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Pandemia estreita relacionamento com nossos pets. Será que passamos do limite?

Dra. Irvênia Prada
Irvênia L.S. Prada

Qual deve ser a nossa relação com os pets? Irvênia L. S. Prada (foto), médica-veterinária pela Universidade de São Paulo, faz alguns alertas sobre atitudes equivocadas que podemos ter em relação a eles, principalmente hoje, quando, por conta do isolamento social, temos um convívio mais intenso. Professora titular e pesquisadora em Neuroanatomia, ex-presidente da Comissão de Ética da Faculdade de Medicina Veterinária da USP e do Conselho Orientador da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, a palestrante espírita, autora de diversos livros, dentre eles A questão espiritual dos animais, um dos maiores best-sellers da FE Editora, também trata, nesta entrevista, da proteção espiritual que temos quando cuidamos dos animais.

Os animais têm alma como a gente?

Irvênia Prada – Essa pergunta é o título de um dos livros de Ernesto Bozzano, filósofo genovês espiritualista. Ela é recorrente sempre que a gente trata de algum assunto relacionado à vida espiritual dos animais. A resposta é positiva, e quando trato desse assunto gosto de citar a fonte, então vamos para O livro dos Espíritos, questão 597. Kardec pergunta aos Espíritos: “se os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria?” Kardec foi tão oportuno que usou duas palavras – inteligência e princípio –, utilizando-as depois em outras questões. Há de se notar que, nessa pergunta, Kardec não faz o questionamento se os animais têm inteligência. Ele afirma quando diz: “os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria?” A resposta é positiva, isto é, os animais têm uma alma que sobrevive à morte do corpo físico. Muito embora em outros locais da obra da Codificação esse assunto esteja bem evidenciado, acho que essa questão 597 de O livro dos Espíritos faz um resumo disso, porque a pergunta é muito bem-feita, e a resposta é esclarecedora. É inquestionável que os animais têm uma inteligência ligada a um princípio, que é o espiritual, e que sobrevive à morte do corpo físico. No meu livro A questão espiritual dos animais, editado pela Folha Espírita, eu conto um caso que encontrei no livro Testemunhos de Chico Xavier, da nossa companheira Suely Caldas Schubert. Ela relata a respeito de uma carta que Chico Xavier escreveu a Wantuil de Freitas, em janeiro de 1950. Ele descreve que o seu cachorro Lorde foi ficando doente e, ao morrer, Chico viu a figura de seu irmão José, já desencarnado, vir acolher nos braços a figura espiritual do cão. Imaginem a beleza dessa cena! Chico ainda continua essa carta dizendo que nos meses que se seguiram, quando José lhe aparecia em Espírito, vinha sempre acompanhado da figura espiritual do Lorde. Esse caso está relatado nesse livro e confirma a resposta da questão 597 de O livro dos Espíritos: os animais têm alma, portanto sobrevivem à morte do corpo físico.

Desde a era primitiva os animais vêm sendo domesticados. Como você vê esse relacionamento que vem sendo desenvolvido entre o ser humano e eles?

Irvênia – À medida que eles vão se tornando domesticados, os animais se acomodam no nosso ambiente familiar, se tornam dóceis. Como dizia a dra. Hannelore Fuchs, uma colega da veterinária, eles desenvolvem conosco um amor incondicional. Essa relação afetiva se mantém até hoje.

No final do ano passado, foi lançado o documentário Professor Polvo, que traz a história de um cineasta que desenvolveu uma amizade que muitos vão considerar improvável, com um polvo, numa floresta de algas na África do Sul. Em seu livro A questão espiritual dos animais, você fala da consciência dos animais e cita o polvo. O que você acha do tema desse documentário?

Irvênia – Eu vi este documentário. Ele é muito bonito e nos remete à chamada Declaração de Cambridge, um texto elaborado por vários neurocientistas em um evento, em 2012, no Reino Unido, que informa que não podemos mais fazer de conta que não sabemos que mamíferos, aves e até alguns invertebrados como os polvos têm consciência. Eles justificam que as mesmas estruturas do cérebro humano que são utilizadas na manifestação de atos de consciência também existem nesses animais. Esse texto, que ficou conhecido como Declaração de Cambridge, é um documento muito valioso para todos nós que trabalhamos na área da chamada proteção e defesa animal. Eu investiguei o cérebro dos polvos e, apesar de serem seres invertebrados, eles têm algumas características muito evolutivas, por exemplo, olhos como os mamíferos. O cérebro deles é muito desenvolvido, tem 14 lobos com funções específicas com associação de funções, inclusive motoras, que permitem a coordenação de oito braços. Hoje, estudos feitos com áreas cerebrais dos cães mostram que eles têm várias dessas áreas muito parecidas, estrutural e funcionalmente, com o padrão humano e que justificam, por exemplo, a maneira como eles entendem o que a gente está falando. Há a manifestação de consciência. Então, esse relacionamento afetivo que neste documentário se criou entre a criatura humana e o polvo é perfeitamente possível porque ele tem estrutura cerebral compatível para entender o comportamento da pessoa e criar, com ela, essa relação afetiva.

