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Possessão espiritual – uma visão médico-espírita

No começo de abril, chegou aos cinemas o filme O exorcista do Papa, que é baseado em relatos do padre Gabriele Amorth, que foi exorcista-chefe do Vaticano e que teria realizado mais de 100 mil exorcismos em sua vida, escrito artigos e livros sobre suas experiências. O filme mostra a luta do sacerdote, que morreu em 2016, aos 91 anos, com o Satanás, que “possui” o corpo de inocentes.

Para abordarmos sobre possessão espiritual, convidamos o médico e psiquiatra Jaider Rodrigues de Paulo, sócio-fundador da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais (AMEMG) e vice-presidente da entidade desde 2016. Ele é ainda diretor e médico-assistente do Hospital Espírita André Luiz, em Belo Horizonte (MG), médium e expositor espírita com participação em eventos nacionais e internacionais; autor e coautor de diversos livros, entre eles: Enigmas da desobsessão. Foi também um dos fundadores da AME-Brasil e membro da diretoria por muitos anos.

A entrevista realizada com o Dr. Jaider está disponível no podcast da Folha Espírita (link abaixo), onde se pode ouvir na íntegra todas as suas explicações sobre o intrincado tema, contando com sua experiência tanto como médico psiquiatra quanto como dirigente de trabalhos mediúnicos há mais de 50 anos, o que enriqueceu as elucidações sobre o assunto.

Folha Espírita – Dr. Jaider, quando procuramos o significado do termo “possessão”, que é usado várias vezes durante o filme O exorcista do Papa, encontramos as palavras “posse espiritual”, “subjugação”, “crença paranormal ou sobrenatural de almas”, “espíritos”, “deuses”, “demônios”, “extraterrestres ou outras entidades imateriais que assumem o controle de um corpo humano, normalmente prejudicando a saúde e o seu comportamento”. Isso é possível?

Jaider Rodrigues de Paulo – Pois é, isso acontece muito mais do que a gente pensa. Só notamos esse fenômeno. O fato é que quando ele é muito “florido”, quando o Espírito chega a se manifestar dessa forma, geralmente, é um quadro de vingança. Mas, às vezes, acontece de a pessoa estar dominada pelo Espírito e há uma simbiose tão grande entre os dois que não se sabe a hora que um ou o outro está pensando, um está sempre refletido no pensamento do outro. É uma possessão passiva, em que o indivíduo às vezes nem sabe que está sendo tomado, porque o Espírito que está fazendo isso é emocionalmente muito desequilibrado. É, realmente, um fator de esforço da vingança.

De uma maneira geral, as pessoas estão sendo possuídas sem perceber que estão. Eu já tive pacientes que até acometeram assassinatos numa situação dessa. Ele cometeu o crime e depois, numa reunião espírita, o Espírito se manifestou e falou que o indivíduo achou que estava fazendo sozinho, mas que ele usou o corpo do outro para cometer o crime.

FE – Poderia nos explicar sobre “usar o corpo”?

Dr. Rodrigues de Paulo – Às vezes, não percebemos que toda obsessão é precedida por uma auto-obsessão. Dessa forma, na realidade, chegamos à conclusão de que não existe obsessor. Existem obsediados. Porque tem que ter um ponto comum onde os dois se encontram: um possuído pela ideia de vingança e o outro pela culpa. Então, há a junção culpa e vingança. Os dois são obsediados, um obsediado pela ideia de vingança e o outro obsediado pela culpa.

Existe uma interferência mental em cima daquilo que o dito obsediado tem. Vamos dar um exemplo: o obsediado é um indivíduo que tem uma predisposição para o jogo. É nisso que o dito obsessor vai agir, fomentando nele essas necessidades. Ou seja, à medida que alimenta a necessidade do jogo, ele vai afinando as vibrações dele em cima dessa dificuldade do indivíduo e vai ligando os plugues no campo mental da pessoa. Esses plugues podem ser ligados tanto no campo mental numa primeira instância quanto depois serem ligados no campo nervoso, atuando mais diretamente no cérebro e nos neurônios.

