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irWalther Graciano Jr.
“Nada grandioso entra nas vidas dos mortais sem uma maldição”. É assim, com a frase de Sófocles, que começa o longa-metragem O dilema das redes, de Jeff Orlowski, que entrou em cartaz em outubro na plataforma de streaming Netflix e que tem como tema a coleta de informações pessoais nas redes sociais e os limites da privacidade.
“Hoje é fácil esquecer que essas ferramentas trouxeram coisas maravilhosas para o mundo. Reuniram famílias sem contato, encontraram doadores de órgãos. Ou seja, houve mudanças significativas e sistêmicas no mundo inteiro graças ao impacto positivo dessas ferramentas. Acho que fomos ingênuos em relação ao outro lado da moeda.” Esta é uma das primeiras falas de Tim Kendall, que foi diretor de Monetização do Facebook (responsável por fazer a rede social gerar lucro) e presidente do Pinterest. Curiosamente, desde 2018, ele é CEO da Moment, um aplicativo que trabalha com saúde mental para dependentes de redes sociais.
O que chama mais a atenção no documentário é o fato de apresentar depoimentos de pessoas que trabalharam em postos-chave nas chamadas “big techs”, fontes confiáveis de algo que eles mesmos implementaram, o que afasta a ideia de farsa e nos faz querer repensar nossa relação com as mídias sociais. “É uma produção muito didática, que traz fontes confiáveis que falam de algo que elas mesmos implementaram”, salienta Orlowski.
Fazem parte do elenco, entre outros, os “big techs”: Tristan Harris, ex-designer ético do Google; Tim Kendal, ex-presidente do Pinterest; Justin Rosenstein, ex-engenheiro do Facebook; Roger McNamee, investidor em tecnologia; e Jaron Lanier, cientista da computação e autor de Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais.
No trailer, o ex-executivo do Twitter Jeff Seibert explica: “O que quero que as pessoas saibam é que tudo o que estão fazendo on-line está sendo observado, está sendo monitorado, está sendo medido. Cada ação que você realiza é cuidadosamente monitorada e registrada. Exatamente quais imagens você para e olha, por quanto tempo você olha para elas – ah, sim, sério, por quanto tempo você olha para elas. Nós tuitamos, curtimos e compartilhamos –, mas quais são as consequências da nossa crescente dependência das mídias sociais? À medida que as plataformas digitais se tornam cada vez mais uma tábua de salvação para permanecer conectado, insiders do Vale do Silício revelam como a mídia social está reprogramando a civilização, expondo o que está escondido do outro lado da tela”.
Fontes: Jornais Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo
Trailer oficial 2020
No documentário, não é apresentada nenhuma solução prática para o problema dos limites da privacidade, mas merece uma boa reflexão após a exibição. Segundo técnicos, programadores e usuários de Internet, há muitas formas de navegar na Internet sem deixar rastros. Algumas são mais eficientes do que outras, porém, há muitas possibilidades que podem ser utilizadas nas mais diversas ocasiões. Seguem algumas dicas.