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Os 3 Ds das conversas: debate, discussão e diálogo

No mundo moderno e com as demandas que o constituem, surgem questões muito importantes para nossa reflexão: as pessoas não se escutam mais? Como aprender a escutar o outro? Estamos vivendo uma pobreza na formação para o debate? Alex Bretas (2017), escritor, palestrante e arquiteto de aprendizagem autodirigida, coautor do livro Core Skills: 10 habilidades essenciais para um mundo em transformação, nos convida para um estudo sobre debate, discussão e diálogo.

Segundo Bretas (2017), é possível compreender as características específicas dos diferentes tipos de conversa e, a partir delas, melhorar a qualidade das interações que temos com o outro e com a gente mesmo. Na sequência, transcrevemos as principais ideias dele (Bretas, 2017).

Debate

O exemplo que mais facilmente aparece quando pensamos num debate costuma ser o presidencial. Os candidatos preparam de antemão suas artilharias de argumentos e defesas e procuram fazer perguntas para atacar o oponente. As respostas são ou evasivas e robóticas, ou inflamadas e inchadas. Há convencimento, persuasão, tentativas de desqualificar o outro – inclusive apelando para questões pessoais –, e o que está por trás de tudo isso é uma conversa cindida, com lados muito bem definidos, isolados e antagônicos.

Uma das origens da palavra “debate” vem do verbo em latim battuere, que significa justamente “lutar”, e sua raiz provém do termo indo-europeu bhau- (golpear”, “ferir”), o mesmo que ajudou a formar as palavras “abater” e “abatedouro”. Fica claro, portanto, a situação belicosa que é o debate. A premissa básica é: “minha verdade eliminará a sua, e assim me provarei vencedor”. O fim justifica os meios.

Discussão

O que vem à sua mente ao imaginar a palavra “discussão”? Para boa parte das pessoas, não se trata de uma conversa amigável. Quando discutimos sobre algum tema, geralmente o que queremos é chegar a uma conclusão sobre ele. Ainda que não tenhamos lados muito bem definidos desde o início, como no debate, há divergências de pontos de vista que vão aparecendo no decorrer da discussão.

Vamos supor que você, sua esposa/marido e sua mãe, que mora com você, decidem se mudar para uma casa nova. Começa aí não apenas um processo investigativo para levantar possíveis imóveis interessantes, mas também uma discussão entre a família para escolher que tipo de casa é a melhor opção para todos. Serão analisados vários fatores: localização, número de vagas na garagem, estado de conservação do imóvel, se é mobiliado ou não, quantos quartos, quantos metros quadrados, preço do aluguel, como é a vizinhança, se a casa é segura ou não etc.

Discussão, portanto, é a conversa que nos permite analisar as minúcias de algo de modo a abrir caminho para uma conclusão. O prefixo “cuss”, também presente nas palavras “percussão” e “concussão”, significa quebrar, separar, discriminar, ou seja, quando discutimos, estamos quebrando o assunto em partes menores para poder olhar no detalhe cada uma delas.

A grande questão é que muitas vezes estamos discutindo com alguém, mas, na verdade, não precisamos de fato chegar à conclusão alguma. É nosso ego que está discutindo por medo de aceitar que existe o diferente. Chegar a uma (única) conclusão é, frequentemente, uma postura totalitária.

E se existisse uma conversa que não fosse baseada em desqualificar o outro nem em reduzir o assunto em partes menores para se chegar a uma conclusão? É até um pouco difícil acreditar que ela exista, dado que dificilmente encontramos interações desse tipo por aí. Justamente por isso, o diálogo é cada vez mais necessário.