FE – Quando o obsediado é conduzido a uma sala de desobsessão, o obsediador pode estar fora da sala? Ou seja, a sessão de desobsessão deve acontecer com ele presente ou é melhor ele estar fora da sala?

Dr. Rodrigues de Paulo – É melhor o obsediado não estar presente, porque, às vezes, a pessoa não está suficientemente bem estruturada para ter uma conversa com o seu perseguidor. Por quê? As ameaças, as acusações que podem estar dentro de uma estrutura cármica, ou uma estrutura de comportamento que não seja ideal para ele, podem, através das palavras e das ameaças do obsessor, dar início a um processo de desequilíbrio mental. Assim, preferimos que se leve o nome do obsediado para a reunião e que a pessoa, se possível, fique na casa dela, num local tranquilo e, no horário da sessão de desobsessão, permaneça em prece, relaxada, para que o trabalho seja feito longe dela.

FE – Se o indivíduo é um médium ostensivo, a mediunidade dele diminui como consequência da possessão?

Dr. Rodrigues de Paulo – Se é um médium ostensivo, ele tem a tarefa mediúnica. Temos dois tipos de mediunidade: a evolutiva, que é a mais intuitiva, e a tarefa mediúnica. O médium vem com a mediunidade evolutiva a fim de ressarcir-se de vários problemas cármicos. E no caso da mediunidade de tarefa, o indivíduo é preparado no mundo espiritual para exercer a mediunidade quando encarnado. Ele é preparado em nível do corpo astral e, quando reencarna, também em nível do duplo etérico de seus neurônios.

É por isso que Kardec falou que a faculdade mediúnica é orgânica. O médium é preparado para vir com essa tarefa, e para ele esta é uma tarefa libertadora. Ele tem a possibilidade muito grande de ressarcir-se de dificuldades pessoais profundas. Vou dar um exemplo: a pessoa, às vezes, tem incitações de ideias emocionais no corpo mental, no corpo astral devido a atos do passado. Esse estado, essas culpas e atitudes o condenam. Quando o indivíduo se dispõe à mediunidade de tarefa, ele reencarna e começa a trabalhar, entrando em contato com essas entidades que têm padrão vibratório semelhante ao dele, com situações de identidade de circunstâncias do passado. E ele se dispõe de boa vontade – e até com sacrifício – a auxiliar aqueles Espíritos. É aí que esses núcleos são ativados pelas dificuldades daqueles Espíritos que vão se manifestar.

O médium, ao fazer um exercício mental para auxiliar o Espírito, ou fazer um exercício mental no sacrifício de sair de casa, pegar condução ou carro e ir para a uma reunião mediúnica, tudo isso é computado. Então, o que que acontece? Ao entrar em contato com um Espírito, a vibração deles atuam nesses núcleos e vão dissolvendo-os à medida que ele auxilia esse Espírito a se esclarecer. As energias que transitam nesse momento, tanto do Espírito quanto do médium, vão dissolvendo esses núcleos e ele vai limpando o seu carma. Isto é, no lugar de limpar o carma através de doenças, ele o limpa através do trabalho. Desta forma, o médium tem dois benefícios: a limpeza do carma do passado e a educação do presente nas atitudes de boa vontade e disciplina na medida em que a mediunidade induz o indivíduo à busca de esclarecimento e de conhecimento.

FE – Pela falta de conhecimento, a mediunidade é mitificada muitas vezes. Como é que fica a figura do Satanás, ela existe como é mostrada em filmes?

Dr. Rodrigues de Paulo – Geralmente, os Espíritos que atuam como Satanás, que causam esse terror, são Espíritos que não têm muita força mental. No mundo espiritual, os Espíritos que precisam de indumentárias aterrorizantes são sofredores, não são os grandes mestres mentais. As grandes lideranças não aparecem numa reunião.

