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irDe repente começa uma música, uma vibração dentro do bolso, uma chamada na tela, basta um sinal, uma notificação e corremos para desbloquear o celular e descobrir quais são as novidades. Não há como negar, as redes sociais estão presentes no nosso dia a dia, fazem parte da nossa rotina. Hora de discutir a toxidade digital.
De repente começa uma música, uma vibração dentro do bolso, uma chamada na tela, basta um sinal, uma notificação e corremos para desbloquear o celular e descobrir quais são as novidades. Não há como negar, as redes sociais estão presentes no nosso dia a dia, fazem parte da nossa rotina.
Quando estava lendo e pesquisando para escrever este texto, me lembrei de uma passagem do livro Missionários da luz, de André Luiz e psicografia de Chico Xavier, no capítulo X – “Materialização”. Além do um belíssimo relato de como devemos nos comportar dentro do Grupo Espírita ao qual frequentamos, nos remete a uma importante lição sobre nossa toxidade. Claro que no relato de André Luiz não havia celulares, que, nos dias de hoje, devem dar um grande trabalho aos benfeitores que conduzem as tarefas, pois há uma grande quantidade de smartphones que permanecem ligados nos salões de preces e palestras. Vejamos um trecho.
“Nesse momento, porém, algo aconteceu de estranho no Círculo de nossas atividades espirituais. Percebeu-se grande choque de vibrações no recinto. Dois servidores aproximaram-se de Alencar e um deles explicou, espantadiço:
– O senhor P… aproxima-se, porém, em condições indesejáveis…
– Que aconteceu? – Indagou o controlador, seguro de si.
– Bebeu alcoólicos em abundância e precisamos providenciar-lhe o insulamento.
O controlador esboçou um gesto de contrariedade e murmurou, encaminhando-se para a porta de entrada:
– É muito grave! Neutralizemos a sua influenciação, sem perda de tempo.
Alexandre convidou-me a observar o caso de mais perto. Em vista da estupefação que me tomava de assalto, esclareceu:
– Nestes fenômenos, André, os fatores morais constituem elemento decisivo de organização. Não estamos diante de mecanismos de menor esforço, e sim ante manifestações sagradas da vida, em que não se pode prescindir dos elementos superiores e da sintonia vibratória.
Nesse instante, o senhor P… transpunha a porta.
Bem-posto, evidenciando excelentes disposições, não parecia ameaçar o equilíbrio geral, mesmo porque não revelava, exteriormente, qualquer traço de embriaguez.
Satisfazendo, porém, as determinações de Alencar, diversos operários dos serviços cercaram-no à pressa, como enfermeiros a se encarregarem de doente grave.
Incapaz de guardar minha própria impressão, indaguei:
– Que ocorre, afinal? Esse homem parece calmo e normal.
– Sim – elucidou Alexandre, benevolente – parecer não é tudo. A respiração dele, em semelhante estado, emite venenos. Noutro núcleo poderia ser tratado caridosamente, mas aqui, atendendo-se à função especializada do recinto, os princípios etílicos que exterioriza pelas narinas, boca e poros são eminentemente prejudiciais ao nosso trabalho. Como vemos, há necessidade de preparação moral para qualquer trato. A viciação, em qualquer sentido, antes de tudo, deprime o viciado, mas perturba igualmente os outros.
Recordei a função do álcool no organismo humano, mas bastou que a lembrança me aflorasse, de leve, para que o instrutor me esclarecesse, imediatamente:
– Você compreende que as doses mínimas de álcool intensificam o processo digestivo e favorecem a diurese, mas o excesso é tóxico destruidor. As emanações de álcool de cana, ingerido pelo nosso irmão, em doses altas, são altamente nocivas aos delicados elementos de formação plástica que serão agora conferidos ao nosso esforço, além de constituírem sério perigo às forças exteriorizadas do aparelho mediúnico.
De fato, pouco a pouco se sentia, embora vagamente, o cheiro característico de fermentação alcoólica.
Reparei que o Sr. P… foi cercado pelas entidades operantes e neutralizado pela influenciação delas, à maneira do detrito anulado por abelhas laboriosas, em plena atividade na colmeia.”
Todas as vezes que leio esse relato, me pergunto: “será que algumas vezes, pelo uso indevido do celular, fomos neutralizados por entidades operantes dentro da Casa Espírita?” Vamos refletir!
Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP, explica: “as redes sociais são amplificadores para sentimentos já existentes, o que pode ser danoso para pessoas que já apresentam quadros similares à solidão, depressão ou ansiedade. Isso se dá porque esses aplicativos, principalmente aqueles voltados para imagem, como é o caso do Instagram, apresentam um ambiente de ‘positividade tóxica’, onde compartilhamos apenas os melhores aspectos da nossa vida, nossas melhores selfies, nossas viagens, passeios e conquistas, deixando de lado qualquer ponto negativo e até mesmo exigindo um comportamento positivo até mesmo em situações difíceis.
Quem não se lembra das blogueiras que agradeceram ao coronavírus pelo ‘momento de reflexão’ proporcionado pela pandemia? Isso faz com que as pessoas passem a comparar suas vidas de maneira não saudável, exigindo de si mesmas algo que nem sempre é possível e fazendo com que o mundo virtual ocupe um espaço indevido na sua percepção de realidade. Em contraponto, apesar da cobrança por um comportamento (good vibes), as redes sociais também favorecem propagação de comentários negativos, discursos de ódio e todo tipo de conteúdo que pode gerar desconforto ou insegurança, além de estimularem, de certa forma, a ‘competição’ e a demanda por atenção, seja em forma de curtidas, comentários ou compartilhamentos, algo tão danoso que levou o Instagram a bloquear a visualização dos números de likes em fotos alheias.
Segundo Tristan Harris, ex-especialista de design do Google, esse sistema de notificações e interações em redes sociais funciona como um ‘esquema de recompensas’ similar ao de cassinos e jogos de azar, que contribui para que os aplicativos se tornem viciantes. Esses resultados são visíveis não somente no comportamento dos usuários, mas também química e biologicamente: celulares e aplicativos, assim como jogos de azar, são feitos para estimular a liberação de dopamina, um neurotransmissor responsável por formar hábitos e, posteriormente, vícios, que dificultam o processo de redução do uso do celular.”
Dunker esclarece: “nos últimos 10 anos, as taxas de ansiedade e depressão no mundo aumentaram cerca de 18 pontos percentuais segundo a OMS. Esses números se tornam ainda mais preocupantes ao olharmos apenas para a população mais jovem, entre 14 e 24 anos, parcela da população que apresentou aumento de 70% nas taxas de depressão ao longo dos últimos 25 anos. Curiosamente, essa é a mesma faixa etária que mais utiliza as redes sociais: cerca de 90% das pessoas, mais do que qualquer outro grupo etário, como aponta relatório da RSPH. Os resultados apresentam jovens ansiosos, deprimidos, com baixa autoestima, sem sono, com dificuldades de estabelecer conexões humanas e problemas com a manutenção do foco e da atenção.
Um trabalho realizado por pesquisadores do Sainte-Justine Hospital, localizado em Montreal, no Canadá, que avaliou 3,8 mil jovens entre 12 e 16 anos durante quatro anos, também revelou que o tempo de exposição às redes sociais, principalmente aquelas onde há comparação social, como fotos de colegas exibindo ‘corpos perfeitos’, tiveram correlação com sintomas de depressão dentro do grupo. Além disso, a pressão do mundo digitalizado para se manter sempre conectado e atento às novidades, até mesmo de forma viciosa, pode provocar sintomas de FOMO, ou ‘Fear of Missing Out’. Traduzido como ‘Medo de perder algo’, o FOMO é uma síndrome que pode ser definida como o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem, e cujo receio incentiva a se manter conectado para saber de tudo, participar e compartilhar novidades a todo momento. Este é um dos principais indícios de que alguém está viciado nas redes sociais e pode causar angústia, mau humor e, em casos mais graves, depressão. Assim como nos outros casos, o FOMO também é identificado principalmente em jovens e adultos de até 34 anos, mais vulneráveis às pressões sociais impostas pelas redes sociais, tanto pelos usuários quanto pela publicidade presente nos aplicativos.
Outro efeito descoberto também está relacionado aos efeitos bioquímicos do uso dos celulares. Por elevarem os níveis de cortisol, nosso principal hormônio de stress, esse uso excessivo pode não só estar prejudicando nossa saúde como também de fato encurtando nossas vidas, pois essa alteração hormonal implica no aumento da pressão sanguínea e batimentos cardíacos em resposta a situações emocionais estressantes, como notificações indesejadas ou decepcionantes”.
