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irEu estava caminhando pela calçada da Avenida Dr. Epitácio Pessoa, em Santos/SP, quando um carro parou ao meu lado, e o carona me perguntou sobre um endereço. Olhei para o interior do veículo e vi ao lado do homem que pedia a informação uma jovem motorista, que me pareceu sorrir, embora usando máscara. Procurei dar toda a atenção ao homem, que me pareceu confuso. Indaguei o nome da rua a qual ele desejava se dirigir, mas ele não sabia. Dizia estar procurando uma loja comercial de ração para animais que era de um amigo que ele não via há muitos anos.
– Qual o nome do seu amigo?
– Jesus. – Ele respondeu sorrindo.
Uma loja de ração para animais cujo nome do proprietário era Jesus, localizada num bairro que ele não sabia o nome, numa rua desconhecida, realmente eu não tinha como ajudar.
– Lamento, amigo, não sei como auxiliar você.
A motorista que até aquele momento havia permanecido calada se manifestou:
– Está vendo, papai, o que adiantou sair da nossa cidade, viajar até aqui se você não conhece o destino onde quer chegar?
Naquele momento, me recordei do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, e da resposta do gato quando Alice perguntou:
– Gato Cheshire… Pode me dizer qual o caminho que eu devo tomar?
– Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato.
– Eu não sei para onde ir! – Disse Alice.
– Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
Aquele homem não sabia ao certo qual era o destino da sua viagem. Ele estava à procura de Jesus, seu amigo, e isso me levou a refletir sobre O Evangelho segundo o Espiritismo.
Somos viajantes caminhando para nosso destino, Jesus, mas por vezes nos perdemos pelo caminho. Um amigo me dizia sempre: “Salles, a viagem fica mais leve quando conhecemos a nossa destinação”. Diante daquela situação cotidiana e daqueles pensamentos que orbitavam a minha mente, não pude deixar de indagar a mim mesmo: “você conhece a sua destinação?” A resposta é bem fácil e está na ponta da língua, pelo menos teoricamente: Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ele é a destinação, mas estamos enfrentando o percurso, embora saber o destino venha a facilitar a jornada, isso é fato.
No segundo capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo, “Meu reino não é deste mundo”, podemos alimentar a nossa fome espiritual e o nosso senso de direção:
“Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas o meu reino ainda não é aqui. Disse-lhe então Pilatos: És, pois, rei? Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence à verdade escuta a minha voz (S. João, 18:33, 36 e 37.)”.
Com a realidade da pandemia e a matemática constatação da impermanência da vida, precisamos refletir sobre a nossa destinação. Jesus deixa muito claro que o reino dEle não é deste mundo, muito menos o nosso reino, pois somos Espíritos imortais tendo uma experiência humana, essa é a realidade. Conhecer a nossa destinação no mundo espiritual nos auxilia a desenvolver uma compreensão maior sobre o trajeto de dores e lágrimas que enfrentamos a cada novo ciclo.
O homem que me pediu informações sobre o destino em busca do seu amigo sabia quem desejava encontrar, mas não tinha o endereço para alcançar o objetivo. Num momento em que a prova planetária da pandemia nos aturde, temos o Evangelho como GPS para nos guiar ao ponto de chegada. Se em algum momento de dor profunda perdermos a direção e cruzarmos com o gato Cheshire, podemos indagar a ele:
– Como faço para chegar a Jesus?
A resposta virá fácil: – Busque o seu próximo, ele é o atalho para o Cristo!
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