psicanálise e educação. 2020.
PROCTOR, Robert N.; SCHIEBINGER, Londa (ed.).Agnotology: The Making and Unmaking of Ignorance. 2008.