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ir“Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos a mim o fizestes” (Jesus – Mateus, 25:40).
As lições de Nosso Mestre Jesus nos tocam de forma muito profunda em um momento no qual, talvez, nunca tenha sido tão importante para a humanidade fixar-se em Seus ensinamentos. E temos muito a fazer pelos pequeninos.
Se os dados que reportamos nesta edição sobre a fome são estarrecedores e mexem com as nossas emoções, despertando um sentimento de compaixão, o que dizer, então, do impacto da pandemia do novo coronavírus, mas não somente dele, mas do descaso reticente que representa uma das maiores crueldades da vida moderna, o abandono dos “pequeninos”?
O estudo recente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) traçou o perfil completo da pobreza na faixa etária de até 17 anos e nos revela que quatro em cada 10 brasileiros pobres são crianças ou adolescentes. Segundo o economista e presidente do IMDS, Paulo Tafner, é chegada a hora de se preocupar como nunca com a juventude, claro que sem deixar de lado os idosos. A situação é preocupante e dolorosa e algo precisa ser feito. Para se ter uma ideia, durante o estudo, foi também analisada a questão da alfabetização. Enquanto crianças “ricas” têm acesso a ela a partir dos 8 anos, em classes pobres ou extremamente pobres esse acesso acontece apenas aos 11 anos de idade.
Reforça ainda Tafner: “Temos mais de R$ 300 bilhões em subsídios a empresas. É preciso pensar em como criar uma sociedade brasileira mais dinâmica em termos de mobilidade social e definir prioridades”, afirma. “O Brasil ainda não acordou para o fato de que a pobreza é muito concentrada entre aqueles com até 17 anos. A gente não investe no futuro.”
Os dados escancaram uma difícil realidade. E é preciso que seja feito algo. Não podemos imaginar um futuro sustentável e digno para uma sociedade fraterna e igualitária se realmente não nos preocuparmos com as bases, as crianças, os “pequeninos”. Vale recordarmos, uma vez mais, o Cristo e repensarmos o quanto continuamos a ser como o sacerdote ou o levita que são exemplificados na Parábola do Bom Samaritano, que, ao nos depararmos com o desconhecido do caminho, simplesmente mudamos do lado da calçada, mostrando a crueldade do descaso humano. É preciso que reflitamos o quanto realmente desejamos ser “os samaritanos” e realmente nos importarmos com a dor e as necessidades de nossos semelhantes, sobretudo desses pequeninos, que são os mais vulneráveis. Essa situação se agravou muito, principalmente, em 2020 e segue agora em 2021.
Cabe-nos refletir muito sobre o que podemos fazer para mudar essa situação. O benfeitor Emmanuel, no livro Coletânea do além, em uma linda mensagem com o título “A criança é o futuro”, nos convida a realmente olharmos para frente, começando a mudar a forma como cuidamos, e nos diz que não devemos só focar os esforços na nutrição orgânica, matando a fome dos pequeninos, mas também proporcionar a elas um futuro com um compromisso coletivo com as crianças. Fiquemos com as recomendações dele: “Estejamos igualmente atentos à verdade de que educar não se resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A Terra, em si mesma, é asilo de caridade em sua feição material. Governantes e sacerdotes diversos nunca esqueceram, de todo, a assistência à infância desvalida, mas são sempre raros os que sabem oferecer o abrigo do coração, no sentido de espiritualidade, renovação interior e trabalho construtivo. Em nutrindo células orgânicas, não olvideis a alimentação espiritual imprescindível às criaturas. No quadro imenso da transformação em que vossas atividades se localizam atualmente, a iniciativa de educação é de importância essencial no equilíbrio do mundo. Cuidemos da criança, como quem acende claridades no futuro. Compareçamos, em companhia delas, à presença espiritual de Cristo e teremos renovado o sentido da existência terrestre, colaborando para que surjam as alegrias do mundo num dia melhor”. Que possamos fazer mais por estes pequeninos!