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irNum momento de pusilanimidade, Pilatos lavou as mãos e perdeu a maior benção da vida… (Marcos Prisco, no livro Momentos de decisão, psicografia de Divaldo Franco).
Jesus Cristo, carregado pela turba enfurecida e delirante, fora colocado diante de Pôncio Pilatos, o Governador da Judéia, para que fosse confirmada sua pena de morte através da crucificação. Aquela autoridade romana, mesmo afirmando tratar-se, o prisioneiro, de um homem justo e que nada pesava criminalmente contra ele, ante a pressão popular e o medo de perder o prestígio que usufruía perante o Governo de Roma, num gesto simbólico, lavou as mãos, como a dizer façam dele o que quiserem, nada tenho com isso, permitindo que o cortejo macabro o conduzisse ao Gólgota, onde o Mestre fora executado.
Refletindo sobre a atitude vacilante de Pilatos, escondida nos séculos que se passaram, podemos, perfeitamente, identificá-la ainda hoje no comportamento humano, pois com frequência identificamos a omissão das criaturas em muitas situações e acontecimentos sociais.
Lavamos nossas mãos quando nos encastelamos em nossas casas, mesmo diante de tantas dores e sofrimentos que campeiam ao nosso redor, e muitas vezes bem próximo de nós, e não fazemos o mínimo esforço para aliviar, mesmo que seja um pouco, as agruras de um irmão do caminho.
Lavamos nossas mãos quando nos deparamos com idosos sofridos, carentes, passando pela vida em grandes tormentas e não temos sensibilidade nem ânimo para lhe oferecer um gesto de solidariedade.
Lavamos nossas mãos quando possuímos recursos financeiros equilibrados e os retemos em nosso uso próprio, sem nos comover com as grandes tragédias sociais do setor econômico ou da saúde, que fazem inúmeras vítimas na fome e na dor, pelas vielas do mundo.
Lavamos nossas mãos quando o abandono de uma criança ou de um adolescente, que deambula pela estrada da incerteza e do descaso, não nos preocupa, como se fosse uma realidade que não nos pertence.
Lavamos nossas mãos quando nos calamos diante das injustiças, que, frequentemente, vislumbramos no contexto de uma sociedade omissa e prepotente, deixando as coisas seguirem seu rumo, entendendo que nada temos como isso.
Lavamos nossas mãos quando somos patrões e não nos preocupamos com as necessidades dos empregados, e quando somos empregados e não reconhecemos a importância e o valor daqueles que nos empregam.
Lavamos nossas mãos quando não valorizamos a família como sendo o porto ancoradouro das nossas mais profundas afeições, desprezando as valiosas oportunidades de desenvolver o amor, a fraternidade e o respeito, junto daqueles que a vida nos presenteou.
Lavamos nossas mãos quando somos fortes e não amparamos os fracos; quando somos inteligentes e ignoramos os menos dotados intelectualmente; quando somos ricos e menosprezamos os pobres; quando somos influentes e esquecemos os desconhecidos; quando somos famosos e não lembrados dos anônimos.
Pôncio Pilatos não se interessou por Jesus e, num gesto desprezível, deixou de defender o Mestre, o que seria justo e correto, ficando marcado na história mundial como um vacilante, omisso e apegado ao poder temporário. E nós, que conhecemos detalhadamente esse triste episódio, e suas lastimáveis consequências, que lição estamos aprendendo?
Então, diante de qualquer situação, realidade ou acontecimento, respondamos pelos nossos deveres e responsabilidades… Não lavemos nossas mãos. Reflitamos.