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irHomenagem aos professores e a todos que abraçam a difícil tarefa de educar
Por ocasião do Dia dos Professores, em 1998, ganhei de presente o livro O valor de educar, de Fernando Savater (foto). Esse livro é tão especial que gostaria de entregar pessoalmente um exemplar a cada professor, professora, evangelizador e evangelizadora em homenagem ao nosso dia.
Até então, não conhecia muito bem a obra do importante autor. Fernando Savater nasceu em 21 de junho de 1947, é espanhol e reside no País Basco. É conhecido por ser um filósofo da ética, da educação e ativista em movimentos contra o nacionalismo e o terrorismo. Desde 1995, é professor de Filosofia na Universidade Complutense de Madri e, atualmente, é diretor da revista cultural Claves de Razón Prática. Envolvido em polêmicas culturais, estéticas e políticas na Espanha, obteve influências de Nietzsche, Cioran e Spinoza, e sua linha de pensamento foi categorizada como antiautoritarismo radical. Escreveu mais de 50 obras, traduzidas em diversos idiomas. Na área da educação, destacamos O valor de educar, Desperta e lê e Ética para meu filho, obras em que o filósofo se dirige aos protagonistas da educação, compartilhando perplexidades e esperanças.
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Gostaria, assim, de citar uma pequena fração do início da obra O valor de educar, para que sirva de incentivo aos queridos amigos que abraçam a difícil e gloriosa tarefa de educar. A obra começa com “Carta à professora”. Aborda as complexidades e dificuldades da educação na atualidade, pois adéqua-se a qualquer tempo, principalmente aos dias de hoje. Lembra da necessidade de sermos impacientes, agitados, ansiosos, desassossegados e de buscarmos continuamente reflexões para o ofício de ser professor. Aponta sobre as dificuldades da carreira de docente, como baixos salários e pouquíssimo prestígio social, além de que na sua grande maioria a educação só é lembrada como parte de programas políticos.
“Permita-me, cara amiga, que eu inicie este livro dirigindo-me a você para render-lhe tributo de admiração e para lhe recomendar estas páginas. Chamo-lhe ‘amiga’, no entanto você bem pode ser ‘amigo’, sem dúvida, pois refiro-me a todos e a cada um dos professores; mas optar pelo feminino nesta ocasião é mais do que fazer um aceno ao politicamente correto. Primeiro, porque neste país o ensino elementar costuma ser majoritariamente a cargo do sexo feminino (é essa, pelo menos, minha impressão: curvo-me às estatísticas caso elas me desmintam); segundo, por uma razão íntima suficientemente esclarecida pela dedicatória da obra e que talvez esteja subjacente, como oferenda de amor, ao próprio propósito de escrevê-la.
Quanto à admiração, também não há pretensão de adulação oportunista. Antes de tudo considero professores e professoras o grupo mais necessário, mais esforçado e generoso, mais civilizador dentre todos nós que trabalhamos para atender às demandas de um Estado democrático.
Entre os parâmetros básicos que se podem indicar para calibrar o desenvolvimento humanista de uma sociedade, o primeiro é, a meu ver, o tratamento e a consideração que ela dispensa a seus professores (o segundo pode ser o seu sistema penitenciário que tanto tem a ver, como avesso obscuro, com o funcionamento do anterior).”
Na continuidade, é visto como otimista. Para ser professor, temos de ser otimistas e acreditar na perfeição do ser humano: “os pessimistas podem ser bons domadores, mas não bons professores”. Coloca em seu texto a situação do professor da educação básica, que não é valorizado, não tem valor ou importância social e não é reconhecido enquanto sujeito transformador. Discorre sobre o ofício político transformador da profissão, entre outros conceitos filosóficos e psicológicos. É difícil traduzir a força de suas palavras, é preciso lê-las com toda a atenção e ter o coração aberto para recebê-las. Portanto, não deveriam ser lidas somente por professores, e sim por todos os profissionais.
Encerra a carta dizendo: “Aqui está também a explicação do título de meu livro. Falarei do valor de educar no duplo sentido da palavra ‘valor’: quero dizer que a educação é valiosa e válida, mas também que é um ato de coragem, um passo à frente da valentia humana. Covardes ou receosos abstenham-se. O mal é que todos nós temos medos e receios, sentimos desânimo e impotência, e por isso a profissão de professor – no sentido mais amplo do termo, no mais humilde também – é a tarefa mais sujeita a quebras psicológicas e depressões, a cansaço desalentado acompanhado pela sensação de sofrer abandono numa sociedade exigente, mas desorientada. Daí novamente minha admiração por vocês, minha amiga. E minha preocupação por aquilo que os – nos – debilita e desconcerta. As páginas que se seguem não pretendem mais do que acompanhar os que se lançam valentemente neste mar perplexo do ensino e também suscitar nos demais cidadãos o necessário debate que poderá ajudar a todos nós”.
Deixo aqui o meu abraço e profundo respeito às amigas e aos amigos colegas de profissão.
FERNANDO Savater. Fronteiras do pensamento, [2022?]. Disponível em: https://www.fronteiras.com/descubra/pensadores/exibir/fernando-savater. Acesso em: 29 set. 2022.
SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
______. Desperta e lê. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
______. O valor de educar. São Paulo: Martins Fontes, 1998.