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Fake news

Lupa com o termo fake news
Foto: Banco de Imagem

A culinária que alimenta o Espírito pede discernimento e paladar lúcido. É muito interessante o quanto o Evangelho é atual em sua mensagem e guarda esclarecimento para as demandas de uma sociedade atormentada. Embora a mensagem de Jesus tenha chegado aos ouvidos e corações humanos há mais de dois mil anos, a sociedade ainda permanece nos estágios primários da compreensão da proposta de “salvação”.

Outro dia, ao fazer uma chamada de vídeo para minha filha que reside em Berlim, intimamente exaltava a benção da tecnologia, que nos permite ver e ouvir nossos afetos que estão morando em outro continente. O problema dessa grande rede de comunicação é que experimentamos a revolução e democratização da ignorância que se vale de mentiras para semear a dúvida e a confusão de uma maneira geral. Então observamos que muitos falam sobre temas que não conhecem, opinam sem embasamento técnico, e a maioria fala e dá palpite sobre tudo, sem ter embasamento de nada.

Vivemos a era das fake news, mas o que isso tem a ver com o Evangelho, a disseminação da mentira é novidade? Em sua primeira epístola a Timóteo, Paulo fala dos que falam a respeito de todos os temas, mas não sabem de nada. “Pretendendo passar por doutores da Lei, quando não sabem nem o que dizem e nem o que afirmam tão fortemente” (I Timóteo 1: 7 apud Emmanuel, 2008).

Emmanuel também nos alerta sobre as “fake news” geradas por Espíritos pseudossábios, encarnados e desencarnados que tentam confundir as orientações seguras de Jesus para a vida do homem. Assevera o benfeitor: “Avivam-se discussões destrutivas, na esfera da ciência, da política, da filosofia, da religião. Todavia, não somente nesses setores da atividade intelectual se manifestam semelhantes desequilíbrios. A sociedade comum, em quase todo o mundo, é campo de batalha, nesse particular, em vista da condenável influência dos que se impõem por doutores em informações descabidas” (Emmanuel, 2017, cap. 15).

A lucidez do Espírito orientador de Chico Xavier é profética para os dias que estamos vivendo. Dessa forma, podemos compreender que a mensagem do Espiritismo é certamente um roteiro de luz para as trevas que tentam se instalar no contexto social e espiritual do mundo. Diante dessa realidade, precisamos refletir se não contribuímos com essa rede, que gera inquietação e mal, por nos identificarmos com o ideal daquilo que é veiculado e compartilharmos sem cuidado.

A sociedade reflete as sombras do coração dos homens. Precisamos pensar muito sobre isso. A mensagem de Emmanuel é um convite que deve sensibilizar nossa alma. Ele prossegue: “Pretensiosas autoridades nos pareceres gratuitos, espalham a perturbação geral, adiam realizações edificantes, destroem grande parte dos germens do bem, envenenam fontes de generosidade e fé e, sobretudo, alterando as correntes do progresso, convertem os santuários domésticos em trincheiras da hostilidade deles opera-se a perturbação e o estacionamento” (Emmanuel, 2017, cap. 15).

A opção do povo por Barrabás foi motivada pelas fake news que foram semeadas entre os incautos pela rede maldosa de Caifás. As pessoas que participaram daquele plebiscito perturbador guardavam dentro do coração as sombras adormecidas que foram despertadas pela semeadura da mentira, portanto, são responsáveis pela crucificação de Jesus.

Quantas vezes já fomos injustos por dar crédito às pessoas, mesmo sendo criaturas amadas, em detrimento da verdade? Precisamos estar atentos para a construção do mundo novo a partir do nosso coração, mas para isso é preciso desconstruir alguns alicerces de entendimento da vida que se encontram corroídos por convencionalismos equivocados.

Concluímos nossa degustação das palavras do benfeitor, na verdade um banquete espiritual, dando a palavra ao chefe de cozinha, Emmanuel:“Abusam do verbo, mas pagam a leviandade a dobrado preço, porquanto, embora desejem ser doutores da lei e por mais intentem confundir-lhe os parágrafos e ainda que dilatem a própria insensatez por muito tempo, mais se aproximam dos resultados de suas ações, no círculo das quais, essa mesma lei lhes impõe as realidades da vida eterna, por meio da desilusão, do sofrimento e da morte” (Emmanuel, 2017, cap. 15).

Referências

EMMANUEL (Espírito). O Evangelho por Emmanuel: comentários às Cartas de Paulo. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília, DF: FEB, 2017.

_____. Vinha de luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília, DF: FEB, 2008.

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