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irAs nossas escolas de Educação Básica ensinam crianças e jovens a ler, escrever, interpretar o mundo e preparar-se para a vida prática. Enfim, garantem a alfabetização do aluno para que ele possa crescer e escolher uma profissão, desenvolver-se intelectualmente, além de incorporar a cultura do seu meio e saber se expressar através dela. E a alfabetização emocional, que diz respeito às qualidades do coração, também poderia ser ensinada? Seria possível ensinar as crianças a conviverem em harmonia, a terem empatia por seu semelhante e enfrentarem com serenidade os desafios da vida, tudo isso dentro do ambiente escolar?
Iniciativas têm surgido ao redor do mundo, promovidas por instituições de ensino, públicas e privadas, que vêm se preocupando com essa formação específica. Profissionais da educação sentiram essa enorme lacuna aberta e buscaram soluções viáveis que pudessem promover alguma mudança positiva na vida dos seus alunos. E foi através da meditação que esses professores e pedagogos encontraram uma das mais eficientes ferramentas para ensinar tais habilidades para os alunos.
Apesar de parecer improvável que crianças, sempre tão ativas, possam parar para meditar, as estatísticas garantem que essas aulas, através de exercícios que utilizam a atenção plena ao momento presente, com o uso da respiração e de mentalizações, trazem resultados concretos na melhora do convívio dentro da comunidade escolar.
Há também relatos das próprias crianças mostrando que, através da prática, passaram a se perceber mais tolerantes tanto com amigos como com familiares, aceitando opiniões diferentes. Relataram também que começaram a dormir melhor e a dominar a própria ansiedade na véspera de provas e competições. Podemos imaginar o impacto dessa aprendizagem para o futuro das novas gerações e o quanto ela poderá reverberar positivamente na vida adulta de cada aluno quando ele puder enfrentar grandes compromissos com calma e respeito ao próximo.
Na maioria das vezes, pais e mães imaginam que os seus filhos irão aprender a serem bons, tranquilos e caridosos apenas através dos exemplos recebidos dentro de casa. De fato, é muito importante que a família exerça o seu papel na formação moral das crianças, mas a grande verdade é que essas habilidades de vida são de tal forma essenciais que podem ser tema cada vez mais constante de aulas, fazendo parte do currículo escolar.
A bondade, o altruísmo e a compaixão são algumas das aptidões desenvolvidas nas aulas de meditação, e as práticas são elaboradas de acordo com cada faixa etária. No geral, são atividades com duração mais rápida do que seriam para adultos, e com o uso de elementos lúdicos como sons e músicas, brinquedos, livros e movimentos suaves com o corpo, tudo conduzido por profissionais especializados.
“Escolas que ousaram abrir espaço nas suas grades curriculares para a meditação comprovaram benefícios semelhantes: os casos de bullying diminuíram, pequenos desentendimentos desapareceram, o respeito às diversidades ficou melhor estabelecido, e até mesmo a concentração e o rendimento dos alunos durante as aulas de outras matérias aumentaram.”
Com o tempo, a criança, assim como aconteceria com o adulto que começasse a praticar, percebe que está menos impulsiva e mais tranquila. Ao invés de reagir com irritação ou impaciência diante de situações desafiadoras, ela percebe que pode aprender a pensar antes, escolhendo de uma forma mais consciente o que fazer ou falar. Ela passa a notar que reagir por impulso, sem medir consequências, pode causar mágoas e ressentimentos no outro e muitos arrependimentos para si mesma depois. Para piorar, nem sempre aquela forma de reagir irá resolver o problema em questão. Ao contrário, respirar e usar a própria consciência, um dos aprendizados mais importantes que a meditação proporciona ao praticante, seja ele criança ou adulto, podem não só evitar remorsos depois como também mostrar que muito do que o irritava antes agora sequer o incomodam.
“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O Espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 41)”.
Semelhante ao que nos aconselhou Jesus, quando nos pediu que orássemos e vigiássemos, o praticante da meditação aprende a observar-se, buscando aperfeiçoar as suas atitudes nas situações que antes costumava cair no erro. Não há soluções mágicas, nem resultados rápidos, daí a importância de semearmos esse hábito na mais tenra idade. Para tanto, o professor que conduz as práticas irá mostrar ao seu aluno que se trata de um processo de autoconhecimento, onde a gentileza e a paciência consigo, através da aceitação das próprias falhas, serão um dos requisitos.
Richard Davidson, um dos maiores neurocientistas da atualidade e pesquisador dos efeitos da meditação sobre a saúde e o comportamento do ser humano, costuma dizer que a base de um cérebro saudável é a bondade. Devemos, literalmente, exercitar a bondade e a empatia no nosso dia a dia, para que não vivamos autocentrados, e sim para que desenvolvamos em nós o sincero interesse pelo bem-estar do nosso semelhante.
E tem sido esse o trabalho dos professores de meditação dentro das escolas que, desvinculados de qualquer princípio religioso, mas convictos do seu papel de ensinar o amor e o altruísmo, têm trabalhado com afinco na construção desse comportamento bondoso em seus alunos. E, como podemos compreender, esse comportamento é, na sua essência, cristão.
Ensinar uma criança ou adolescente a esse treino mental amoroso e gentil, que faz com que cada um possa olhar para dentro de si e buscar o equilíbrio das próprias emoções, é o objetivo. Porém, as dificuldades para se introduzir todas essas boas intenções no “cardápio” de uma sala de aula são enormes, pois nem sempre a aceitação é imediata. Vale a criatividade na elaboração de atividades que sejam interessantes e divertidas, o comprometimento com os princípios e a constância nas atitudes. Os valores no bem podem ser aprendidos e assimilados, como preconiza o dr. Richard Davidson, quebrando-se antigos hábitos de irritação ou impaciência e transmutando-os para novos, mais dóceis e fraternos.
O dr. Christopher Willard, psicólogo americano especializado em meditação para crianças e jovens, escritor, palestrante e professor da Harvard, sugere que, quando cantarmos parabéns para os nossos pequenos, naquele momento em que costumamos falar para que eles soprem a vela e façam um pedido, devemos sugerir que eles façam sempre três pedidos: um desejo que queiram para si mesmos, um desejo para alguém especial que eles amem e, por fim, um desejo para o planeta. Trata-se de um pequeno novo hábito, fácil e leve, que já irá ensinar a criança a pensar nos seus irmãos em humanidade e a perceber que podem emitir amor aos seus semelhantes.
Marjorie Aun é professora de arte e de meditação para crianças.