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Antagonistas: uma reflexão sobre aqueles que se opõem a nós

Acredito que muitos concordam que, dificilmente, passaremos pela vida sem nos depararmos, nem que seja uma única vez, com um antagonista. Pelo menos em algum momento da nossa existência tivemos ou teremos de lidar com alguém que não comunga de nossas ideias, pensamentos, atitudes e que se opõem ostensivamente a nós.

O livro Sinal verde, do Espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, nos traz algumas reflexões a esse respeito, por isso vale a pena pensarmos sobre elas e subtrair ensinamentos para a nossa vida prática. Com o título “Antagonistas”, ele inicia com a seguinte afirmativa: “O adversário em que você julga encontrar um modelo de perversidade talvez seja apenas um doente necessitado de compreensão”.

Interessante o que ele diz, “compreensão”. Desse modo, quando diante de nosso opositor, que provavelmente traz consigo desajustes emocionais e psíquicos, alardearmos para todos os lados com desprezo que “Fulano ou fulana é um doente!”, isso definitivamente não é compreensão. O importante é deixar esfriar as causas da discórdia ao invés de “incendiar” ainda mais os ânimos.

Outro ponto fundamental trazido por André Luiz é o fato de, “não raro, concluirmos que uma pessoa é indigna simplesmente por não adotar os nossos pontos de vista”. É aí que está o perigo: angariarmos inimigos de graça por alimentar a falsa crença de valorizar somente as pessoas que pensam como nós; que vivem como nós; que gostam das mesmas coisas que nós; que têm o mesmo modo de vida que nós. É muito incoerente se estamos de fato buscando o caminho da paz e das verdades espirituais. Vale aí a vigilância sobre as nossas más tendências.

Assim, todo cuidado é pouco. As pessoas são livres para pensar, cada um é livre para adotar ideias e pensamentos que se harmonizam com a sua forma de ser, pensar e sentir, assim como nós também somos livres e guardamos as nossas próprias experiências que formam o nosso caráter.

Um ponto delicadíssimo e difícil de aceitar está na seguinte reflexão de André Luiz: “respeitemos o inimigo, porque é possível seja ele portador de verdades que ainda desconhecemos, até mesmo em relação a nós”. Não é fácil reconhecer, mas justamente aqueles que se opõem a nós têm uma visão mais clara dos nossos defeitos mais secretos. Aqueles que conseguimos acobertar na relação com os amigos e afins. Talvez esteja aí a maior dificuldade de aceitar quem nos faz oposição.

Nosso orgulho e nossa vaidade não lidam muito bem com o fato de alguém conseguir ver as nossas fraquezas e os nossos defeitos e, ainda por cima, não ter a consideração de guardar só para si aquilo que reprova em nós. E o que fazer? Eis aí o maior desafio. Apesar de não ser tarefa fácil, é uma ótima oportunidade de praticarmos a humildade que tanto cobramos dos outros e aproveitar a verdade nua e crua sobre nós mesmos e começar a trabalhar sinceramente em eliminar aquele defeito que não conseguimos esconder de nosso opositor. O melhor caminho é lidar com as nossas verdades, reconhecer os nossos defeitos e trabalhar constantemente para a nossa melhoria.

Uma verdade insofismável nos escreve André Luiz: “a melhor maneira de aprender a desculpar os erros alheios é reconhecer que também somos humanos, capazes de errar talvez ainda mais desastradamente que os outro”. Como é importante penetrar no sentido dessa lição! Se nos reconhecermos capazes de errar, por que não daríamos nova oportunidade àquele ou àquela que erra conosco? Se não estamos isentos de cometer erros, por que exigir dos outros espetáculos de virtude? Sejamos razoáveis! Quando somos rigorosos com os outros, estamos chancelando o mesmo comportamento dos outros para conosco.

Outro ensinamento do mentor: “o adversário, antes de tudo, deve ser entendido como irmão que se caracteriza por opiniões diferentes das nossas”. Quantas animosidades são evitadas nos relacionamentos pessoais e até mesmo coletivos se extrapolarmos a lição para a política, por exemplo. Aqui vale lembrar os países oprimidos pela violência e pelas perseguições em função de antagonismos religiosos e ideológicos.

Por fim, encerramos com o conselho de André Luiz: “deixe os outros viverem a sua própria vida, e eles deixarão você viver a existência de sua própria escolha”.

Fonte:

Sinal verde, André Luiz/Chico Xavier.

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