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Indígenas brasileiros – Espiritualidade

Dando continuidade ao artigo publicado na edição de fevereiro da Folha Espírita, vamos passar para dois pontos importantes da cultura dos povos indígenas: a espiritualidade e a arte.

A espiritualidade indígena, além de resgatar traços históricos e culturais de sua sociedade, também nos remete à sua prática ritual que, por meio da rememoração dos mitos, fortalece a espiritualidade ancestral. Na espiritualidade indígena, o sagrado é situado em muitas realizações do cotidiano e em celebrações mais ritualísticas, como a roda do Toré. Desse modo, essa riqueza cultural é repassada às novas gerações.

Espiritualidade nos povos indígenas

Atualmente, existem cerca de 300 etnias indígenas no Brasil. Cada povo tem seu próprio sistema de crenças, com seus rituais, seus deuses e suas lendas. Uma das principais características das religiões dos povos indígenas é a figura do xamã – o pajé (pai’é), em tupi-guarani.

O pajé é um líder espiritual, um especialista em assuntos religiosos que, por meio do transe, consegue entrar em contato com os Espíritos dos antepassados e seres sobrenaturais. O pajé, portanto, é aquele que estabelece a intermediação entre a aldeia dos vivos e a “aldeia” dos Espíritos, sejam estes pertencentes a pessoas ou animais. A principal tarefa dos xamãs é a cura. Durante esse trânsito entre o mundo dos vivos e a dimensão sobrenatural, o xamã consegue controlar os Espíritos causadores das enfermidades, evitando, inclusive, a morte do paciente.

As religiões dos povos indígenas do Brasil são politeístas, cultivam muitas entidades enão há a adoração a uma única divindade. Também não há dogmas ou um conjunto de doutrinas registradas em livros sagrados, como a Bíblia. Um traço importante da religiosidade dos povos indígenas é acrença em seres sobrenaturais ou Espíritos. Essas divindades variam bastante entre as etnias. Os Yanomami, por exemplo, creem na existência de Espíritos da floresta (xapiri) que moram no topo das montanhas.

Exemplos de algumas culturas

A mitologia tupi-guarani possui um sistema complexo e até independente de lendas que explica tanto a criação do mundo quanto a dos próprios seres humanos. A figura primária da criação é Iamandu ou Nhamandú, que em outras versões pode ser chamado de Nhanderuvuçu, Ñane Ramõi Jusu Papa – “Nosso Grande Avô Eterno” ou, ainda, Tupã.

Para os Guarani-Kaiowá, Ñane Ramõi constituiu-se a partir de uma substância originária chamada Jasuka, e então criou os outros seres divinos, bem como a sua esposa, Ñande Jari – “Nossa Avó”. Ele também criou a Terra, o céu e as matas, porém viveu por pouco tempo na Terra, antes de ela ser ocupada pelos seres humanos, deixando-a após desentendimentos com sua esposa.

O filho de Ñane Ramõi, Ñande Ru Paven – “Nosso Pai de Todos” – e sua esposa, Ñande Sy – “Nossa Mãe” – ficaram responsáveis pela divisão da Terra entre os povos e criaram diversos instrumentos de sobrevivência para os humanos. Ñande Ru Paven, seguindo o exemplo do pai, também abandonou a Terra por conta de ciúmes, deixando a esposa grávida de gêmeos. Disso, nasceram os irmãos Pa’i Kuara e Jasy, que foram escolhidos para protegerem o Sol e a Lua, respectivamente.

Já para os povos tupis, Tupã é a figura paterna criadora do Universo, que, auxiliado pelo deus Sol Guaraci, criou todos os seres vivos. Vamos entender a seguir como essas energias solares e lunares são representadas na mitologia tupi-guarani.

Entre os Tenetehara (conhecidos, no Maranhão, como Guajajara, e no Pará, como Tembé), existe a crença tradicional nos karoara, seres sobrenaturais. Os Tenetehara distinguem quatro tipos de Espíritos:

  • criadores;
  • das florestas;
  • dos mortos;
  • dos animais;

Um importante mito tupi fala de Mahyra, Espírito criador ou herói mítico ancestral. Num mundo completamente destruído por um grande incêndio, Mahyra saiu de um pé de jatobá, criou uma mulher para si (com quem teve filhos), construiu a primeira casa, cultivou a primeira plantação de milho e entregou o fogo aos homens. Assim, na mitologia tupi, Mahyra é um herói civilizador.

Entre os índios suruí, que habitam os estados de Mato Grosso e Rondônia, os karoara são Espíritos negativos, responsáveis por provocar doenças e até a morte. O processo de cura, conduzido pelo xamã, consiste na retirada do karoara do corpo da pessoa enferma.

A cultura indígena é vasta. Atualmente, existem cerca de 300 etnias indígenas no Brasil, cada uma com comportamentos e costumes diferentes. Mergulhar na cultura indígena é navegar em um mar infinito. As principais lideranças indígenas no Brasil estão reescrevendo a história de seus povos. A lista abaixo é certamente incompleta e outros nomes merecem ser mencionados, mas ela nos dá uma ideia da intensa atuação dessas lideranças na atualidade e da importância em atender às demandas indígenas com vistas a uma cultura de paz e respeito às pessoas:

  • Raoni Metuktire, povo Kayapó, MT;
  • Davi Kopenawa, povo Yanomami, AM;
  • Sônia Guajajara, povo Guajajara/Tentehar, MA;
  • Jacir de Souza Macuxi, povo Macuxi, RR;
  • Daniel Munduruku, povo Munduruku, PA, AM, MT;
  • Ailton Krenak, povo Krenak, MG;
  • Joênia Wapichana, povo Wapichana, RR;
  • Célia Xakriabá, povo Xakriabá, MG;
  • Myrian Krexu, povo Guarani Mbyá, SC;
  • Cristine Takuá, povo Maxakali, SP;
  • Daiara Tukano, povo Tukano, AM;
  • Arissana Pataxó, povo Pataxó, BA;
  • Hamangaí Pataxó Hã-Hã-Hãe, povo Pataxó, BA;
  • Sonia Ará Mirim, povo Guarani Mbya, SP.

Referências

14 LIDERANÇAS indígenas que estão reescrevendo a história de seus povos. Ensinar História – Joelza Ester Domingues, 9 ago. 2022. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/liderancas-indigenas-que-estao-reescrevendo-a-historia-de-seus-povos/. Acesso em: 31 mar. 2023.

GALDINO, Luiz. Mitologia indígena. São Paulo: Nova Alexandria, 2018.

KOENIG, Harold. Medicina, religião e saúde: o encontro da ciência e da espiritualidade. Porto Alegre: L&PM, 2012.

SILVA, Anne Emanuelle Cipriano da; SOUZA, Jose Rodrigo Gomes de. O mito e o rito na espiritualidade indígena: uma visão a partir dos Potiguara e Tabajara da Paraíba. Diversidade Religiosa, v. 7, n. 1, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/dr/article/view/32295. Acesso em: 31 mar. 2023.

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