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Dicionário espírita de Libras

A pessoa vivenciando, presentemente, a oportunidade de melhoramento intelecto-moral por meio da surdez, busca, no Espiritismo, o esclarecimento, a consolação, a orientação para seu amadurecimento como Espírito em evolução. No entanto, apesar de a Doutrina Espírita ter por premissa a inclusão social, ou seja, atender ao pedido de Jesus de “evangelizar a todas as gentes”, várias são as dificuldades encontradas pela pessoa surda para a continuidade dos estudos nas casas espíritas. Para tanto, precisamos preparar os trabalhadores e dirigentes para a efetiva inclusão com a adoção da sua acessibilidade comunicativa primordial: a língua de sinal (que, no Brasil, é a Libras).

Vamos então conhecer um pouco da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). É uma língua de modalidade gestual-visual com a qual é possível se comunicar por meio de gestos, expressões faciais e corporais. É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão desde 24 de abril de 2002, pela Lei n. 10.436. A Libras é muito utilizada na comunicação com pessoas surdas, sendo, portanto, uma importante ferramenta de inclusão social.

Assim como existem várias línguas faladas no mundo, também existem várias línguas de sinais pelo mundo. Cada país tem a sua, tal como temos nossa própria língua falada. Vejamos algumas línguas de sinais espalhadas pelo mundo:

  • Argentina – Lengua de Señas Argentina (LSA);
  • Brasil – Língua Brasileira de Sinais (Libras);
  • Chile –Lengua de Señas Chilena (LSCH);
  • Estados Unidos –American Sign Language (ASL);
  • França –Langue des Signes Française (LSF);
  • Portugal – Língua Gestual Portuguesa (LGP);
  • Reino Unido – British Sign Language (BSL).

De acordo com o escritor Almir Cristiano (2017), “muitos acham que, por se tratar de comunicação por gestos, ela deveria ser igual para todos os surdos. Outros acham que a comunidade surda do mundo, por ser pequena, deveria fazer uso de apenas uma língua de sinais, até mesmo, por se tratar de uma linguagem icônica (representativa). Vejamos por que não é assim: primeiro que a língua de sinais não é baseada em gestos ou mímicas, trata-se de uma língua natural, com léxico (léxico é todo o conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm à sua disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito) e gramática próprios. Segundo, que cada comunidade de surdos desenvolveu a sua própria língua de sinais […]”.

Instrumento de consulta à Doutrina Espírita

O Grupo de Estudos Surdos Espíritas (GES Espíritas) criou o Dicionário Espírita: Libras, que é um instrumento de consulta inerente à Doutrina Espírita. Foi desenvolvido sem fins lucrativos, estando gratuitamente disponível na mídia por meio de uma plataforma on-line. O projeto abrange obras espíritas, biografias e links. Acesse: http://www.dicionarioespiritalibras.com.br

O site traz uma explicação sobre o projeto que vale a pena transcrevermos aqui. Segue.

Trata-se de um instrumento de consulta que abrange componentes lexicais da Língua Brasileira de Sinais. O leitor seleciona uma palavra (verbete), e essa é identificada em Língua Brasileira de Sinais, tendo, também, a opção de visualizar a tradução/interpretação em Libras de cada acepção. É possível identificar que há alguns verbetes que apresentam a mesma grafia, mas com significados distintos que são baseados nos fundamentos da Doutrina Espírita. Nesses casos, os sinais são representados considerando-se o contexto indicado, como, por exemplo, o verbete “céu” referenciado como espaço indefinido que circunda a Terra (Kardec, 2016a, p. 25), [parte I, cap. III, item 01] é, também, identificado como mundo espiritual (Kardec, 2016a, p. 27) [parte I, cap. III, item 05], tendo em vista o contexto apresentado pela Doutrina Espírita. E, ainda, há verbetes com grafias diferentes que, na Língua Brasileira de Sinais utilizam o mesmo sinal, observando que ambos têm o mesmo significado, conforme identificado nos verbetes “perispírito” e “corpo fluídico”. Analisando os aspectos gramaticais da Língua Brasileira de Sinais, existem alguns sinais que denominamos como sinais icônicos, aqueles que, quando produzidos, trazem a lembrança do formato de um objeto dando-lhe representação por meio da semelhança. E outros que denominamos como sinais arbitrários, usados para referenciar os sinais que não apresentam qualquer semelhança com o objeto referente, tendo sua associação estabelecida a partir do conceito do objeto. O Dicionário Espírita: Libras foi desenvolvido tendo em conta a compreensão do conceito de cada vocábulo, evitando criar sinais aleatoriamente.

Grupo de Estudos Surdos Espíritas – GES Espíritas

Somos um grupo composto por pessoas surdas e por ouvintes bilíngues. Temos uma estrutura organizacional composta por uma orientadora/coordenadora da pesquisa, uma equipe que compõe o colegiado, 10 pesquisadores bilíngues e diversos colaboradores espíritas. Criamos o GES Espíritas com a finalidade, a priori, de desenvolver estudos sistematizados sobre a Doutrina Espírita e, a partir dessa, criar e catalogar diversos sinais da Língua Brasileira de Sinais que estão identificados nesse dicionário. E, ainda, realizamos diversas tarefas em caráter voluntário, com a finalidade de divulgar a importância de o Movimento Espírita desenvolver ações inclusivas para as pessoas surdas. Além da pesquisa e criação do dicionário, que também é um dos instrumentos de acessibilidade, o GES Espíritas promove consultorias, palestras, rodas de conversas sobre diversas temáticas relacionadas à área. Realizamos acessibilidade comunicacional através da tradução e interpretação das reuniões públicas do GFE Irmã Scheilla (todos os domingos, sem interrupção), de diversos seminários, congressos, eventos espíritas, tanto em Minas Gerais quanto em outros estados. Desenvolvemos gravações de Janelas em Libras[1] visando oferecer às pessoas surdas acesso aos conhecimentos relacionados à Doutrina Espírita.

