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ir2020 tem sido excepcional para mostrar que, se o Brasil não é um país perfeito, pelo menos é uma nação extremamente generosa. E isso pôde ser visto na pandemia, que, apesar de nos ter feito tão mal, proporcionou o maior movimento de doações em nossa história. Foram mais de 6 bilhões e 480 milhões de reais, número alcançado desde o início da crise. Esse número é inédito.
Nunca doamos tanto em tão pouco tempo, em uma mobilização puxada principalmente pelas empresas, que representaram mais de 80% do valor total das doações. Esse dado é surpreendente porque no Brasil, como em qualquer lugar do mundo, as empresas não são as principais doadoras.
E não foram só as empresas que doaram. Nesse período, mais de 547 mil brasileiros fizeram sua contribuição, por meio de campanhas de captação em todo o país que já alcançam mais de 2 bilhões e 300 milhões de reais mobilizados. De novo, são números bastante surpreendentes – e são apenas uma parte de tudo o que conseguiu ser identificado.
A pandemia não acabou ainda – estamos inclusive agora discutindo se ela está retornando mais forte ou não –, mas o Natal já chegou. Tradicionalmente, o Natal é o período mais generoso do ano. Pessoas, famílias e comunidades se reúnem para realizar doações, apoiar os mais necessitados, seja com alimentos, brinquedos etc.
Portanto, se este ano já é o mais generoso de nossa história recente, é de se esperar que dezembro siga nessa mesma tendência e se mostre um mês no qual brasileiros e brasileiros estarão especialmente abertos a doar.
Esses dados foram consolidados no Monitor das Doações Covid-19, mantido pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). Tudo está disponível em uma tabela pública, que pode ser acessada e baixada por qualquer pessoa interessada em fazer o seu próprio estudo dos dados das doações durante esse período.
Primeiro, é preciso escolher qual causa você quer beneficiar. As mais comuns nesse período são bastante conhecidas, mas as causas sociais e ambientais existem às dezenas, talvez centenas, e a sua tem que ser aquilo que mexe mais com você, o deixa com vontade de buscar um mundo melhor.
Escolhida a causa, é a hora de identificar qual organização atua nela. Tem alguma no seu bairro? Na sua cidade? Ela tem página na Internet? O site traz detalhes suficientes da instituição, sobre como ela atua, o seu impacto e os resultados, além de mostrar números, as pessoas da equipe etc.? Esses são alguns dos fatores importantes no momento de escolher.
Identificada a causa e a organização (ou organizações), é hora de pensar em como será sua doação. Vai doar tempo e fazer trabalho voluntário neste final de ano? Em razão da pandemia, as restrições estão um pouco maiores, e talvez não seja possível se dedicar do jeito mais adequado, mas não deixa de ser uma boa opção!
Você pode doar materiais também. Brinquedos, por exemplo, são bastante tradicionais nessa época. Alimentos sem dúvida alguma fazem muita diferença, ainda mais em um ano em que a inflação fez aumentar muito o preço dos produtos. Além disso, móveis, computadores, tudo isso pode ajudar, dependendo da organização que recebe – e nunca doe sem saber se a instituição realmente precisa o que você tem a oferecer: nós doamos o que as pessoas precisam, não o que queremos nos livrar.
Doar para ONGs não é a única opção. Você pode se juntar a grupos que arrecadam dinheiro para doar nas comunidades. Eles são muitos, na maioria das vezes informais, e fazem um grande impacto. Você pode reunir a família, os amigos de infância etc.
E se este ano não está sendo possível nos encontrarmos presencialmente, até os Correios se adaptaram e estão permitindo a adoção virtual de cartinhas ao Papai Noel enviadas por crianças carentes. Você doa sem sair de casa! São muitas as opções e possibilidades de fazer o bem no final do ano. Escolha a sua e seja a diferença na vida de uma criança, família ou uma comunidade. Doe!
João Paulo Vergueiro é diretor executivo da ABCR e professor da FECAP