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ir“Sinto-me como se tivesse perdido tudo”.
“Quando acordei esta manhã, estava muito deprimida, tive vontade de desaparecer, mas pensei na minha família e isso me deu ânimo.”
“Ouvimos disparos no domingo pela manhã e achei que precisávamos sair daqui, queria chorar… não quero largar minha galeria”.
“Os jovens queriam mudar este país, tínhamos muitos planos e sonhos de futuro, para nós e para o Afeganistão”.
“Começaremos de novo, mesmo que isso signifique que temos que ir primeiro para o exterior e depois retornar. Meu plano é ir primeiro para o Paquistão e depois, com sorte, seguir meus estudos em outro país. Vou me fortalecer e depois voltarei para cá”.
Na fala de Marzia Panahi, dona da galeria de arte Namad, podemos sentir a tristeza e a amargura de quem tentou construir um mundo de paz e fraternidade e a de muitos jovens que veem seu mundo desmoronar. Abandonam o país de origem para se estabelecerem como refugiados nos países vizinhos. Se permanecerem em Cabul, há uma grande chance de serem assassinados. No entanto, refazer a vida em um lugar desconhecido também não é uma decisão fácil.
“Não sei quanto tempo eu teria que me esconder se ficasse. Trabalhei como jornalista e para o Governo, o Talibã tem muitas razões para me matar”, diz Panahi, lembrando da campanha de assassinatos que alguns trabalhadores foram alvos.
O atleta Nabi (pseudônimo) acredita que o progresso dos últimos 20 anos vai desmoronar completamente e não sobrará nada do que foi feito. Ele e sua namorada, a quem não quer se identificar, tentaram desesperadamente obter os documentos de viagem para poder escapar para um lugar seguro. “É impossível, porque tudo está fechado. Nosso plano é ir para o Paquistão e depois chegar na Turquia, porque tirar um visto turco lá agora custa só 8 mil dólares por pessoa. Do Paquistão é mais fácil”, diz. “A situação é terrível. O Talibã está por toda parte. Muitos acham que acabamos de perder todos os avanços que tínhamos conseguido nos últimos 20 anos, especialmente para as mulheres. Agora só nos resta sentar e esperar.”
Ambos são atletas, e ela recebeu ameaças dos fundamentalistas por se dedicar ao esporte, diz Nabi. “É aterrador ver os talibãs em Cabul. Eu os vi muitas vezes em outros lugares do país, e vi do que são capazes. No ano passado, meus amigos e eu estávamos em um ônibus em Ghazni. Os talibãs detiveram o veículo e prenderam uma pessoa a quem acusaram de trabalhar para o Governo. Deixaram-nos ir e depois atiraram nessa pessoa”, disse.
“A situação muda a cada minuto. Não temos nem ideia do nosso futuro. Se eu ficar aqui, talvez não possa continuar com o esporte, que é minha paixão, ou fazer meu trabalho, ou interagir com estrangeiros. Preciso ir embora”, conclui.
Os relatos são, somente, a ponta do iceberg. Famílias foram desagregadas. Cerca de 3,1 milhões de crianças menores de cinco anos correm o risco de subnutrição aguda, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), referindo que esse número deverá crescer se o conflito aumentar após a retirada das tropas dos EUA.
O grupo armado Talibã, ou “estudantes” segundo a tradução da língua pashtun, tomou forma no início da década de 1990. Em 1989, os mujahedin – combatentes armados da jihad (guerra santa) –, seja afegãos ou estrangeiros, derrotaram as tropas da União Soviética no Afeganistão após uma década de guerra. Da fronteira do Afeganistão com o Paquistão, o Talibã, nascido em seminários religiosos fundamentalistas, prometia ordem e segurança em sua ofensiva para governar o país. Em 1996, a guerrilha tomou o controle de Cabul e arrebatou o Governo e a Presidência do líder Mujahedi Burhanuddin Rabban, um dos heróis da vitória contra os soviéticos.
