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O futuro da Terra está em nossas mãos

Segundo dados históricos (HARARI, 2017), começaram a surgir seres humanos aqui na Terra a partir de um ramo de primatas já com tendência à postura ereta, o Australopithecus afarensis (austral = sul, pithecus = macaco), que teria vivido na África há cerca de 3,2 milhões de anos. Esses dados, também referidos no campo da Antropologia (NEVES, 2018), confirmam plenamente o que consta no capítulo XI de A Gênese, de Kardec (2010), sobre o assunto. Nosso planeta vivia então o estágio dos mundos primitivos (KARDEC, 1990), e nossa capacidade cognitiva somente nos dava suporte para sobreviver, defender a integridade do nosso corpo físico e o nosso território, além de reproduzir a espécie. Necessariamente, éramos egocentrados.

Com o passar dos tempos, nossa morada planetária passou ao nível de mundos de expiação e provas (onde o mal predomina), em que ainda nos encontramos, com a expectativa de ascendermos à próxima categoria evolutiva, a dos mundos de regeneração (em que a alma adquire novas forças).

Nesse milhões de anos, como cuidamos deste nosso planeta? Infelizmente, as notícias a respeito não são nada animadoras. Não é difícil percebermos a nossa capacidade, ainda atual, de uso e de abuso dos recursos naturais disponíveis, assim como a maneira espontânea com que, em visão geral, subjugamos e exploramos os seres mais fragilizados em benefício de nossos interesses.

Na Magna Grécia Antiga, lá pelo século VII a.C., havia a concepção da existência de três reinos – o dos deuses, o dos homens e o dos animais –, sendo esperado que cada ser agisse na justa medida do reino a que pertencia. Os deuses e os animais atenderam à recomendação, mas não os homens, que, por vezes, se arvoravam em deuses e, automaticamente, caíam na dominação e subjugação daqueles sobre os quais exercia poder, à semelhança do comportamento de alguns animais, como os predadores, que perseguem e subjugam. Assim, o ser humano, abandonando a recomendação do que originalmente lhe seria próprio, acabou colocando, nessa categoria, a oscilação de suas atitudes entre a soberba e a barbárie que, diga-se de passagem, não lhe é apropriada e persiste, residualmente, até os nossos dias.

Pegada ecológica

 A World Wide Fund for Nature (WWF), organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, usa a “pegada ecológica” (“rastro”, “marca”, maior ou menor, que deixamos dependendo de como procedemos em nossa caminhada) como método de contabilidade ambiental para avaliar a pressão do consumo dos grupos humanos sobre os recursos naturais, expressada em hectares globais (gha). Até os anos 1970 existia um relativo equilíbrio na utilização dos recursos naturais do planeta em comparação à sua capacidade de reposição desses recursos, mas a partir daí vem acontecendo um crescente e preocupante desequilíbrio nesse manejo. Pode-se então dizer que a obtenção de recursos naturais é hoje 50% maior do que a capacidade do planeta em renová-los, de tal sorte que já precisaríamos de 1,5 planeta para sustentar nosso atual estilo de vida. Se isso continuar, estima-se que em 2050 iremos necessitar de dois planetas, o que é impossível, pois só temos um, que com urgência devemos preservar. Com isso, desrespeita-se completamente a “biocapacidade” da nossa morada, ou seja, a possibilidade dos ecossistemas em produzir e manter em níveis desejáveis recursos úteis para a humanidade e absorver os resíduos gerados pela sua utilização.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020 já existiam no Brasil 218,2 milhões de cabeças de gado, portanto, mais do que pessoas, pois, em 2021, a população brasileira é estimada em 213,3 milhões de habitantes. Considerando que, em média, cada bovino pesa sete vezes mais que um ser humano, não é difícil concluir que a maior parte da produção de grãos de algumas monoculturas como as de milho e soja destina-se à alimentação de animais, não apenas bovinos, mas ainda suínos, aves e outros. Essas monoculturas, como as vastas pastagens “implantadas” (que substituíram a vegetação natural) para a criação de bois, estão devastando os ecossistemas.

Até os anos 1970, existia um relativo equilíbrio na utilização dos recursos naturais do planeta em comparação à sua capacidade de reposição desses recursos, mas a partir daí vem acontecendo um crescente e preocupante desequilíbrio nesse manejo. Pode-se então dizer que a obtenção de recursos naturais é hoje 50% maior do que a capacidade do planeta em renová-los, de tal sorte que já precisaríamos de 1,5 planeta para sustentar nosso atual estilo de vida.

Uma medida de felicidade para todos os homens?

Interesses econômicos se sobrepõem a um propósito meritório, que seria o de respeito a todos os elementos da natureza e busca de relação harmônica entre seres humanos e animais. Não por outra razão, André Luiz (1944), encontrando-se com Aniceto em ambiente rural, ouve desse mentor o ensinamento que pronuncia aos moradores locais:

“[…] tendes visto a civilização funcionando qual vigorosa máquina de triturar, convertendo-se os homens, nossos irmãos, em pequenos moloques[1] de pão, carne e vinho, absolutamente mergulhados na viciação dos sentimentos e nos excessos da alimentação, despreocupados do imenso débito para com a natureza amorável e generosa. Eles oprimem as criaturas inferiores, ferem as forças benfeitoras da vida e são ingratos para com as fontes do bem […]. Cooperemos no despertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso débito para com a natureza maternal […]. Ajudemo-los a valerem-se da cooperação dos animais, sem os recursos do extermínio! Nessa época, o matadouro será convertido em local de cooperação, onde o homem atenderá aos seres inferiores e onde estes atenderão às necessidades do homem […].