Raramente, o mago do mal aparece numa reunião. Quando aparece, ele não é de falar muito, não é de fazer ameaças, é educado e polido, mas todo mundo sente a presença dele devido ao halo energético que emite e às energias desestruturantes. Uma das maneiras de saber se há um mago do mal numa reunião é quando os médiuns começam a se queixar de uma falta de concentração, uma constante de flashes mentais dissociados, sem conexão, desconexos e um afrouxamento dos nexos associativos da mente.

FE – No filme O exorcista do Papa, há cenas em que pessoas que “voam” com a força mental do dito Espírito demoníaco. O menino que é um dos personagens principais se transfigura completamente quando está “possuído”, e a irmã dele, em um dos trechos, passa a se assemelhar a uma aranha em movimento. Isso pode acontecer ou é efeito cinematográfico?

Dr. Rodrigues de Paulo – Dentro da possessão, os efeitos cinematográficos são usados para assustar e dar audiência, né? No entanto, já tivemos pacientes obsediados em possessão no Hospital Espírita André Luiz em que os Espíritos se apresentam e “tomam” o corpo da pessoa fazendo estardalhaço; geralmente, são desequilibrados emocionalmente e estão em uma situação de esforço violento. Não são Espíritos realmente inteligentes. O dito obsediado tem uma dívida muito grande com aquele Espírito, ou ele acha que tem essa dívida muito grande. Há um ódio muito grande entre os dois, um ódio oculto do obsediado que dá força a essa ligação. É por isso que “soltar” é difícil.

Os Espíritos que preparam vingança, geralmente, são os justiceiros no mundo espiritual e aproveitam do desequilíbrio tanto da vítima quanto do algoz em desequilíbrio. Rolar pelo chão e mostrar os dentes é emoção desequilibrada. Porque os Espíritos das trevas, os que dão trabalho mesmo, não aparecem assim. São educados, conversam, são matreiros. A conversa deles tem sempre o objetivo de tentar desestruturar o grupo. Como fazem isso? Tentando analisar a mente das pessoas, os núcleos de baixa resistência dos médiuns e dos orientadores da reunião em que eles vão atuar. Quanto mais estardalhaço, menos capacidade mental esse Espírito tem.

FE – O filme traz ainda o caso de uma mulher que traz o sentimento de culpa do sacerdote, que se matou porque, apesar de ter distúrbios mentais, foi tratada como possuída. Isso nos faz lembrar o filme O Exorcismo de Emily Rose, que traz a história de uma jovem atormentada por visões, vozes e episódios inexplicáveis, que faleceu após ser submetida a incansáveis sessões de exorcismo. O caso de Anneliese Michel ocorreu de verdade, não é ficção, e levanta questionamentos até hoje sobre a sua condição: possessão demoníaca ou uma doença mental não tratada adequadamente? Como diferenciar uma coisa da outra? É possível ter os dois?

Dr. Rodrigues de Paulo – Na história da Emily Rose, temos que que fazer um corte horizontal, ou seja, entender sua vida e o que aconteceu naquele período. E não sabemos como ela era. Uma das manifestações da sintomatologia da obsessão e da possessão é a crise convulsiva. É muito comum, já vi isso demais no meu consultório e no hospital. O paciente apresenta uma crise convulsiva, você pede o eletroencefalograma e o resultado está normal. Se não tem um foco e tem a crise convulsiva, você põe um pé atrás, isto é, a convulsão pode ter sido encadeada por uma questão espiritual.

Se tem um foco epileptogênico, o quadro está esclarecido. Mas muitos têm a crise convulsiva, faz o eletro e não tem nada. O episódio acontece quando o Espírito acopla, despolariza os neurônios pela afinidade que já tem com o perseguido, e esse entra em convulsão. No caso da Emily Rose, na minha opinião, pelos relatos do caso, faltou este conhecimento, pois tratava-se de uma possessão com uma atuação neurológica, desencadeando a convulsão.