A pesquisa

Contextualização legal e histórica

As pessoas surdas se comunicam por meio da Língua Brasileira de Sinais – Libras – uma língua distinta da Língua Portuguesa que se configura na modalidade gestual-visual. No Brasil, essa língua foi oficializada pela Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002, e regulamentada pelo Decreto n. 5.626, de dezembro de 2005 (Brasil, 2005). Diversos espaços religiosos, cada qual com características peculiares, desenvolveram trabalhos voltados às pessoas surdas. Podemos citar Padre Eugênio Oates (1961) que, na década de 1970, publicou um livro intitulado No silêncio da fé, que se refere a um compilado contendo orações católicas identificadas em língua de sinais. E ainda podemos citar a publicação da obra denominada Linguagem das mãos, contendo a representação de 1.258 sinais por meio da fotografia.

Em 1983, os luteranos, junto com os católicos, publicaram o livro intitulado Linguagem de sinais no Brasil. Doravante, em 1987, a Igreja Batista publicou o dicionário Comunicando com as mãos. Em 1991, foi publicado o dicionário com sinais bíblicos, intitulado O clamor do silêncio. Além dos dicionários, verifica-se que a figura do intérprete de Libras, nos espaços religiosos (igrejas Católicas, Testemunha de Jeová, Protestantes), se fortaleceu desde o século passado. Em 1999, por exemplo, já havia a presença de um intérprete de Libras sinalizando missas no programa da TV Canção Nova, vinculada à Igreja Católica (Silva, 2013).

No Brasil, as pessoas surdas começaram a ter acesso à Doutrina Espírita somente a partir de 2007, mediante os trabalhos desenvolvidos no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla (BH/MG) através da oferta do profissional intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Nesse período desenvolvemos dois projetos concomitantemente: “Acessibilidade das pessoas surdas à Doutrina Espírita” e o “Projeto de inclusão e diversidade nas casas espíritas”. Em 2014, criamos o GES Espíritas. Em 2015, algumas pessoas surdas e ouvintes bilíngues (Rio de Janeiro) começaram a aprimorar e desenvolver estudos sobre a Doutrina Espírita utilizando uma ferramenta virtual (WhatsApp), considerando a falta de acessibilidade comunicacional nas casas espíritas. Essa alternativa possibilitou a participação de pessoas surdas em diversos estados. Surge, então, a necessidade de realizar, periodicamente, encontros nacionais entre surdos e ouvintes espíritas, visando discutir possibilidades de ampliar os trabalhos nessa área.

Assim, ocorreu o 1º Encontro Nacional entre Surdos e Ouvintes Espíritas (ENSOE), no dia 3 de outubro de 2015, na cidade do Rio de Janeiro, no Grupo Espírita Regeneração – Casa de Benefícios Bezerra de Menezes. Esse evento foi organizado por Ronise Oliveira, Luciane Rangel, Maysa Farias, Esmeralda Steliing e Verônica Lima e contou com a presença de 104 pessoas. O 2º ENSOE aconteceu nos dias 10 e 11 de dezembro de 2016, na Seara Bendita Instituição Espírita, São Paulo/SP e contou com o apoio da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. O evento foi organizado por Alexandre Melendes, Tereza Cristina Leança, Ana Lídia Thalhammer, Alexandre Ohkawa. O 3º ENSOE ocorreu nos dias 18 e 19 de novembro de 2017, na Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS. Foi organizado por Janaína Pereira Claudio, onde participaram 104 pessoas. Em 2018 aconteceu o 4º ENSOE, sendo sediado em Belo Horizonte/MG e organizado pelos GES Espíritas e GFE Irmã Scheilla. Nesse evento ampliamos as discussões sobre a importância de as pessoas surdas terem acessibilidade comunicacional nas casas espíritas e contamos com os apoios da Federação Espírita Brasileira, da União Espírita Mineira e da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte. Contamos com a presença, nesse evento de aproximadamente 180 pessoas.

Referências

CRISTIANO, Almir. O que é Libras? 2020. Disponível em: https://www.libras.com.br/o-que-e-libras. Acesso em: 30 jul. 2023.

GRUPO DE ESTUDOS SURDOS ESPÍRITAS (GES ESPÍRITAS). O projeto. 2023. Disponível em: http://www.dicionarioespiritalibras.com.br/projeto. Acesso em: 30 jul. 2023. 


[1] A janela de Libras é um recurso utilizado em vídeos e, ou em programas televisivos, onde há um espaço delimitado para acoplar a imagem do intérprete de Libras que faz a tradução e interpretação da Língua Portuguesa para a Libras, de conteúdos indicados por meio da linguagem oral. Tal recurso deve ser utilizado seguindo normas definidas pela NBR 15.290/2005.

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