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irDesde 7 de setembro de 1822, quando Dom Pedro de Alcântara, então príncipe regente, rompeu com Portugal e anunciou a independência do Brasil, muita coisa mudou em nosso país. Foram 200 anos de transformações na nossa sociedade, que nos fizeram evoluir em frentes como moral, saúde e educação. Em todo esse tempo, de uma coisa podemos nos orgulhar: sempre fomos um país pacífico, nunca tivemos uma postura bélica.
Em 1822, o Brasil era pobre e desigual. Sabemos que continua assim, mas nosso país passou para o grupo de renda média. Colocamos fim à escravidão em 1888. Nossa expectativa de vida saltou dos 25 para cerca de 75 anos. A mortalidade na infância que girava em torno de 400 mortes para cada mil nascimentos no início do século XIX caiu para menos de 20 por mil, atualmente. Mais de 90% da população era completamente analfabeta naquele tempo. Hoje, o analfabetismo caiu para menos de 10%.
O número de habitantes cresceu, aproximadamente, 50 vezes nos 200 anos da Independência. O Brasil está entre os países que apresentaram maior crescimento demográfico nos últimos dois séculos e, atualmente, é o sexto país mais populoso do mundo, ficando atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Paquistão.
Como vemos, o caminhar dos anos nos trazem sempre mais desafios e se faz necessário que nos adaptemos às novas realidades. O desenvolvimento de nosso país como nação demanda um grande esforço coletivo e um comprometimento individual.
E quando celebramos estes dois séculos de Independência, não podemos deixar de relembrar que essa quadra de nossa história, assim como a própria chegada de Pedro Álvares Cabral em nossas terras, foram devidamente planejadas e acompanhadas pelo plano espiritual, como vemos nas obras Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho e Falando à Terra.
Uma das citações de grande profundidade que encontramos no livro de Humberto de Campos (Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho) é a de Ismael: “[…] O problema da liberdade é sempre uma questão delicada para todas as criaturas, porque todos os direitos adquiridos se fazem acompanhar de uma série de obrigações que lhes são correlatas”. É na mesma obra que muitos aceitam como recomendações importantes para o nosso povo – e outros tantos rejeitam de forma irônica – que podemos ver que Cristo conta com o nosso país para desempenhar um papel de responsabilidade no mundo, com base na implantação de seu Evangelho na Terra. Entretanto, devemos ter claro que esta não é uma distinção, ou mesmo um privilégio que nos distingue de outros países, por isso devemos encará-lo como um comprometimento como povo para com o Mestre. Chico Xavier nos alertou no livro Lições de sabedoria, quando perguntado sobre o papel do Brasil na nova era, que apesar de sermos o coração do mundo, deveríamos através de nossa prática provarmos ser a Pátria do Evangelho.
Os caminhos do descobrimento, passando pela Independência, nos demonstram que, inegavelmente, tivemos conquistas e avanços, porém o amadurecimento moral é essencial. Por ocasião de 2012, quando Marlene Nobre nos convidava a refletir sobre os momentos de transição que o mundo passava e continua passando, ela nos descreveu o papel do Brasil nesta nova era, naturalmente, contando com o progresso moral necessário. Dizia-nos ela que estamos pagando duas grandes dívidas históricas: a Guerra do Paraguai e a escravidão. Entretanto, a nossa história de mais de cinco séculos, passando pelo episódio de nossa Independência, aconteceu com luta e sofrimento, enquanto em outras nações esses processos se deram com muitas guerras e derramamento de sangue.
Se há algo que devemos bravamente lutar para os nossos próximos 200 anos é a manutenção de nossa postura pacífica diante dos acontecimentos. Em tempo algum, a violência, a guerra, o ataque vil ao nossos irmãos será caminho para o nosso povo, ou para qualquer outro. Não podemos nos distrair para que dívidas coletivas pesadas como as que resultam da pena de morte, do aborto ou das guerras civis nos assolem.
Nas palavras de Humberto de Campos, o Brasil deverá cumprir sua predestinação histórica, que será a de ser a Pátria do Evangelho: “O país escreverá a sua epopeia de realizações morais, em favor do mundo”. Sabemos que nada se fará sem esforço coletivo. O compromisso com os avanços morais de nosso país é de todos nós. Devemos ter muito claro que os passos que nos trouxeram até aqui, com alguns tropeços é verdade, necessitam de nosso sacrifício pessoal para seguirmos adiante.
A opção pela paz, em todas as suas expressões, e mesmo que sem deflagramos guerras, nos levará para a consolidação de uma situação mais justa, com menos desigualdades, sem miséria e, sobretudo, com valores morais que nos possibilitem cumprir o que espera de nós o Nosso Mestre Jesus, que é ser a Pátria do Evangelho.
Passados 200 anos de nossa Independência, aumenta a cada dia nossa responsabilidade pelo nosso destino e pelo cumprimento de nossos deveres. É necessário que todos os brasileiros, independentemente de raça, classe social e religião, trabalhem pela paz, cultivando a oração e buscando cumprir a regra áurea: “Ama a teu próximo como a ti mesmo”, como nos recomendou a dra. Marlene ao falar do papel do Brasil na nova era.