“A gente sabe que é difícil ficar de fora das redes sociais. Querendo ou não, o mundo hoje é conectado, e as principais novidades, memes e tendências que acabam afetando o nosso dia a dia saem de lá, mesmo com todos os riscos que citamos acima. Porém, com maiores cuidados e mais consciência do nosso consumo, é possível contornar ao menos alguns desses problemas. O primeiro passo para um uso mais saudável desses aplicativos é saber limitar os locais e momentos adequados para utilizá-los. Priorize o contato interpessoal com as pessoas à sua volta e respeite o momento certo para cada atividade, seja o estudo, a refeição, ou uma interação com amigos ou família, sem se deixar levar pelas notificações constantes, afinal, você sempre pode silenciar seu aparelho.
Evite também o uso do celular ou do computador antes de dormir, pois estes podem afetar negativamente o seu sono e, consequentemente, a sua saúde. Depois, passe a identificar como você se sente utilizando as redes sociais e o que é melhor para você: em que momentos do dia usar, como usar, quem seguir, o que consumir, sua frequência de publicações.
Questionar os motivos pelo qual você está utilizando o aplicativo em determinado momento e compreender qual tipo de público ou conteúdo mais afeta o seu psicológico são meios importantes para entender sua relação com as redes sociais e começar uma mudança de hábitos, fazendo uma verdadeira “limpa” de tudo aquilo que pode ser tóxico para você. Por fim, não tenha medo de se desconectar! Um estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia pediu para 140 estudantes para escolherem entre manter seu uso regular de redes sociais (Facebook, Instagram e Snapchat) ou limitar a 10 minutos para cada aplicativo, totalizando 30 minutos diários no máximo.
Observando os dados dos celulares de cada jovem para confirmar o tempo de utilização dos aplicativos e colhendo os resultados da pesquisa, o estudo revelou que aqueles que optaram por reduzir bruscamente o uso de redes sociais sentiram-se significativamente melhor após um período de três semanas, apontando redução no sentimento de depressão e solidão, principalmente aqueles que começaram o trabalho com altos níveis de ansiedade e outros problemas de saúde mental, além de relatarem menor FOMO durante o mesmo período. Então, experimente passar alguns dias sem entrar nas redes ou com acesso bem reduzido, pois esse “detox” digital também pode apresentar benefícios para a sua saúde. E lembre-se: as redes sociais não são como a vida real. Não há problema em utilizar essas plataformas para se divertir ou se informar, mas o mundo que postamos nem sempre é verdadeiro. É preciso manter o cuidado e priorizar sempre o seu bem-estar.”
Quando estava lendo e pesquisando para escrever este texto, me lembrei de uma passagem do livro Missionários da luz, de André Luiz e psicografia de Chico Xavier, no capítulo X – “Materialização”. Além do um belíssimo relato de como devemos nos comportar dentro do Grupo Espírita ao qual frequentamos, nos remete a uma importante lição sobre nossa toxidade. Claro que no relato de André Luiz não havia celulares, que, nos dias de hoje, devem dar um grande trabalho aos benfeitores que conduzem as tarefas, pois há uma grande quantidade de smartphones que permanecem ligados nos salões de preces e palestras. Vejamos um trecho.
“Nesse momento, porém, algo aconteceu de estranho no Círculo de nossas atividades espirituais. Percebeu-se grande choque de vibrações no recinto. Dois servidores aproximaram-se de Alencar e um deles explicou, espantadiço:
– O senhor P… aproxima-se, porém, em condições indesejáveis…
– Que aconteceu? – Indagou o controlador, seguro de si.
– Bebeu alcoólicos em abundância e precisamos providenciar-lhe o insulamento.
O controlador esboçou um gesto de contrariedade e murmurou, encaminhando-se para a porta de entrada:
– É muito grave! Neutralizemos a sua influenciação, sem perda de tempo.
Alexandre convidou-me a observar o caso de mais perto. Em vista da estupefação que me tomava de assalto, esclareceu:
– Nestes fenômenos, André, os fatores morais constituem elemento decisivo de organização. Não estamos diante de mecanismos de menor esforço, e sim ante manifestações sagradas da vida, em que não se pode prescindir dos elementos superiores e da sintonia vibratória.
Nesse instante, o senhor P… transpunha a porta.
Bem-posto, evidenciando excelentes disposições, não parecia ameaçar o equilíbrio geral, mesmo porque não revelava, exteriormente, qualquer traço de embriaguez.
Satisfazendo, porém, as determinações de Alencar, diversos operários dos serviços cercaram-no à pressa, como enfermeiros a se encarregarem de doente grave.
Incapaz de guardar minha própria impressão, indaguei:
– Que ocorre, afinal? Esse homem parece calmo e normal.
