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O futuro da geração global de resíduos sólidos urbanos

Durante a sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (UNEA-6), realizada em Nairóbi entre 26 de fevereiro e 1º de março deste ano, foi apresentado o relatório Panorama global do manejo de resíduos 2024, com o tema “Além de uma era de resíduos: transformar o lixo em recurso”. Esse trabalho é resultado da parceria entre o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA). O relatório mostra que, em 2020, mais de 2,1 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) foram gerados. Essa quantidade vem aumentando a cada ano. A estimativa do relatório é que a geração de RSU cresça para 3,8 bilhões de toneladas até 2050. Um aumento de 80% na geração. Esse aumento é o resultado do crescimento do atual modelo econômico, do crescimento populacional e dos atuais modelos insustentáveis de produção e consumo.

Enquanto estivermos encarnados, precisamos consumir diversos recursos da natureza, seja in natura ou de produtos resultantes da transformação desses recursos, para atender às nossas necessidades básicas de alimentação, moradia, vestuário, locomoção, saúde e saneamento. No entanto, existe uma enorme diferença entre o consumo e o que é chamado de consumismo. O consumo é a aquisição dos bens e serviços para atender às necessidades básicas do ser humano, sendo fundamental para a nossa sobrevivência. O consumismo é consumir muito além do que precisa ou consumir coisas que não são necessárias, coisas supérfluas, que muitas vezes são descartadas rapidamente, contribuindo para a enorme geração de RSU. Essa atitude consumista pode prejudicar nossa saúde e afetar adversamente as condições dos ecossistemas dos quais dependemos para a nossa sobrevivência como espécie humana.

As carências afetivas, a falta de suporte social e a baixa autoestima levam as pessoas ao consumismo como meio de acalmar essas tensões emocionais internas, fazendo com que cada vez mais queiram coisas materiais para satisfazer seus desejos. A Espiritualidade Superior nos advertiu na questão n. 716 de O livro dos Espíritos: “Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais”. Os vícios criaram as dependências físicas e emocionais das coisas materiais, cujas consequências educativas vão se refletir nesta mesma existência ou numa próxima. A decisão sobre o que compramos, como o usamos e a forma como o descartamos determina a quantidade de energia e matérias-primas utilizadas e a quantidade de resíduos que geramos.

O atual modelo econômico imperante no mundo tem como princípio a ideia do crescimento contínuo por meio da expansão ilimitada do consumo. Esse princípio, fundamentado na filosofia materialista, vai na contramão das leis da natureza, que estabelecem que em um planeta finito, como a Terra, não é possível ter um consumo infinito dos recursos naturais não renováveis. A grande quantidade de RSU está contribuindo para a triple crise planetária: mudanças climáticas, perda da biodiversidade e poluição. Estamos presenciando as consequências negativas da implementação desse modelo no mundo: a poluição do ar, dos rios, do mar, do solo, do lençol freático, o enorme volume de desperdício dos recursos naturais, a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas.

Os dados apresentados no relatório Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2022, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostram que em 2022 o Brasil gerou 81,8 milhões de toneladas de Resíduo Sólido Urbano (RSU), o que corresponde a 224 mil toneladas diárias. No Brasil, a maior parte dos RSU coletados (46 milhões de toneladas) segue para disposição em aterros sanitários. Por outro lado, a quantidade de resíduos que segue para unidades inadequadas (lixões e aterros controlados) é de 29 milhões de toneladas por ano. O Brasil só reciclou 4% dos RSU gerados em 2022. Todo o resto foi parar em aterros controlados, lixões a céu aberto ou nas ruas e praças do país. A composição gravimétrica dos RSU no Brasil mostra que 45,3% de todo o RSU gerado é matéria orgânica, que em condições anaeróbicas nos aterros libera gás metano, o segundo maior contribuinte dos gases do efeito estufa. Essa matéria orgânica poderia ser convertida em adubo orgânico, com a utilização de diferentes técnicas de compostagem existentes. No Brasil, desde 2010, está em vigor a lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Dados do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) sobre o desperdício de alimentos no mundo são preocupantes: 931 milhões de toneladas dos alimentos disponíveis para o consumo humano foram para a lixeira de residências, varejistas, restaurantes e outros serviços alimentícios, enquanto mais de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo! Quase um terço da produção mundial de alimentos é desperdiçada, é jogada fora e vai parar em aterros, lixões a céu aberto ou nas ruas do mundo. O que faz essa situação ainda mais chocante é o dado da ONU que mostra que, anualmente, no mundo, a fome e a desnutrição são responsáveis pelas mortes de 3,1 milhões de crianças menores de 5 anos. Os Espíritos, na questão n. 930 de O livro dos Espíritos, esclarecem que “numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deveria morrer de fome”. A sociedade humana ainda não está organizada de acordo com o ensinamento do Mestre Jesus.

A Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável foi aprovada por 193 países na Assembleia Geral da ONU em 2015. É a mais importante agenda civilizatória da história. Trata-se de um plano de ação que tem como objetivo a prosperidade das pessoas, a conservação do planeta e o estabelecimento da paz no mundo. Para atingi-la, foram definidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas. O ODS 12 trata sobre garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis. Duas das metas desse ODS estabelecem que até 2030 devemos:

  • reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio de prevenção, redução, reciclagem e reuso;
  • reduzir para metade o desperdício de alimentos per capita ao nível mundial, de retalho e do consumidor, e reduzir os desperdícios de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo os que ocorrem pós-colheita.

“Como espíritas, deveríamos rever nossos hábitos de consumo com o intuito de reduzirmos o nosso impacto ambiental, reduzindo o desperdício de alimentos e a geração de RSU, pois pela Lei de Causa e Efeito, receberemos as consequências das nossas decisões atuais. Poderemos reencarnar novamente na Terra e receberemos o planeta em condições mais difíceis”.

Finalmente o relatório destaca a urgência da transição para uma abordagem de desperdício zero, ressaltando a necessidade de aprimorar a gestão de resíduos sólidos urbanos, para combater a poluição, diminuir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos negativos na saúde humana. Portanto, é necessário reduzir a geração, utilizar o resíduo como recurso e fazer a destinação do material restante de uma maneira segura.

Concluindo, do ponto de vista espírita, temos muito trabalho pela frente. Devemos começar pela mudança dos nossos hábitos com relação ao consumo, uso, reuso e descarte adequado dos bens; entendermos de forma prática o conceito do necessário e do supérfluo; viver uma vida mais simples; dedicar mais tempo e energia para desenvolver nossas emoções positivas e nossa espiritualidade. Devemos expandir essas atitudes e comportamentos nas instituições das quais formamos parte, o lar, o bairro, a casa espírita, a obra social espírita, a empresa etc.

As casas espíritas, por exemplo, podem seguir as orientações do Plano de gerenciamento de resíduos sólidos da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS) para o gerenciamento dos resíduos sólidos nas suas instituições. É importante estimular os programas de coleta seletiva nas cidades e a reciclagem efetiva dos materiais como papel, vidro, alumínio, metais, plásticos etc., assim como fazer a compostagem do seu resíduo orgânico. Deveríamos apoiar ou participar nas organizações que estão trabalhando nesses temas, bem como apoiar e eleger os nossos representantes ao governo que dedicam seu esforço nessa área da gestão dos resíduos sólidos nos âmbitos municipal, estadual e federal, para a criação das leis que preservem e cuidem da nossa casa comum: o belíssimo planeta azul. Com isso, contribuiremos na construção das bases do mundo de regeneração.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2022. Disponível em: https://abrelpe.org.br/panorama/. Acesso em: 6 mar. 2024.

BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 6 mar. 2024.

FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO RIO GRANDE DO SUL (FERGS). Plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS). 2017. Disponível em: https://www.fergs.org.br/saber-ambiental. Acesso em: 6 mar. 2024.

KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Araras, SP: IDE, 1994.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL.  Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustent%C3%A1vel. Acesso em: 6 mar. 2024.

UNITED NATIONS (UN). Global Waste Management Outlook 2024. Disponível em: https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/44939/global_waste_management_outlook_2024.pdf?sequence=3. Acesso em: 6 mar. 2024.

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