“Precisamos respeitar os animais que estão conosco, o seu repertório de comportamento, e não transformá-los em bonecos de estimulação de bebês humanos nem em brinquedos.”

A estimativa do IBGE, no último Censo, em 2018, é que o Brasil tenha 139,3 milhões de animais de estimação, com um crescimento de 7 milhões em comparação a 2013. O mesmo Censo indica que há mais animais que crianças pequenas nos lares brasileiros e isso é uma tendência. Qual a explicação para isso?

Irvênia – Isso é um dado preocupante, porque vemos que a família vem mudando de características rapidamente. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, essa função primordial, que é da maternidade, vai ficando mais restrita pela falta de tempo, e o número de filhos, Espíritos reencarnantes, é bem menor do que dos nossos avós. Esse sentimento de maternidade, de acolhimento, faz com que muitas pessoas se tornem tutoras de vários animais. As pessoas que têm esse vazio existencial de relacionamento com o ser humano e trazem um animal para dentro de suas casas buscando preencher esse vazio estão cometendo um grande equívoco, porque são contextos diferentes. Acontece muito de as pessoas chamarem seus pets de filhos, mas é um comportamento inadequado.

Em tempos de pandemia, de isolamento social, que papel você acha que os animais exercem em relação aos seus tutores? Entidades protetoras dizem que as adoções cresceram nesse período.

Irvênia – Eles têm uma importância tão grande que hoje já trabalhamos profissionalmente com os conceitos de família multiespécie e de saúde única. O animal passa a ter um relacionamento tão intenso com os membros da família que não é mais aquele modelo no qual eu fui criada, em que você tinha um animal e ele ficava no quintal. Ele não entrava em casa, não subia no seu sofá, não dormia na sua cama. Durante a pandemia, é claro que todos estão contidos dentro desse ambiente de isolamento, então estreitam os laços afetivos. Os animais, como são muito afetivos, nos devolvem com muita intensidade essa resposta afetiva. É preciso, de todo modo, prestar atenção para que o animal não seja o centro das atenções. Ele é um dos componentes, mas tem o seu lugar. É muito importante que a gente estabeleça esse limite. Eles não podem ser tratados como bebês ou brinquedos. Humanizar o pet é inadequado.

Em Evolução em dois mundos, André Luiz trata do princípio inteligente. Se intervimos na evolução desses princípios inteligentes, eles podem ter dificuldades para lidar com isso quando desencarnam, sentindo solidão e falta de afeto?

Irvênia – Quando a relação é afetiva e tem esse princípio básico de respeitar o repertório de comportamento da espécie, tanto do ponto de vista físico quanto espiritual, ele vai ter benefícios. Toda relação afetiva beneficia ambas as partes quando ocorre de maneira adequada. Certa vez, perguntaram a Chico Xavier o que seria feito desses animais que são treinados para matar e para perseguir, por exemplo, nas guerras civis e nesses grupos terroristas. Ele explicou que eles terão de ser reconduzidos no aprendizado do amor. Isso porque toda a vivência harmoniosa é o que nós desejamos e que vai sustentar o nosso processo evolutivo. Sabemos que, quando possível, os animais retornam em processo reencarnatório para a mesma família onde viveram.

No livro Missionários da luz, capítulo IV, Alexandre trata da importância da qualidade do nosso relacionamento com os animais para que possamos merecer a proteção dos amigos espirituais. Como você vê essa passagem?

Irvênia – No livro A questão espiritual dos animais, comento essa passagem. Alexandre e André Luiz estão dando assistência a uma família muito necessitada e André Luiz, na sua ingenuidade de então aprendiz, pergunta por que o plano espiritual não estava atendendo a essa família. Alexandre explica que o plano espiritual enviava boas vibrações a eles, que entretanto não conseguiam recebê-las porque se encontravam envoltos em fluidos deletérios causados pela maneira cruel como tratavam os seus animais. Alexandre aconselha: para que nós possamos merecer a ajuda do plano espiritual superior, é necessário que tenhamos a mesma conduta em relação àqueles que consideramos, pretensiosamente, nossos inferiores.

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