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ir“As férias dos meus filhos parecem intermináveis. Eles estão me deixando louca: exigentes, entediados e grudados no celular. Socorro!” Nessa época do ano, é muito comum que as famílias sintam uma certa ansiedade, beirando o desespero… o que vou fazer com meus filhos em férias? Tanto que se olharmos rapidamente nas redes sociais, vamos nos deparar com vários “memes” relativos a isso. Rimos, nos divertimos, mas não nos atentamos o quanto isso pode revelar um problema real dentro das famílias.
Antes de me tornar mãe e sendo professora, eu observava isso nos pais e realmente não entendia. Questionava-me: “não quiseram ter filhos? E agora, qual é a razão disso? Acreditam que ter filhos é simples assim? Não são capazes de cuidar de seus próprios filhos?” Ah, quanto julgamento de minha parte! Lembrando que existe o planejamento divino, me tornei mãe (quem é mãe já sabe onde quero chegar) e me vi exatamente nessa situação nas primeiras férias dos meus filhos gêmeos – “o que vou fazer?”
Antes de julgarmos as famílias, criticarmos a sociedade e procurarmos um culpado ou uma solução, vamos observar atentamente e, como aprendemos com a Doutrina Espírita, procurar um aprendizado (lembrando que a Terra é a escola das almas, como diz Emmanuel – e não temos férias). Para arejar o nosso pensamento, vamos nos atentar em alguns pontos: por que estamos em família? Qual é a responsabilidade dos pais? O que a Doutrina Espírita nos orienta? O que temos atualmente em termos de estudos e pesquisas?
Santo Agostinho nos escreve “Compreendei agora o grande papel da humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e onde vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos foi confiada” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9). Estamos em uma época no qual muitas famílias “terceirizam” a educação dos filhos, cabe à escola a educação intelectual; à babá cuidado das questões do dia a dia; ao clube as questões do corpo; à casa espírita as questões morais. Claro que tudo isso é resultado do progresso da sociedade, porém precisamos ter claro que são recursos, ferramentas que nos auxiliam na educação de nossos filhos. Agora, a responsabilidade é nossa.
Com isso percebemos uma falta de conexão nos lares, famílias nas quais os todos coabitam o mesmo espaço físico, mas não se relacionam – apenas convivem. Essa realidade se escancarou na pandemia de 2020, já que muitos pais não tinham a menor ideia do que seus filhos gostavam, do quanto comiam, das dificuldades que tinham. Aliás, cabe lembrar que o mesmo pode ser dito para os casais, haja vista o aumento do número de divórcios que ocorreu nesse período. O que eu quero dizer com isso? As famílias simplesmente não se conheciam.
Dentro do que existe de mais atual em relação à educação dos filhos, é unânime a questão da conexão. Antes de desejar ensinar certo e errado, antes de corrigir, antes de criar uma rotina, é fundamental que haja conexão entre pais e filhos. Em outras palavras, o relacionamento precisa existir, laços de afeto precisam ser tecidos. As férias são uma ótima oportunidade para isso!
A Doutrina Espírita nos explica as razões de ser necessário reencarnarmos em família. Dentre elas, podemos destacar a necessidade de realinharmos, reajustarmos nossos sentimentos em relação aos Espíritos com os quais temos vinculações pretéritas. Como Espíritos eternos, “nós somos produtos dos nossos sentimentos, e os sentimentos são produtos dos relacionamentos. Para que os sentimentos sejam modificados o Espírito precisa relacionar-se” (Amui; Varanda, 2004).
Como estamos nos relacionando com nossos filhos? Como está a nossa conexão? É perfeitamente compreensível que as pressões do dia a dia possam afastar os pais da conexão com os filhos. No entanto, é necessário estar atento e vigilante aos nossos relacionamentos para que não nos percamos uns dos outros e para que não percamos o “Plano de Amor” feito por nós mesmo, junto aos nossos amigos espirituais. Sempre é possível resgatar nossa conexão, criando um momento simples juntos: a leitura de um livro, preparar juntos o café da manhã, desenhar, fazer uma caminhada juntos. “Relacionar-se corresponde a uma doação simultânea e contínua entre dois ou mais seres espirituais. Por uma necessidade premente e inexorável o Ser tem que se aproximar e conviver com o outro […] Não é possível evoluir isoladamente” (Amui; Varanda, 2004).
Tendo em vista a importância do relacionamento e da conexão, precisamos ficar atentos ao uso de telas em nossos lares. Como são os momentos juntos? Cada pessoa em silêncio em frente ao seu celular? Crianças em frente às telas assistindo desenhos, jogando? Infelizmente, essa tem sido a realidade de muitas famílias.