No Hospital André Luiz, cheguei a atender pacientes que chegavam amarrados, gritando e batendo-se, fazendo ameaças, falando palavrão e fazendo coisas assim absurdas. E o que fazíamos? Chamávamos o apoio dos passistas e aplicávamos uma medicação na veia. Enquanto o paciente era sedado, às vezes, o obsessor falava que ele não ia dormir, ele não o deixaria dormir. Mas quando sedamos o encéfalo, o Espírito não tem mais como agir. Os passistas vinham e o “desligavam” através do passe. O paciente costumava acordar no outro dia e perguntar: “o que que aconteceu comigo?” Ele tinha uma amnésia lacunar naquele período. Na maioria das vezes, a pessoa já vem apresentando alguma situação que, muitas vezes, ela esconde.

A gente tem muito medo de doença mental. Às vezes, a pessoa já estava sentindo alguma coisa, ouvindo alguma voz, vendo coisas estranhas, mas ela luta para não apresentar aquilo, para não ser taxado de doente mental. Então, dissimula, mas os plugues já estão se juntando e se conectando mentalmente, por uma questão de carma ou por uma questão de deficiência no comportamento atual. Aí vai entrar o uso de drogas, frequência em ambientes de vibração destoantes, situações de conflitos familiares, de marido e mulher etc. E o que os obsessores fazem? Eles vão se aproximando pela periferia, desequilibrando as estruturas que possam dar equilíbrio. Se você tem um amigo, ele o afasta do amigo, o induz a ir a um local onde você fica mais exposto em termo vibracional. Induz você a usar droga e a beber, assim como a alguma postura que você não aceita. E você, às vezes, entra numa situação dessa e fica com culpa e estabelece, assim, um gancho de ligação com o obsessor. São coisas que eles vão minando para poder chegar até você. E isso vai acontecendo sem você perceber, porque nós temos uma capacidade de nos adaptarmos às dificuldades e, de repente, a coisa estoura.

FE – No livro A obsessão e suas máscaras, a dra. Marlene Nobre nos traz uma reflexão sobre a “possessão partilhada”, a partir de seus estudos na obra de André Luiz. E cita que, em alguns casos, a parceria no vício são estas possessões partilhadas, que ela as classificou como obsessão de natureza anímica. No caso de possessões, sempre há uma adesão inicial que depois leva ao quadro de subjugação?

Dr. Rodrigues de Paulo – No nosso entendimento, ela pode ser compartilhada no prazer. Ela pode ser compartilhada também no ódio, porque um indivíduo para ser pego numa possessão ou numa obsessão, ele tem que ter dentro de si os repertórios que o obsessor manipula para poder tomar conta da mente dele. Um é compartilhado no prazer. O outro é compartilhado diante dos carmas e dos comportamentos atuais. O indivíduo que já está no processo de libertação, num processo de estrutura mental voltada para o bem, para o equilíbrio, ele não é pego fácil em obsessão. Ele tem um repertório interno para manter o mental dele sempre acima das investidas do mal.

Por isso que a Doutrina Espírita é sabia e nos ensina que “fora da caridade não há salvação”. Quando você está fazendo o bem para qualquer pessoa, você automaticamente eleva o seu tônus vibratório. E o que é tônus vibratório? É a média aritmética das suas vibrações no período. O que você pensa num período é o seu tônus vibratório. De você está lendo uma coisa boa e construtiva, você está elevando o seu tônus vibratório, à medida que você medita sobre aquilo. Se você está fazendo qualquer coisa boa, você está elevando o tônus vibratório. Se você tem uma conversa sadia, você está elevando o tônus vibratório. Desta forma, isso faz com que você não fique à mercê das vibrações de baixa frequência, elas não coadunam com aquele seu método de vida. Mas, quando você está levando uma vida dissoluta, sem responsabilidade, indo pelo vento da circunstância, você baixa o seu tônus vibratório e se torna presa fácil daqueles em estão querendo se aproveitar da situação que você está sendo exposto. É por isso que eles falam a necessidade de se procurar estar sempre vigilante.

FE – Como deve ser montada uma sala de desobsessão em uma casa espírita? Ela é diferente de uma reunião de desenvolvimento mediúnica?

