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irO processo de envelhecimento e a infância são fases da vida que apresentam desafios muito parecidos. De um lado, o preconceito de que o idoso é fardo social. De outro, os que não compreendem o desenvolvimento infantil, a falsa ideia de que a criança não consegue ser vista como um ser ativo que pensa, questiona e consegue absorver os valores ao seu redor.
Pensando nessas questões, uma casa de repouso em Seattle (EUA) tem funcionado também como creche, promovendo a interação de idosos e crianças. Pelo menos cinco dias por semana, pequenos de 6 meses a 5 anos participam de atividades com os mais velhos, que têm em média 92 anos.
As diferentes gerações têm aulas de música, contam histórias e até aprendem um pouco de arte. O Intergeneration Learning Center (ILC) (Centro de Aprendizado Intergeracional, em tradução livre) tenta promover a integração de crianças e idosos, com objetivos diferentes entre os envolvidos.
Para as crianças, a ideia é desmistificar a velhice e trazer a conscientização de como os idosos devem ser tratados. Já para o pessoal da chamada terceira idade, o objetivo é mostrar que eles continuam tendo função social e que os últimos anos de suas vidas também devem ser bem vividos. “Nós queríamos que este lugar fosse um local no qual as pessoas viessem para viver, não viessem para morrer”, explica Charlene Boyd, administradora do Providence Mount St. Vicent. De acordo com a responsável pelo espaço, o ILC foi desenvolvido há 29 anos e tenta trazer sentido para a vida de todos os envolvidos.
Uma das primeiras crianças a participar do projeto, inclusive, foi o filho de Boyd, Ryan Smith. Em 2015, com 23 anos na época, o jovem contou ao Seattle Times que o programa fez com que ele crescesse com a sensação de que precisa ajudar o próximo.
Erroneamente, costumamos classificar a melhor parte da nossa vida pelas nossas memórias, enquanto esquecemos que podemos viver novas experiências a cada dia. Pensando nisso, Boyd acredita que a vida desses idosos podem ser repletas de emoção até seus últimos dias. Cativando a comunidade de Seattle, a ILC tem uma lista de espera de dois anos e meio para a entrada de novas crianças. Atualmente, a creche comporta 125 alunos, que aprendem e se divertem com os idosos da casa de repouso.
Há 13 anos como instrutora do local, Eileen Hirami conta que a união de gerações tão distantes é desafiadora, repleta de felicidade, mas também tem seus estresses: “Nós temos todo o espectro da vida aqui e é a alegria e o desafio de sempre estar junto. Às vezes é só felicidade, às vezes é só estresse – como podemos crescer juntos?”
No Brasil, temos o projeto “Encontro entre as Gerações – Intergeracional”, conhecido também como Vovó Criança, na Primeira Infância da Liga Solidária, que “visa aproximar as gerações, considerando a interação e as brincadeiras entre as faixas etárias como estratégia de desenvolvimento e aprendizagem. Essa iniciativa possibilita a construção de vínculos e fortalece os laços afetivos, objetivando o desenvolvimento integral da criança, em que os diferentes tempos de infância e envelhecimento são reconhecidos e percebidos em suas particularidades e diferenças. A criança por ter muito a descobrir, e o idoso por ter muitas experiências. Estimular as trocas intergeracionais por meio de encontros entre crianças da Primeira Infância e os idosos do residencial Lar Sant’Ana, unidade Butantã, é um facilitador para as relações, possibilitando o conhecimento de si, e do outro, propiciando a socialização e educação para a vida”.
O seis benefícios dessa iniciativa são:
“I – Proporcionar trocas intergeracionais entre crianças, idosos, professoras e envolver a comunidade escolar;
II – Contemplar os direitos de aprendizagem, considerando o desenvolvimento integral e participação ativa das crianças no processo de construção do planejamento a partir das vivencias compartilhadas;
III – Possibilitar espaços de convivência, fortalecimento de vínculo e lações afetivos entre os pares, visando ao desenvolvimento integral da criança na troca de aprendizagem e experiências com os idosos;
IV – Criar um ambiente de socialização entre as crianças e os idosos, promovendo atividades (experiências) que considere as crianças e idosos protagonistas, potentes e exploradores em ação;
V – Promover o desenvolvimento de propostas entre crianças e idosos que estimule à postura autônoma e desenvolva o senso de responsabilidade ao adquirir habilidades que complementam o seu desenvolvimento integral;
VI – Desenvolver nas crianças atitudes de respeito e cuidado de si e para com os idosos.”
As propostas planejadas e executadas durante os encontros devem ser compartilhadas com as famílias, comunidade escolar e com as próprias crianças e idosos. Tais atividades são desenvolvidas nesse encontro de gerações de forma lúdica e atrativa, tornando cada participante, mesmo que em momentos diferentes da vida, protagonista e explorador de suas histórias.
Essas são algumas dicas que você pode incluir na rotina de idosos e crianças da sua família. Não precisa se limitar a elas. Solte sua imaginação!
VEJA a incrível maneira de como neto dribla Alzheimer de avó – histórias reais EP 18. Razões para Acreditar, 10 maio 2021. Disponível neste link!
MULLER, Dagmar H. Minha avó tem Alzheimer. São Paulo: Scipione, 2007. Coleção Igualdade na Diferença.
MARQUES, Izabel de Madureira. O fim e o começo: uma leitura psicanalítica do encontro intergeracional entre adolescentes e idosos. São Paulo: Escuta, 2016.
SANTOS, Divina de Fatima dos. Intergeracionalidade: cartas na mesa. Belo Horizonte: Portal, 2019.
SEIS BENEFÍCIOS para promover atividades educativas entre crianças e idosos. Liga Solidária, [2022?]. Disponível neste link!
THE GROWING Season Trailer. The Growing Season Film, 4 jun. 2015. Disponível no vídeo abaixo! : https://www.youtube.com/watch?v=6K3H2VqQKcc.