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Paz de Jesus. Aquela que queremos para todos os anos

Entre as reflexões deste início de ano, observei um desejo forte de paz que se sobressaiu aos demais, com saúde, prosperidade e realizações diversas. No entanto, em contrapartida, passadas as primeiras horas de 2023, infelizmente registramos uma série de notícias que causaram expectativas nada boas, as quais culminaram em episódios de violência que agastaram a confiança em dias melhores.

Não bastassem a guerra entre Rússia e Ucrânia, que ocasionou e vem acarretando tanto sofrimento, as intempéries de toda ordem e a intolerância político-religiosa que só engrossaram a fila de refugiados em busca de meios de sobrevivência e oportunidades em outros países, nós brasileiros assistimos estarrecidos aos desastres da violência que dispensam comentários.

Queremos paz, mas o que de fato estamos fazendo para obtê-la? Será que sabemos o que é ter paz?

Não resta dúvida que Jesus foi o propagador da paz, nasceu, viveu e “morreu” em paz e pela paz. Ele vivenciou a paz absoluta. No Evangelho, na ocasião do nascimento de Jesus, destaca-se o anúncio feito aos pastores, na descrição de Lucas 2:11-14: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto servirá de sinal para vocês: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura. De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo: ‘Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor’”. Observem que era um exército de anjos a trazer a grande mensagem de paz.

Ainda no Evangelho, o livro de João, no capítulo 14, Jesus fala das muitas moradas na Casa do Pai e revela-se como sendo o caminho, a verdade e a vida. No versículo 27, são registradas as seguintes palavras do Mestre: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

Então voltando à nossa reflexão. Será que realmente sabemos o que é paz? Pelas passagens evangélicas que citamos, depreende-se que todos aqueles que seguem o Mestre Jesus, em tese, estariam na sua paz, visto que ele afirmou que nos daria a sua paz e que nada temos a temer. E por que será que não é assim que ocorre? Por que, mesmo amando Jesus, vivemos num turbilhão constante de pensamentos e sentimentos inquietantes, longe de ser a paz que tanto propagamos e almejamos?

Queremos estar em paz, mas não temos um bom relacionamento com os familiares, vivemos em conflito no ambiente de trabalho, acabamos alimentando relações tóxicas e cuidamos mais da vida dos outros que da nossa, principalmente nas redes sociais, criticando, palpitando, enfim. E falando em redes sociais, acredito que todos conhecem pessoas que esbanjam boas vibrações, compartilhando vídeos e mensagens de otimismo e paz, porém, em seu dia a dia, são incapazes de enfrentar obstáculos rotineiros, vivendo em constante estado de medo, irritação e desconfiança.

Não estou de forma alguma criticando quem gosta de compartilhar esse tipo de material nas redes, que em algumas vezes pode ser a dose de bom ânimo que alguém precisa naquele dia para prosseguir com o mínimo de paz interior. É preciso entender que não temos o poder de mudar o mundo, mas temos condições plenas para dominar o nosso universo interior. É disso que Jesus nos fala.

Autoconhecermo-nos o suficiente para identificar os pontos fracos e os pontos fortes da nossa personalidade é o que necessitamos. Basta analisar o comportamento de Jesus quando esteve aqui na Terra. Ele é o nosso maior exemplo de paz, certo? E naquela época havia barbárie, injustiça de toda a ordem, preconceito, corrupção, desigualdade social extrema, calúnia, cupidez, inveja e ciúme em todos os níveis da sociedade. No entanto, Jesus, diante de cada uma das situações envolvendo essas misérias humanas, jamais se desesperou, desistiu, exasperou-se, levantou os punhos ou teve medo. Ao contrário, manteve-se sereno e aproveitou cada uma delas para exemplificar suas indeléveis lições.

Certamente, estamos muito longe da magnitude de Jesus, mas será que não podemos, ao invés de nos desequilibrarmos como a maioria, reagir menos e analisar melhor, livre das amarras do preconceito e das ideias preconcebidas, pensar um pouco sobre o modo como Jesus faria e, aí sim, nos posicionarmos diante de uma situação ameaçadora da nossa paz? Lembrando que enquanto muitos estão a postos para atear fogo na fogueira e outros se comprazem em assistir ao fogo, existem outros ainda com capacidade de amenizar tudo com um pouco de água. E, às vezes, essa “água” pode ser uma prece ou o silêncio amigo.

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