Dr. Rodrigues de Paulo – O desenvolvimento mediúnico é uma educação e uma ação para que a pessoa tenha desenvoltura, intimidade e uma capacidade de pensar que as ideias fluem dele e vem de fora também. É para poder se familiarizar com o processo mediúnico e ir se afinando com as vibrações e com seu mentor. Então, a pessoa tem que assumir o compromisso e responsabilidade com a reunião. Em reunião mediúnica é muito sério que o indivíduo não seja flutuante. Tem que ser alguém que decidiu educar a mediunidade. Nas reuniões mediúnicas, vamos receber Espírito sofredores, aqueles que morreram e não sabem, aqueles que são os desafetos dos frequentadores do centro espírita. Junta-se ali o grupo de encarnados e dos desencarnados, assim, os mentores vão fazendo um saneamento de conformidade com o merecimento, a postura mental e responsabilidade do indivíduo.

Já a reunião de desobsessão deve ser feita contando com aqueles elementos que são mais assíduos e que mais trabalham. À medida que essas pessoas vão se apresentando com mais responsabilidade, assiduidade e vestindo a camisa do trabalho, eles estão fazendo um grande trabalho mental, sem perceber. Um trabalho mental de arregimentar forças no Espírito dele, através da dedicação para ajudar outros, vencendo as suas próprias lutas. Para montar uma reunião de desobsessão, primeiro é necessário escolher um orientador que seja experiente, que estuda e que procura ter um controle das suas emoções. A reunião mediúnica de desobsessão precisa de um tônus maior da equipe, e esse tônus vai ser formado pela assiduidade, responsabilidade pelo estudo e por aquilo que o orientador faz para seu autoconhecimento. O problema do autoconhecimento é o nosso ego. Ele é sorrateiro e, muitas vezes, a vaidade aparece travestida de caridade.

FE – Para encerrarmos, deixe-nos algumas recomendações positivas para alguém que sofre com a obsessão, ou que conhece pessoas que estão sofrendo muito com a obsessão.

Dr. Rodrigues de Paulo – Tudo que estamos passando hoje, as maiores dificuldades, os sofrimentos, tudo é transitório. Todo o sofrimento é um ensinamento. Não é que nós tenhamos que passar por determinados sofrimentos que a gente escolhe, não. Mas, se você optou por aquilo, durante as maiores dificuldades, você está crescendo. Até no mal, você está crescendo. Vocês já pensaram o dia que um Espírito como o Hitler, com aquela força mental, virar para o bem, o que esse Espírito vai fazer? Lembremos o que Paulo de Tarso fez, foi um Espírito luminoso, glorioso, porque não se deixou dominar pelo mal.

Ainda que a gente esteja sofrendo, a dor pode estar fazendo luz em você. No momento em que você começar a entender esse sofrimento, ele vai fazendo luz de libertação em você. Nós fomos criados pelo Criador, o Nosso Pai, mas nos afastamos Dele. Somos criados pela Eminência Divina ligada à felicidade, à libertação e ao poder. Só que nós buscamos de maneira equivocada, e o sofrimento é a melhor possibilidade que o indivíduo tem de abrir a consciência. O sofrimento, a doença, a situação financeira difícil é um recado. Se a gente souber interpretar e aprender com esses recados, nós vamos crescer. Todo sofrimento tem fim. E o fim é quando você começa a entender a sua vida, por isso que é muito importante a autorreflexão, a meditação. Você vai abaixando as questões de ansiedade, de revolta com sofrimento, e ele vai deixando de ter aquela força que ele tem na sua vida. Nasce assim outro tipo de força, aquela força de resiliência, para você vencer os obstáculos. Qualquer sofrimento tem essa função, não é punição. É educação. Deus não pune seus filhos. Ele educa Seus filhos. E nossa situação aqui na vida é um átimo diante da eternidade. Isso vai passar. Estamos numa época de posicionamento. Não podemos repetir os equívocos de passado. O tempo novo chama uma postura nova; postura nova chama vivências novas; vivências novas chamam alegria, felicidade, paz e consciência.

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