Como exemplo, vale resgatar a história que o Arnaldo Bassoli, um dos fundadores da Escola de Diálogo, sempre conta. Imagine que, durante uma conversa, um amigo confessa a você que não gosta de cachorros. Mais do que isso: ele realmente quer distância dos bichinhos. Sua reação após ouvir essa fala poderia ser ou de contestação (“Como assim, você não gosta de cachorros? Mas eles são tão legais!”) ou de curiosidade (“Por que você não gosta? Aconteceu alguma coisa?”). Quando você reage com curiosidade, querendo saber os motivos e as experiências – em linguagem técnica, os pressupostos – que estão por trás da confissão de seu amigo, você está cultivando terreno para o diálogo acontecer.

Ao fazer isso, ele diria o que está realmente acontecendo: “sabe o que é, você vê essa cicatriz aqui no meu rosto? Há muitos anos, fui acariciar um cachorro na rua e ele me mordeu. Foram 12 pontos, muita dor e ainda fiquei com essa cicatriz horrível”. Você, então, compreende as bases subjetivas de significado que sustentam a postura de seu amigo. Isso é diálogo.

Vejamos o que a etimologia da palavra nos traz:

  • Día = atravessar algo por inteiro (“diâmetro”, por exemplo, é a linha que atravessa completamente um círculo).
  • Logos = significado.

Diálogo, portanto, pode ser entendido como a conversa em que os significados nos atravessam por inteiro. Foi exatamente o que aconteceu na história do amigo que não gostava de cachorros. Ao nos permitirmos ter uma reação de curiosidade e interesse genuíno pelo outro, os sentidos e as crenças mais profundas podem então ser compartilhadas sem ameaças de julgamento, desqualificação ou redução.

Arnaldo Bassoli (2015), psicólogo, psicoterapeuta, especializado em jogos cooperativos, facilitador de grupos de diálogo, pós-graduado em Cinesiologia e Gestalt-Terapia, um dos fundadores da Escola de Diálogo, sustenta que existem três condições para que o diálogo aconteça:

  • Igualdade: ausência de hierarquia ou não interferência das relações de poder entre quem dialoga.
  • Escuta empática: esvaziar-se do meu mundo para viajar temporariamente ao mundo do outro, tentando enxergar como ele enxerga.
  • Poder explicitar os pressupostos: investigar meus próprios pressupostos (isto é, minhas visões de mundo, crenças, motivações e histórias de vida) e poder perguntar o que faz o outro pensar, sentir e agir de determinada forma.

Além dessas condições, não custa relembrar: sempre que queremos convencer o outro – ainda que só um pouquinho ou quando esse desejo é inconsciente –, é impossível haver diálogo. Sempre que precisamos colocar nosso ego à frente e concordar/discordar do outro, o diálogo, assim como a possibilidade do significado nos atravessar por inteiro, fica comprometido.

Christian Dunker (2017), psicanalista, professor titular do Instituto de Psicologia da USP (2014) no Departamento de Psicologia Clínica, nos leva a uma outra reflexão: como aprender a escutar o outro? “Com a nossa incapacidade de escutar o outro numa cultura de indiferença, numa cultura do ódio, numa cultura hiperindividualização, surge um diagnóstico espontâneo, as pessoas não se escutam mais. E aí vem essa demanda mais ou menos espontânea de como que a gente aprende a escutar o outro. Isso devia ser assim uma matéria para o currículo escolar, certa forma verdade não uma matéria constituída, mas isso vem da nossa formação política, isso vem da nossa formação para o debate, aqui no Brasil é muito pobre, isso vem de experiências em que a escuta do outro seja de fato relevante.”

O Espiritismo e a comunicação

No livro Nosso lar, no capítulo 26, Lísias dá uma instrução muito importante acerca da comunicação entre a Terra e a Colônia e o que mantém Nosso Lar em perfeita harmonia: “Após enlevar-me na contemplação do quadro prodigioso, como se estivesse bebendo a luz e a calma da noite, voltamos ao interior onde Lísias se aproximou de pequeno aparelho postado na sala, à maneira de nossos receptores radiofônicos. Aguçou-se-me a curiosidade. Que iríamos ouvir? Mensagens da Terra? Vindo ao encontro de minhas interrogações íntimas, o amigo esclareceu:

– Não ouviremos vozes do planeta. Nossas transmissões baseiam-se em forças vibratórias mais sutis que as da esfera da crosta.