– Sim – elucidou Alexandre, benevolente – parecer não é tudo. A respiração dele, em semelhante estado, emite venenos. Noutro núcleo poderia ser tratado caridosamente, mas aqui, atendendo-se à função especializada do recinto, os princípios etílicos que exterioriza pelas narinas, boca e poros são eminentemente prejudiciais ao nosso trabalho. Como vemos, há necessidade de preparação moral para qualquer trato. A viciação, em qualquer sentido, antes de tudo, deprime o viciado, mas perturba igualmente os outros.
Recordei a função do álcool no organismo humano, mas bastou que a lembrança me aflorasse, de leve, para que o instrutor me esclarecesse, imediatamente:
– Você compreende que as doses mínimas de álcool intensificam o processo digestivo e favorecem a diurese, mas o excesso é tóxico destruidor. As emanações de álcool de cana, ingerido pelo nosso irmão, em doses altas, são altamente nocivas aos delicados elementos de formação plástica que serão agora conferidos ao nosso esforço, além de constituírem sério perigo às forças exteriorizadas do aparelho mediúnico.
De fato, pouco a pouco se sentia, embora vagamente, o cheiro característico de fermentação alcoólica.
Reparei que o Sr. P… foi cercado pelas entidades operantes e neutralizado pela influenciação delas, à maneira do detrito anulado por abelhas laboriosas, em plena atividade na colmeia.”
Todas as vezes que leio esse relato, me pergunto: “será que algumas vezes, pelo uso indevido do celular, fomos neutralizados por entidades operantes dentro da Casa Espírita?” Vamos refletir!
Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP, explica: “as redes sociais são amplificadores para sentimentos já existentes, o que pode ser danoso para pessoas que já apresentam quadros similares à solidão, depressão ou ansiedade. Isso se dá porque esses aplicativos, principalmente aqueles voltados para imagem, como é o caso do Instagram, apresentam um ambiente de ‘positividade tóxica’, onde compartilhamos apenas os melhores aspectos da nossa vida, nossas melhores selfies, nossas viagens, passeios e conquistas, deixando de lado qualquer ponto negativo e até mesmo exigindo um comportamento positivo até mesmo em situações difíceis. Quem não se lembra das blogueiras que agradeceram ao coronavírus pelo ‘momento de reflexão’ proporcionado pela pandemia? Isso faz com que as pessoas passem a comparar suas vidas de maneira não saudável, exigindo de si mesmas algo que nem sempre é possível e fazendo com que o mundo virtual ocupe um espaço indevido na sua percepção de realidade. Em contraponto, apesar da cobrança por um comportamento (good vibes), as redes sociais também favorecem propagação de comentários negativos, discursos de ódio e todo tipo de conteúdo que pode gerar desconforto ou insegurança, além de estimularem, de certa forma, a ‘competição’ e a demanda por atenção, seja em forma de curtidas, comentários ou compartilhamentos, algo tão danoso que levou o Instagram a bloquear a visualização dos números de likes em fotos alheias. Segundo Tristan Harris, ex-especialista de design do Google, esse sistema de notificações e interações em redes sociais funciona como um ‘esquema de recompensas’ similar ao de cassinos e jogos de azar, que contribui para que os aplicativos se tornem viciantes. Esses resultados são visíveis não somente no comportamento dos usuários, mas também química e biologicamente: celulares e aplicativos, assim como jogos de azar, são feitos para estimular a liberação de dopamina, um neurotransmissor responsável por formar hábitos e, posteriormente, vícios, que dificultam o processo de redução do uso do celular.”
Dunker esclarece: “nos últimos 10 anos, as taxas de ansiedade e depressão no mundo aumentaram cerca de 18 pontos percentuais segundo a OMS. Esses números se tornam ainda mais preocupantes ao olharmos apenas para a população mais jovem, entre 14 e 24 anos, parcela da população que apresentou aumento de 70% nas taxas de depressão ao longo dos últimos 25 anos. Curiosamente, essa é a mesma faixa etária que mais utiliza as redes sociais: cerca de 90% das pessoas, mais do que qualquer outro grupo etário, como aponta relatório da RSPH. Os resultados apresentam jovens ansiosos, deprimidos, com baixa autoestima, sem sono, com dificuldades de estabelecer conexões humanas e problemas com a manutenção do foco e da atenção. Um trabalho realizado por pesquisadores do Sainte-Justine Hospital, localizado em Montreal, no Canadá, que avaliou 3,8 mil jovens entre 12 e 16 anos durante quatro anos, também revelou que o tempo de exposição às redes sociais, principalmente aquelas onde há comparação social, como fotos de colegas exibindo ‘corpos perfeitos’, tiveram correlação com sintomas de depressão dentro do grupo.
