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As reflexões que A sociedade da neve nos traz

Em 13 de outubro de 1972, um avião da Força Aérea Uruguaia, transportando uma equipe de rúgbi e seus familiares, caiu no coração dos Andes. A história de sobrevivência ficou amplamente conhecida como “Milagre nos Andes” e foi posteriormente retratada no livro Alive e em filmes como A sociedade da neve, lançado recentemente na Netflix e um dos mais vistos nas últimas semanas.

O avião caiu em uma área remota e de difícil acesso nas montanhas, mas teve sobreviventes. Muitos morreram nos primeiros dias devido aos ferimentos causados pelo acidente, à falta de alimentos e às condições adversas. Os que seguiram enfrentaram condições climáticas extremas, incluindo temperaturas baixíssimas e nevascas, escassez severa de alimentos e tiveram que recorrer a medidas extremas, como consumir os corpos dos que morreram para sobreviver. Em uma união de forças na luta para voltarem para casa, resistência e determinação foram as palavras de ordem. Depois de 72 dias isolados nas montanhas, em 20 de dezembro, os sobreviventes foram resgatados.

Essa história única de sobrevivência nos Andes mostra os desafios extremos que as pessoas podem enfrentar em situações de emergência e como a resiliência, a tomada de decisões difíceis e a colaboração podem ser cruciais para a sobrevivência.

Para o psiquiatra e presidente da Associação Médico-Espírita de São Paulo, Marcus Ribeiro, inicialmente, o filme pode nos causar uma certa estranheza ou horror diante das questões que são vividas pelos sobreviventes, mas a lição de humanidade é a do espírito colaborativo. Essa é uma das mais potentes trazidas pelo filme, percebido por nós à medida que vai se manifestando no modo como os sobreviventes se uniram em face do desespero, das dificuldades, das adversidades ali enfrentadas, das situações tão importantes e traumáticas como essa.

As possibilidades de reação, de acordo com o psiquiatra, são muitas, e isso não garante necessariamente que elas serão no sentido da colaboração. “Esse grupo nos mostra que existe essa potência humana em todos nós, da necessidade de se cooperar para sobreviver em condições adversas, de nos adaptarmos e nos sacrificarmos, apoiando-nos uns aos outros, em momentos de crise ou dificuldade intensa ou no caso das provações que os personagens ali viveram. O espírito de solidariedade e de união é a grande força de sobrevivência para além dos recursos materiais que se fizeram necessário. Essa força poderosa certamente ajudou todos eles a superar os desafios que soam de certa forma intransponíveis”, acredita. “A decisão de compartilhar recursos, organizar e manter a ordem mostra uma certa moral ali construída por eles. Esse espírito colaborativo em ação nos faz refletir sobre o quanto temos essa capacidade de sermos assim em nossas próprias vidas”, completa.

A história está repleta de situações assim, nas quais estranhos se unem para ajudar uns aos outros em tempos de crise. O psiquiatra nos lembra que se olharmos para as situações de extrema vulnerabilidade, de miséria, cenários de guerra ou de crise humanitária, pessoas do mundo todo se mobilizam para ajudar. “Cada situação é única, mas ela pode gerar compaixão”.

“A nossa vida sempre nos traz um convite para que a gente possa olhar para aquilo que é realmente significativo, duradouro e que nos torna humanos. Nesse sentido, algumas das virtudes cultivadas ali, como a compaixão, a solidariedade, o espírito de equipe, crescem. Dinheiro, status social, nada disso fazia sentido ali. Os personagens trazem isso na narrativa, e nós observamos isso em situações corriqueiras da vida. Quando nos defrontamos com situações em que somos convidados a refletir para a vida, seja no adoecimento importante, seja na perda de algo que tínhamos e de repente a gente não tem mais, seja na morte de alguém querido, no adoecimento de um familiar, a gente sempre é levado a se questionar sobre o lugar das coisas na vida, de forma mais profunda, sobre aquilo que é realmente importante”, avalia.

Seria um resgate coletivo?

Na Doutrina Espírita, o termo “resgate” se refere à ideia de que os Espíritos têm a oportunidade de reparar erros cometidos em vidas anteriores por meio de novas experiências e aprendizados ao longo de sucessivas encarnações. Em relação ao resgate coletivo, Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, aborda a interação e a influência entre os Espíritos que compartilham experiências comuns ou estão conectados por laços afetivos ou cármicos. As consequências de ações passadas podem ser enfrentadas e superadas coletivamente, proporcionando oportunidades de crescimento espiritual conjunto.

O resgate coletivo não implica apenas em quitação de débitos espirituais, mas também na possibilidade de colaboração e auxílio mútuo entre os Espíritos envolvidos. O aprendizado e a evolução espiritual não são isolados, e as relações entre os Espíritos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento moral e ético.