– Mas não há recurso – indaguei – para recolher as emissões terrestres?

– Sem dúvida que temos elementos para fazê-lo, em todos os Ministérios; entretanto, no ambiente doméstico o problema de nossa atualidade é essencial. A programação do serviço necessário, as notas da Espiritualidade Superior e os ensinamentos elevados vivem, agora, para nós outros, muito acima de qualquer cogitação terrestre.

A observação era justa; mas, habituado ao apego doméstico, inquiri, de pronto:

– Será́ tanto assim? E os parentes que ficaram a distância? Nossos pais, nossos filhos?

– Já́ esperava essa pergunta: nos círculos terrestres somos levados, muitas vezes, a viciar as situações. A hipertrofia do sentimento é mal comum de quase todos nós. Somos, por lá́, velhos prisioneiros da condição exclusivista. Em família, isolamo-nos frequentemente no cadinho do sangue e esquecemos o resto das obrigações. Vivemos distraídos dos verdadeiros princípios de fraternidade. Ensinamo-los a todo mundo, mas, em geral, chegado o momento do testemunho, somos solidários apenas com os nossos. Aqui, porém, meu amigo, a medalha da vida apresenta a outra face. É preciso curar nossas velhas enfermidades e sanar injustiças. No início da colônia, todas as moradias, ao que sabemos, ligavam-se com os núcleos de evolução terrestre. Ninguém suportava a ausência de notícias da parentela comum. Do Ministério da Regeneração ao da Elevação, vivia-se em constante guerra nervosa. Boatos assustadores perturbavam as atividades em geral. Mas, precisamente há́ dois séculos, um dos generosos Ministros da União Divina compelia a Governadoria a melhorar a situação. O ex- Governador era talvez demasiadamente tolerante. A bondade desviada provoca indisciplinas e quedas. E, de quando em quando, as notícias dos afeiçoados terrestres punham muitas famílias em polvorosa. Os desastres coletivos no mundo, quando interessassem algumas entidades em “Nosso Lar”, eram aqui verdadeiras calamidades públicas. Segundo nosso arquivo, a cidade era mais um departamento do Umbral, que propriamente zona de refazimento e instrução. Amparado pela União Divina, o Governador proibiu o intercâmbio generalizado. Houve luta. Mas o Ministro generoso, que incrementou a medida, valeu-se do ensinamento de Jesus que manda os mortos enterrarem seus mortos e a inovação se tornou vitoriosa em pouco tempo”.

Referências

BASSOLI, Arnaldo. Diálogo. TEDx Talks, 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lKt96NbzhWU. Acesso em: 25 out. 2022.

BRETAS, Alex. 3 Ds das conversas: Debate, Discussão e Diálogo. 2017. Disponível em:  https://alexbretas11.medium.com/3-ds-das-conversas-debate-discussão-e-diálogo-6cdb7f782c36. Acesso em: 25 out. 2022.

CHRISTIAN Ingo Lenz Dunker. Disponível em: https://www.ip.usp.br/site/christian-ingo-lenz-dunker/. Acesso em: 25 out. 2022.

DUNKER, Christian. Como aprender a escutar o outro? Casa do Saber, 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Zo-jk4kVtE8. Acesso em: 25 out. 2022.

ESCOLA de diálogo de São Paulo Disponível em: http://escoladedialogo.com.br/escoladedialogo/. Acesso em: 25 out. 2022.

LUIZ, André (Espírito). Nosso Lar. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1944. (Coleção A Vida no Mundo Espiritual, 1). MIRANDA, Herminio Corrêa de. Diálogo com as sombras. Brasília, DF: FEB, 2021.

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