Além disso, a pressão do mundo digitalizado para se manter sempre conectado e atento às novidades, até mesmo de forma viciosa, pode provocar sintomas de FOMO, ou ‘Fear of Missing Out’. Traduzido como ‘Medo de perder algo’, o FOMO é uma síndrome que pode ser definida como o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem, e cujo receio incentiva a se manter conectado para saber de tudo, participar e compartilhar novidades a todo momento. Este é um dos principais indícios de que alguém está viciado nas redes sociais e pode causar angústia, mau humor e, em casos mais graves, depressão. Assim como nos outros casos, o FOMO também é identificado principalmente em jovens e adultos de até 34 anos, mais vulneráveis às pressões sociais impostas pelas redes sociais, tanto pelos usuários quanto pela publicidade presente nos aplicativos. Outro efeito descoberto também está relacionado aos efeitos bioquímicos do uso dos celulares. Por elevarem os níveis de cortisol, nosso principal hormônio de stress, esse uso excessivo pode não só estar prejudicando nossa saúde como também de fato encurtando nossas vidas, pois essa alteração hormonal implica no aumento da pressão sanguínea e batimentos cardíacos em resposta a situações emocionais estressantes, como notificações indesejadas ou decepcionantes”.
“A gente sabe que é difícil ficar de fora das redes sociais. Querendo ou não, o mundo hoje é conectado, e as principais novidades, memes e tendências que acabam afetando o nosso dia a dia saem de lá, mesmo com todos os riscos que citamos acima. Porém, com maiores cuidados e mais consciência do nosso consumo, é possível contornar ao menos alguns desses problemas.
O primeiro passo para um uso mais saudável desses aplicativos é saber limitar os locais e momentos adequados para utilizá-los. Priorize o contato interpessoal com as pessoas à sua volta e respeite o momento certo para cada atividade, seja o estudo, a refeição, ou uma interação com amigos ou família, sem se deixar levar pelas notificações constantes, afinal, você sempre pode silenciar seu aparelho. Evite também o uso do celular ou do computador antes de dormir, pois estes podem afetar negativamente o seu sono e, consequentemente, a sua saúde. Depois, passe a identificar como você se sente utilizando as redes sociais e o que é melhor para você: em que momentos do dia usar, como usar, quem seguir, o que consumir, sua frequência de publicações.
Questionar os motivos pelo qual você está utilizando o aplicativo em determinado momento e compreender qual tipo de público ou conteúdo mais afeta o seu psicológico são meios importantes para entender sua relação com as redes sociais e começar uma mudança de hábitos, fazendo uma verdadeira “limpa” de tudo aquilo que pode ser tóxico para você. Por fim, não tenha medo de se desconectar! Um estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia pediu para 140 estudantes para escolherem entre manter seu uso regular de redes sociais (Facebook, Instagram e Snapchat) ou limitar a 10 minutos para cada aplicativo, totalizando 30 minutos diários no máximo.
Observando os dados dos celulares de cada jovem para confirmar o tempo de utilização dos aplicativos e colhendo os resultados da pesquisa, o estudo revelou que aqueles que optaram por reduzir bruscamente o uso de redes sociais sentiram-se significativamente melhor após um período de três semanas, apontando redução no sentimento de depressão e solidão, principalmente aqueles que começaram o trabalho com altos níveis de ansiedade e outros problemas de saúde mental, além de relatarem menor FOMO durante o mesmo período.
Então, experimente passar alguns dias sem entrar nas redes ou com acesso bem reduzido, pois esse “detox” digital também pode apresentar benefícios para a sua saúde. E lembre-se: as redes sociais não são como a vida real. Não há problema em utilizar essas plataformas para se divertir ou se informar, mas o mundo que postamos nem sempre é verdadeiro. É preciso manter o cuidado e priorizar sempre o seu bem-estar.”
COMO fazer um detox digital: passos rápidos e fáceis! Curioso demais, 6 jan. 2022. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7KpnoQ53U8Q. Acesso em: 26 jul. 2022.
DUNKER, Christian. Intoxicação digital: o mal da geração criada entre tablets e smartphones. Uol, 15 abr. 2022. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/colunas/blog-do-dunker/2022/04/15/vivemos-uma-intoxicacao-digital-infantil-cronica.htm. Acesso em: 26 jul. 2022. ______. Paixão da ignorância: a escuta entre a psicanálise e educação. São Paulo: Contracorrente, 2020.