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Mensagem espírita: educação e luz nos nossos caminhos

Nascido na cidade mineira de Carmo do Paranaíba, Victor Hugo, 22 anos, que gosta de ser chamado de Menino, colocou como objetivo diário, em 2018, a realização do 7 minutos com o Cristo, hoje Minutos com Jesus,um evangelho feito a partir da leitura e reflexão em torno dos comentários de Emmanuel, mentor de Francisco Cândido Xavier. Essa dupla, segundo ele, o alimenta com suas profundas meditações em torno de Jesus.

“O 7 minutos é bem simples e amador, mas carrega minha ponta de esforço em procurar sentir e me aproximar de Jesus. Esse Evangelho me acompanha em meus instantes de desafios e alegrias, apesar disso, sempre faço com o desejo de compreender e transmitir melhor um pouquinho do que as lições me ensinam”, diz. Até pouco tempo, ele compartilhava o 7 minutos com algumas pessoas por meio de uma lista de transmissão, mas, há um ano, criou um grupo no qual compartilha seus áudios-reflexões.

Estudante de Letras da Universidade Federal de Uberlândia, cidade para onde se mudou há alguns anos, Menino espera, por meio do 7 minutos, levar o Evangelho a mais pessoas. Ele conversou com a Folha Espírita e falou do Cristo, do Movimento Espírita e de como falar sobre Espiritismo com os jovens.

FE – Qual sua conexão com Kardec e Chico Xavier?

Victor Hugo – Allan Kardec e Chico Xavier são almas que o nosso Espírito tem profunda afinidade. São dois professores que me auxiliam a crescer a cada dia.

FE – Como você chegou ao Movimento Espírita?

Victor Hugo – A minha história com o Espiritismo vem de berço, sou filho de pais espíritas. Meu contato com a Doutrina de forma mais profunda se deu aos 15 anos, servindo na casa espírita que meus pais fundaram em Carmo do Paranaíba. Aos 19, quando me mudei para Uberlândia, conheci o grupo espírita universitário, comecei a frequentar outros centros e aí veio a pandemia. Em maio deste ano, começaram a surgir convites para estudos e palestras, e comecei a me conectar mais amplamente com o Movimento Espírita.

FE – Como é a sua relação com a mediunidade?

Victor Hugo – A minha relação com a mediunidade é bastante singela. Desde pequeno, percebo a influência positiva dos Espíritos na minha vida. Com 14 anos foi mais tumultuado, pois o contato com os Espíritos foi mais intenso e eu tive algumas dificuldades. A minha conexão com eles vai mais no campo da intuição, da sensibilidade. Aos 16 anos, comecei a desenvolver a psicografia e psicofonia. Quando vim para Uberlândia, parei com essas atividades porque ainda não encontrei uma casa espírita para prosseguir nessa tarefa, mas me conecto com os Espíritos superiores, fazendo o possível para que eles estejam mais presentes no meu cotidiano e na minha vida.

FE – Como falar do Cristo para jovens?

Victor Hugo – Todo conhecimento pode ser acessível ou inacessível. Vai depender da maneira com que a pessoa que sabe, que conhece e que compreende melhor deseja transmiti-lo, trabalhá-lo, de alguma forma passando adiante. É preciso a gente reconhecer esse ponto essencial. Porque a língua nos possibilita com esse monte de palavras, com esse monte de recursos, a gente falar uma mesma coisa de diferentes formas. Faço Letras na Universidade Federal de Uberlândia e uma das coisas que vou compreendendo são os contextos de uso da língua. Nos adequamos às circunstâncias, utilizando a língua, mas nos adaptando ao contexto no qual estamos inseridos. É preciso pensar que a Doutrina Espírita, a mensagem de Jesus, é um rico manancial de conhecimento, mas a gente pode torná-la inacessível quando não nos atentamos ao princípio básico da comunicação. Temos de procurar entender os meios para falar alguma coisa da forma mais próxima possível do interlocutor que temos. É um princípio importante para a gente considerar. E como a juventude tem um linguajar mais despojado… Quem deseja trabalhar com a juventude tem de se atentar a esse ponto, considerando que não se trata de falar do mesmo jeito, mas procurar na simplicidade e no amor esse elo de conexão, uma vez que se não existe nenhum ponto de conexão para eles, se não parte de nada que para eles seja significativo, a gente vai perceber que não vai ter a repercussão que a gente deseja.

A mensagem do Cristo atende a todos os públicos, mas por vezes a gente a torna inacessível. O que Jesus falava era entendido por todos, seja pelos mais velhos e seja pelos mais novos, porque o amor e a alegria eram uma vibração verdadeira que os apóstolos e a multidão ficavam magnetizados. Por isso, é preciso colocar um pouco mais dessa paixão no que a gente faz, procurando esse envolvimento verdadeiro com a juventude, entregando esse presente que é a mensagem de Jesus.

FE – Como o jovem pode participar do Movimento Espírita?

Victor Hugo – Acho que o primeiro ponto para a gente pensar na participação dos jovens do Movimento Espírita é reconhecer a necessidade de estar filiado a um centro espírita. Cada casa espírita é como se fosse uma célula, que está conectada a esse organismo que é o Movimento Espírita. Se a gente está ali, na casa espírita, a gente já está se integrando a esse grande trabalho que os Espíritos têm conduzido. A partir daí, vão surgir várias frentes de trabalho, que vão desde Mocidade, assistência social, divulgação espírita, estudos doutrinários, mediunidade que poderão contar com participação deles, conectando assim a outros trabalhos e a outras casas, e ainda eventos, enfim tanta coisa. Hoje, com tantos meios tecnológicos, surgem, cada vez mais, várias possibilidades que o jovem pode colaborar, por exemplo, em canais do YouTube, páginas nas redes sociais, blogs, sites etc.

