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irOutro dia me peguei pensando sobre como é comum idolatrar e da mesma forma abominar alguém. Dois extremos… Quem idolatra tende a seguir o seu ídolo. Aliás, tornou-se assustadoramente comum “seguir” alguém nas redes sociais. Certamente, seguir alguém que nos acrescenta em conhecimento e experiência, nos ajudando assim no desenvolvimento de habilidades e competências para lidar melhor com as questões que a vida nos impõe, é com certeza uma forma bem dinâmica e salutar de receber e compartilhar conhecimentos.
No entanto, não é o que ocorre em grande escala. Nem preciso expressar a preocupação com o enorme número de disseminadores de opinião no sentido estrito da palavra. Opiniões sem discernimento, vazias de fundamentos e que são seguidas por verdadeiro séquito de milhares de pessoas, que se limita a imitar e passar adiante o que seu ídolo despeja nas redes sociais a todo o momento.
Idolatria nunca foi bom, seja lá do ponto de vista que se analisa. No âmbito religioso, o combate a esse costume aparece em várias citações da Bíblia ao alertar quanto ao único ídolo a ser seguido, que é Deus. Segundo o dicionário, “idolatria” é adorar, venerar reverenciar um ídolo, que, no sentido figurado que estamos falando, é a pessoa objeto de grande paixão ou admiração. Sem dúvida, a idolatria conduz ao fanatismo, seja lá no campo ideológico, político ou religioso.
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Um exemplo de tragédia ocasionada por fanatismo ocorreu quando o idolatrado pastor Jim Jones, em 1978, levou 900 pessoas à morte na Guiana, todas de uma só vez, inclusive crianças, ao ingerirem suco de laranja com cianureto. Assim como Jim Jones, no campo religioso temos outros tantos episódios lamentáveis.
Acredito que todos concordam que Hitler era, e infelizmente ainda o é nos dias de hoje, idolatrado, o que faz com que a sua ideologia exerça um fascínio sobre os seus seguidores, despertando neles, segundo as suas tendências, a vontade de agirem de acordo com elas. Nem preciso me estender quanto às consequências dessa idolatria.
Se apurarmos a nossa percepção a respeito desse tema, perceberemos que a questão de idolatria pode alcançar as situações mais cotidianas e comuns de nossas vidas. Por mais que amemos nossos pais, por exemplo, quando idolatramos um dos genitores, podemos ao longo da vida nos decepcionar e, por conta disso, se não estivermos preparados espiritualmente, passar da idolatria à aversão.
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Uma amiga minha tinha adoração pelo pai quando era criança. Ele era atleta, jogava vôlei e ganhava vários campeonatos. Sempre a levava para assistir aos jogos e a incentivou a jogar vôlei também. Quando seu pai viajava para competir em torneios fora da cidade em que moravam e ela não podia ir por causa da escola, chegava a ficar doente. Ao chegar à fase adulta, continuou idolatrando o seu pai. Tudo o que ele dizia e fazia era certo e maravilhoso. Afinal, ele era perfeito.
Com o passar do tempo, seus pais se separaram, e ela demorou muito a entender como sua mãe encontrava nele algum motivo para se separarem? Entretanto, acabou descobrindo que seu pai não era bem aquilo que ela idealizou durante a vida toda. Na verdade, muitas das suas ausências não eram porque estava viajando para jogar, e sim porque ele acabou formando outra família em outra cidade, inclusive tinha outra filha.
Minha amiga se decepcionou com o seu ídolo de tal forma que rompeu relações com o seu adorado pai e ficou sem falar com ele por muitos anos. Tornou-se uma mulher desconfiada, e seus relacionamentos eram sofríveis, pois em cada namorado buscava qualidades que a fizessem idolatrá-lo, mas não encontrava.
Depois de fazer terapia e estudar a Doutrina Espírita, passou a aceitar o fato de que todos somos falíveis, cometemos erros. Isso não por que não amamos ou por que somos ruins, e sim porque somos humanos. Dessa forma, minha amiga passou a ver seu pai sem o véu da idolatria e aceitou o fato de ele não ser o herói que idealizava, mas que foi um bom pai e, embora tenha agido em algumas ocasiões de forma irresponsável, ele a amava. Ela finalmente se reconciliou com o velho pai e acolheu sua irmã fraternalmente.
A admiração por alguém faz parte da nossa natureza, porém, entre admiração, que está no campo da razão, e idolatria, que está fora da visão da amiga razão, há uma enorme diferença!
Eu não poderia deixar de manifestar a minha preocupação neste momento político do Brasil, em que assistimos a uma polarização de opinião entre os candidatos à Presidência no mínimo perturbadora das relações humanas. Tenhamos em mente que nenhum é perfeito e infalível. Também nenhum nem outro detém cem por cento do saber nem reúne todas as condições para realizar tudo o que o país precisa. Melhor enxergá-los como irmãos movidos por ideais e projetos com os quais podemos ou não ter afinidade ou aceitar, cada qual com sua proposta, assim como outros tantos candidatos, para governar o Brasil.
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Idolatria não é a melhor conselheira nesta hora tão importante para o Brasil. Respeitemos as opiniões diversas das nossas e não entremos em contendas e desavenças no seio da família e entre os nossos amigos em nome de um ídolo que nem conhecemos em sua intimidade e que, por sua vez, também não nos conhece, nem conhece a nossa família e nossos amigos!