Kardec (1991), na questão n. 922, pergunta aos Espíritos se há uma medida de felicidade para todos os homens, recebendo deles a resposta esclarecedora: “Para a vida material, a posse do necessário; para a vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro”. Difícil, pois sequer temos noção do que nos seja absolutamente necessário. Por outro lado, a consciência da humanidade não pode estar tranquila dadas as consequências desastrosas da maneira como vem se conduzindo. Quanto à fé no futuro, que diz respeito “ao sentimento inato, no ser humano, da sua destinação futura” (KARDEC, 1990), intuitivamente sabemos que tendemos à luz e à perfeição relativa a que todos estamos destinados, “sendo absolutamente necessário que, para isso, possamos desenvolver, pela nossa vontade ativa, as potencialidades que trazemos no íntimo, a princípio em estado latente”.

Harmonia entre humanos e animais

É imperativo reconhecermos que já existem, em nosso planeta, movimentos culturais e religiosos despertados para a necessidade de vivência harmônica entre seres humanos e animais, com respeito a todos os outros elementos da natureza. São, no dizer do antigo historiador Arnold Toynbee, em sua magnífica obra em 12 volumes – A Study of History –,as “minorias criativas” que se dispõem a propor ao modelo vigente de pensar e de agir das comunidades novas propostas para inovação e melhoramento das condições de vida de todos.

E não é de hoje que minorias criativas vêm trabalhando em favor do progresso espiritual da humanidade. Em A Gênese, de Kardec (2010), no capítulo XVIII encontra-se registrado longo texto intitulado “Os tempos são chegados. Sinais dos tempos. A nova geração”, alusivo à necessidade de retomarmos o progresso de nosso senso moral para que mereçamos vivenciar a categoria de mundos de regeneração. Consta desse texto: “Dizem-nos de todas as partes que os tempos marcados por Deus, em que vão ocorrer grandes acontecimentos para a regeneração da humanidade, são chegados” (lembrar que a 1ª edição dessa obra data de 1868!). Lemos ainda nesse texto:

[…] o nosso globo, como tudo o que existe, está sujeito à lei do progresso […] fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam […] Moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes […] Quando, então, a humanidade está madura para subir de grau, pode-se dizer que os tempos marcados por Deus são chegados […] para a maturação dos frutos e da colheita […] Até o presente, a humanidade tem realizado progressos incontestáveis […] (mas) ainda lhe falta um imenso progresso a realizar: o de fazer reinar entre os homens a caridade, a fraternidade e a solidariedade, para assegurar o seu bem-estar moral […] O homem não caminha mais às cegas. Sabe de onde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se mostra a ele em sua realidade: do que o homem faz hoje, ele pode deduzir o que será um dia […].

Assim, fica clara a chamada à nossa responsabilidade no entendimento da lei de causa e efeito. Evolutivamente, as sementes do senso moral, em nossa mente implantadas desde os tempos de nossas primeiras encarnações neste planeta (LUIZ, 1999), já encontram em nosso cérebro, estruturalmente bem desenvolvido, elementos adequados para a manifestação de comportamentos moralmente aceitáveis, que visem à busca de vivência harmônica com tudo e com todos. Portanto, só nos resta decidir por “uma tomada de consciência”, como refere em artigo o jornalista e filósofo espírita Herculano Pires (1975), conforme segue (resumidamente):

Uma religião focada na verdade e na caridade real

Chega de pieguice religiosa, de caridade interesseira, de imprensa condicionada à crença simplória e de falações emotivas […] Precisamos da Religião viril que remodela o homem e o mundo na base da verdade comprovada e da caridade real que não se traduz em esmolas […] Precisamos de exposições sábias e profundas dos problemas do espírito, nascidas da reflexão madura e do estudo metódico e profundo. Temos de acordar os dorminhocos da preguiça mental e convocar a todos para as trincheiras da guerra incruenta da sabedoria contra a ignorância, da realidade contra a ilusão, da verdade contra a mentira. Sem essa revolução em nossos processos não chegaremos ao mundo melhor que já está batendo, impaciente, às nossas portas.

O futuro da Terra e, portanto, da humanidade, está nas mãos de cada um de nós. Como refere a canção popular, “cada um de nós compõe a própria história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz!”

Vamos assumir, nessa história em construção, a parte que nos cabe, aqui e agora!

Referências

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Tradução de Janaína Marcoantonio. 25. ed. Porto Alegre: L&PM, 2017.

KARDEC, A. A Gênese: os milagres e as predições Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 3. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2010.

______. O livro dos Espíritos. 50. ed. Tradução de JH Pires. São Paulo: LAKE, 1991.

______. O Evangelho segundo o Espiritismo. 112. ed. Brasília, DF: FEB, 1990.

LUIZ, A. (Espírito). Evolução em dois mundos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 18. ed. Brasília, DF: FEB, 1999.

______. Os mensageiros. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1944.

NEVES, Walter. Curso online – a saga da humanidade. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/results?search_query=Curso+online+%E2%80%93+a+saga+da+humanidade. Acesso em: 30 out. 2021.

PIRES, J. Herculano. Uma tomada de consciência. Mensagem, ano 1, set. 1975.


[1] “Moloque” = gênero de réptil da Austrália.

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