“No filme, vemos um intenso sofrimento de todos os envolvidos no acidente, lutando a cada momento pela vida. Certamente há uma explicação espiritual para isso, mas não podemos generalizar acreditando que tiveram essa vivência porque fizeram isto ou aquilo em vida passada. Isso acaba trazendo mais dor e sofrimento do que auxílio, então, do ponto de vista espiritual, uma vivência dessa pode ter como motivação infinitas possibilidades. Pode ser uma lição da vida para um crescimento, sobre uma reencarnação, provações espirituais escolhidas por aquele grupo para o seu próprio processo evolutivo”, afirma Ribeiro.

Instinto de sobrevivência e canibalismo

A prática de comer carne humana é considerada moral e legalmente inaceitável na maioria das sociedades ao redor do mundo. Além de questões éticas e morais, o ato de consumi-la pode envolver implicações legais sérias, incluindo homicídio e desrespeito aos Direitos Humanos.

Culturalmente, a maioria das sociedades condena fortemente o canibalismo, e muitas religiões e sistemas legais proíbem explicitamente essa prática. Além disso, do ponto de vista de saúde pública, consumir carne humana pode ser extremamente perigoso devido ao risco de transmissão de doenças infecciosas.

No entanto, precisamos refletir: estariam errados os sobreviventes dos Andes por terem consumido carne dos companheiros de voo que morreram para se manterem vivos? Em O livro dos Espíritos, Allan Kardec aborda várias questões relacionadas à natureza do homem, incluindo aquelas sobre instinto de sobrevivência. Segundo a obra, o instinto é uma força inata que impulsiona os seres vivos a agirem de maneira a garantir a preservação da vida e da espécie. Esse instinto é uma característica comum aos seres animados.

Kardec destaca que o instinto de conservação visa garantir a sobrevivência do indivíduo, contribuindo para a preservação da vida. Esse impulso é inerente à natureza física dos seres vivos e está relacionado à manutenção da integridade física e à busca por condições favoráveis à existência. O instinto de sobrevivência é visto como uma manifestação da sabedoria divina, contribuindo para o equilíbrio e a harmonia no Universo. Ele é percebido como uma ferramenta útil para a preservação da vida e a continuidade das espécies.

O livro também aborda a evolução espiritual e moral dos seres humanos, indicando que, à medida que os Espíritos evoluem, há uma progressiva influência do raciocínio sobre o instinto, resultando em uma maior capacidade de escolha consciente e ética. Certamente, é por isso que não vemos mais em nosso mundo a prática do canibalismo.

“Nas palavras do Evangelho, ‘aquilo que a traça não corrói, que o ladrão não rouba, que o tempo não destrói, nada mais são do que os nossos valores.”

“Na literatura espírita, não achamos nada voltado ao tema, muito complexo e sensível. Essa análise deve ser feita com uma compreensão profunda, principalmente das intenções e do estado de consciência das pessoas que estão envolvidas nos atos. Em uma situação como a do filme, o objetivo principal é a sobrevivência, portanto as ações podem ser vistas sob uma luz diferente. Nesse sentido, o Espiritismo é muito claro. Ele nos ensina que cada situação deve ser avaliada com base no contexto específico e, principalmente, na intenção dos indivíduos envolvidos”, finaliza Ribeiro (foto).

“Qual era a intenção por trás daquele ato? Isso vai dizer muito mais no sentido espiritual do que o próprio ato. O Espiritismo fala da lei de amor e caridade. Em situações extremas como essa, não se toma uma atitude assim por desejo de se fazer o mal. Acredito que esse ato possa ser visto dentro de um contexto moral e espiritual diferente, já que não há a intenção de prejudicar, ferir, ou voltada para o mal. Isso conta muito.”

Como vemos no relato do caso narrado no filme, os sobreviventes passam por situações extremas. Alguns se agarram à fé, e outros parecem desistir e se entregar. Ribeiro declara que cada pessoa possui uma resiliência única e maneiras distintas de processar e lidar com situações traumáticas ou um estresse extremo como esse. “Claro que algumas pessoas podem encontrar força e conforto na fé. Certamente isso tem impacto positivo nesse enfrentamento. Quando isso está associado e alinhado a uma espiritualidade, pode ser traduzido como enfrentamento positivo, que é quando isso não é conduzido dentro de uma ideia de culpa, de castigo, de punição.

“Mesmo não tendo uma fé no sentido da crença, o indivíduo pode ter uma força de resiliência motivada por outros princípios e outras questões, que pode ser tão poderosa como uma fé no sentido da crença em algo. Um propósito, um ideal, um objetivo de vida. Isso pode ser também muito poderoso.”

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