A questão das telas é algo extremamente novo na nossa sociedade e um desafio da geração atual dos pais. Primeiro, precisamos estabelecer que a tela em si não é a “vilã” da história (você está lendo este artigo em uma tela), mas, sim, o excesso e a maneira como a utilizamos no dia a dia. Nas férias, os desafios podem se intensificar. Claro que seu filho pode estar ansioso para as férias para “zerar” aquele jogo do videogame ou maratonar uma série na TV. No entanto, precisamos ter claro que as telas não geram conexão (um paradoxo, estar conectado à Internet não nos conecta com a nossa família). Como fazer? Estabeleça um limite claro de uso de telas (inclusive para adolescentes). A Sociedade Brasileira de Pediatria traz uma orientação quanto ao tempo de tela de acordo com a idade, sempre com acompanhamento de um adulto:
Não basta, porém, proibir ou colocar um horário para as telas; quando não for o horário, desligue a TV, wi-fi, videogame etc. (pesquise sobre recursos de controle parental no celular de seu filho). Também é preciso oferecer alternativas e recursos. Cabe aos pais ajudarem as crianças e os adolescentes a encontrarem caminhos saudáveis para as férias.
Havia uma época em que férias significava dormir, brincar com os amigos e ficar com os pais em casa. Atualmente, a maioria dos lares tem ambos os pais trabalhando fora, ou lares monoparentais (segundo dados do IBGE, em 10 anos houve um aumento de 17% de mães solo no Brasil). Então, onde deixar as crianças? O que fazer?
Em primeiro lugar, procure se organizar dentro da sua realidade. Se você trabalha fora, procure uma rede de apoio. Quem tem familiares para ajudar pode organizar os dias nos quais esses adultos possam ficar e cuidar das crianças. Caso você não os tenha, procure construir essa rede entre vizinhos, mães dos amiguinhos da escola. Você pode, por exemplo, sugerir uma “escala”, e cada dia uma mãe fica com as crianças. Hoje em dia, há muitas “casas de brincar”, onde você paga por período.
Se você não trabalha fora ou faz home office também precisa se organizar. Afinal de contas, não é possível deixar as crianças simplesmente fazerem o que querem enquanto você trabalha e cuida da casa. Procure se organizar, tendo consciência que é um período atípico e que será necessário flexibilizar algumas rotinas.
A rotina é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente, pois traz previsibilidade e diminui a ansiedade. Você pode me dizer que você tem uma rotina, a questão é: a criança ou adolescente sabe da rotina? Participou da organização dela? Nós temos a ilusão de que as crianças sabem da rotina da casa pelo simples fato de o adulto a conhecer. É importante mostrar para a criança, escrever, deixar visível, palpável, assim todos têm acesso e inclusive diminui a sobrecarga mental materna.
E vai ter rotina nas férias? As crianças não estão em férias? Sim, as crianças podem estar em férias e os adultos não. Outro ponto é: estar em férias não significa não ter responsabilidade (cabe a nós adultos aproveitarmos as situações da vida e ensinarmos valores).
É assim que toda criança, entregue à nossa guarda, é um vaso vivo a arrecadar-nos as imagens da experiência diária, competindo-nos, pois, o dever de traçar-lhe noções de justiça e trabalho, fraternidade e ordem, habituando-a, desde cedo, à disciplina e ao exercício do bem (Emmanuel, 2013).
Claro que essa rotina não vai ser a mesma do período de aulas – vamos nos lembrar que as crianças estão em férias –, mas ela vai existir para dar uma estrutura no dia a dia da família. Cada família vai decidir junto o que é importante manter na rotina. Alguns exemplos: definir horário de almoço, horário de dormir, em qual momento irão colaborar na organização da casa, limites para eletrônicos, dias ou momentos especiais (noite de jogos em família, noite do filme, noite de leitura, festa do pijama…). Estabelecer uma rotina nas férias pode ajudar que seu filho não passe as férias inteiras em frente a uma tela.
Esteja atento à rotina do Espírito. Lembremo-nos que somos Espíritos eternos, portanto, da mesma maneira que cuidamos do corpo, precisamos cuidar do Espírito. Muitas vezes, quando as crianças entram em férias, nos esquecemos das rotinas espirituais no nosso lar.
Evangelho no lar: fazer e manter o Evangelho no lar traz momentos de conexão, renovação dos valores de nossa família. Lembre-se de que fazer o Evangelho no lar com as crianças não é a mesma coisa que fazer apenas entre adultos. Se você tem criança pequena na sua família, saiba que esse momento precisa ser breve (às vezes, apenas a leitura de um parágrafo do Evangelho). Também é possível adaptar a leitura – atualmente há vários livros que falam das lições de O Evangelho Segundo Espiritismo adaptadas para as crianças.
Prece e preparo para dormir: deitar-se com a criança, fazer uma leitura edificante, fazer a prece todos os dias com elas são momentos muito especiais e de muito afeto. Pode-se antes de dormir lembrar que somos Espíritos que saímos do corpo durante o sono e imaginar como será o lugar que iremos visitar à noite.
Caridade: fazer uma reunião familiar com o objetivo de juntos pensar num projeto de caridade para a família fazer junto traz valores, sentimentos e, principalmente, vivência cristã no lar. As férias são um ótimo momento para pensar nesse projeto.
Sugestões práticas
AMUI, Alzira B. F.; VARANDA, Luciano S. Sentimento: a força do espírito. Sacramento, MG: Grupo Espírita Esperança e Caridade, 2004.
EMMANUEL (Espírito). Pensamento e vida. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 19. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Araras, SP: IDE, 1994.
Fabiana Guariglia Bassi é mãe de 3 meninos, evangelizadora e educadora parental