A gente vem percebendo o quanto a mensagem de Jesus tem sido necessária para os jovens que têm esse intento de mudança, de transformação, ela é um grande manancial. Jesus entregou um presente para a humanidade, porque ele trouxe o que há de mais lindo e mais sagrado. A partir dos Evangelhos, a gente vai tendo contato com momentos ímpares na vida do Cristo.

FE – Você vê que existe uma evolução moral a cada nova geração?

Victor Hugo – Esta questão é muito engraçada porque ela pede que a gente trate de um ponto maior, visto que os Espíritos do passado, de uma geração anterior, reencarnam posteriormente para a formação de uma nova geração. Quando falamos de gerações, precisamos incluir o tema reencarnação. Por exemplo, eu encarnei no finalzinho do século XX, início do século XXI. Vou ter uma vida, vou desencarnar. Nesse período participei de uma geração, mas quando reencarnar de novo vou participar de outra geração. O que vai mudar? O meio no qual vou viver, o cenário, mas serei eu, o ator novamente, trocando de roupas com meu avanço moral em novos tempos. A partir de então é justo reconhecer que de geração em geração, eu acho que há mais uma evolução de meios, de recursos, de coisas acontecendo, discussões e paradigmas do que propriamente dito uma evolução, apesar de que muitos Espíritos superiores encarnam para colocar lenha na fogueira nessa evolução necessária, nesse repensar. Mas é preciso reconhecer que a transformação que a gente tanto espera é uma coisa gradativa, que vai acontecendo.

A transformação que a gente tanto espera é uma coisa gradativa, que vai acontecendo.

FE – Como podemos aproximar todas essas informações tão importantes sobre a mensagem de Jesus ao universo daquele jovem que ainda não se encontra desperto? Como um centro espírita pode promover essa aproximação de maneira prática?

Victor Hugo – Primeiro ponto que a gente precisa considerar é que o Cristo não é uma figura somente religiosa, como o homem foi construindo essa imagem durante tanto tempo. É preciso reconhecer que o que Jesus fez vai muito além da área religiosa. Porque a contribuição dele atinge a Psicologia, a Filosofia, a Sociologia, a História e as áreas do conhecimento diversas, porque ele impactou totalmente na forma de se viver, na forma de se enxergar o outro e cada vez mais a gente tem percebido a atualidade de tudo aquilo que ele tem falado, da necessidade do amor ao próximo, independentemente se o próximo segue o paradigma da sociedade.

A gente vem percebendo o quanto a mensagem de Jesus tem sido necessária para os jovens que têm esse intento de mudança, de transformação, porque ela é uma grande resposta a essas indignações, a esses questionamentos e dúvidas da juventude e de toda sociedade. Jesus entregou um presente para a humanidade, porque ele trouxe o que há de mais lindo e mais sagrado no universo para os nossos corações. E o centro espírita que acolhe e ampara com atenção os jovens, criando essa ponte para a juventude com essa mensagem viva do Cristo, trabalha por essa legítima aproximação do jovem com a temática religiosidade e espiritualidade.

FE – É possível pensar em educação espírita?

Victor Hugo – A educação espírita é uma das propostas que Allan Kardec apresenta diante de toda a Codificação. Os ensinos dos Espíritos não vêm para ser apenas mais um conhecimento, mas para auxiliar na transformação do ser. Conhecimento esse que deve caminhar conosco nos mínimos detalhes, porque são pilares importantes que o pensamento espírita nos traz que se apoiam sobre as leis da natureza e que colaboram para a construção de um ser integral. Já temos escolas espíritas que procuram, na proposta de trabalho, essa mensagem. Isso já mostra um rumo novo. Cada vez mais a gente vê o Espiritismo em essência penetrando firmemente nas coisas que acontecem, trazendo novas reflexões, sendo respeitado. A mensagem espírita não veio para ficar nos livros, mas para auxiliar a humanidade diante da dor, do suicídio, da obsessão, nos ajudando muito a nos educar, ao lançar luz sobre os nossos caminhos e os nossos destinos.

FE – Como o Movimento Espírita universitário encara a justiça social? É possível uma conexão do jovem espírita com a política social?

Victor Hugo – Diante da juventude como um todo, principalmente dentro das universidades, a gente pode perceber, sim, um engajamento muito grande do jovem com a política devido ao seu senso crítico em relação à sociedade, às perspectivas que procura adotar com a vida, como interpreta a realidade e aquilo que acontece. A gente percebe o jovem muito intenso nessas movimentações, principalmente em temáticas sociais. Quando a gente vai compreendendo o Espiritismo, a gente vai pontuando muitas coisas, vai aperfeiçoando a nossa visão, dando mais consistência a alguns anseios sociais. Ele nos auxilia a perceber os detalhes da reencarnação, as responsabilidades que nos cabem, os deveres que a gente tem. Tudo isso vai impactando no nosso posicionamento, na nossa forma de lidar e agir.

Folha Espírita – Como é o Movimento Espírita na universidade?

Victor Hugo – Não posso falar de todas, mas da minha experiência com a Universidade Federal de Uberlândia. Lá há um Grupo Espírita Universitário (GEU) que reúne espíritas e não espíritas que procuram estudar a Doutrina. As reuniões acontecem semanalmente e qualquer um pode participar. Temos um pessoal com muita sensibilidade, uma consciência de mundo muito grande, que atua em centros espíritas, ajuda em atividades e se reúne para somar.

*Colaborou Cláudia Santos

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