Em seu avanço, o Talibã estabeleceu um regime fundamentalista na interpretação rigorosa da lei islâmica. Entre outras medidas, os talibãs impuseram castigos físicos, desde a pena de morte em praça pública até chicotadas ou amputação de membros por delitos menores; despojaram as mulheres de quaisquer direitos (foram obrigadas a se cobrir inteiramente com a burca, e as meninas proibidas de ir à escola depois dos 10 anos de idade).Erradicaram toda a expressão cultural (cinema, música, televisão) e mesmo arqueológicas – destruíram, por exemplo, os Budas de Bamiyan em março de 2001.
Após a tomada de Cabul, apenas três países reconheceram o Talibã: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Paquistão. Vale ressaltar que os serviços de inteligência deste último, apesar da negativa de seu Governo, foram acusados pelos Estados Unidos de apoiar a insurreição do Talibã. O Centro para o Combate ao Terrorismo de West Point estima que o Talibã tenha cerca de 60 mil combatentes, aos quais se juntariam dezenas de milhares de milicianos e colaboradores com ideias afins.
Uma densa névoa de confusão e medo baixou sobre Cabul na segunda-feira, quando seus habitantes anteciparam como seria o futuro de seu país destruído pela guerra depois da transição do poder do Governo pró-ocidental para o Talibã.
Com isso a grande maioria das lojas permaneceu fechada porque seus proprietários temiam sair: preferiam se esconder na segurança de seus lares.
Em O livro dos Espíritos, parte terceira – Das leis morais, Capítulo VI, item 5, Lei de destruição, guerras –, encontramos algumas respostas às nossas indagações:
“742. Que é o que impele o homem à guerra? Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem: o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal.
À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas. E, quando se torna necessária, sabe fazê-la com humanidade.
743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá? Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos.
744. Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?
A liberdade e o progresso.
a) Se a guerra deve ter por efeito o advento da liberdade, como pode frequentemente ter por objetivo e resultado a subjugação?
Subjugação temporária, para pressionar os povos, a fim de fazê-los progredir mais depressa.
745. Que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu?
O grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”
No livro Cartas de uma morta, da autoria de Maria João de Deus, psicografia de Chico Xavier, temos a visão do planeta através dos olhos do Espírito nobre de uma humilde mulher, mãe de Chico Xavier, que cumpriu todos os compromissos firmados ao reencarnar. É contundente a dificuldade do planeta.
“Após adaptar-me mais ou menos a essa nova vida, ocorreu-me como vos poderia rever e solicitei de um instrutor informação a respeito.
– Sabes em que direção está a Terra? – perguntou ele com bondade.
Diante da minha natural ignorância, apontou-me com a destra um ponto obscuro que se perdia na imensidade, recomendando fitá-lo atentamente. Afigurou-se-me vê-lo crescer dentro de um turbilhão de sirocos indescritíveis. Parecia-me contemplar a impetuosidade de um furacão a envolver grande massa compacta de cinzas enegrecidas.
Tomada de inusitado receio, desviei o olhar; porém, o meu solícito guia, exclamou com brandura:
– Lá está a Terra com os seus contrastes destruidores; os ventos da iniquidade varrem-na de polo a polo, entre os brados angustiosos dos seres que se debatem na aflição e no morticínio. O que viste é o efeito das vibrações antagônicas, emitidas pela humanidade atormentada nas calamidades da guerra. Lá alimentam-se as almas com a substância amargosa das dores, e sobre a sua superfície a vida é o direito do mais forte. Triste existência a dessas criaturas que se trucidam mutuamente para viver.
São comuns, ali, as chacinas, a fome, as epidemias, a viuvez, a orfandade que aqui não conhecemos… Obscuro planeta de exílio e de sombra!
Entretanto, no Universo, poucos lugares abrigarão tanto orgulho e tanto egoísmo! Por tal motivo é que esse mundo necessita de golpes violentos e rudes.
Busca ver naquelas regiões ensanguentadas o local em que estiveste. Pensa nos que lá deixaste, cheios de amargurosa saudade! Deus permite, e eu te auxilio.”
Fontes:
Agência Reuters/El País/Folha de S. Paulo/ONU News/O livro dos Espíritos e Cartas de uma morta
Sobre o autor
Walther Graciano Júnior é pedagogo e presidente do Grupo Espírita Cairbar Schutel.