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Sintonizamos e somos impactados como um rádio

O que significa pensamento ser matéria mental? Aquilo que pensamos ou assistimos influenciam no nosso comportamento? O psiquiatra Alejandro Veras, presidente da Associação Médico-Espírita de Osasco e coordenador de Saúde Mental da Associação Médico-Espírita do Brasil, e o médico Marcus Ribeiro, residente em Psiquiatria e vice-presidente da Associação Médico-Espírita de São Paulo, falaram conosco a respeito. Abaixo, um resumo do nosso bate-papo, que pode ser conferido na íntegra em podcast da Folha Espírita.

Folha Espírita – Os Espíritos nos ensinam que pensamento é matéria mental. O que significa isso?

Alejandro Veras – Eu gosto de dizer que se a gente tivesse condições de colocar o pensamento enquanto uma equação matemática, ela seria a ideia mais emoção. A ideia é gerada, mas a emoção é que vai permear a criação do ser pensante que se projeta no espaço. E ela vai ganhar contornos de forma-pensamento, como nós bem sabemos. André Luiz explora muito isso, assim como Ernesto Bozano no livro Pensamento e vontade. O pensamento é uma matéria mental.

FE – Quando pensamos, criamos uma atmosfera que atrai afinidades?

Marcus Ribeiro – André Luiz traz o conceito do rádio como um exemplo de sintonia. Nós sintonizamos em determinada estação ou frequência e captamos as ondas que são emitidas ali naquela frequência que a gente sintonizou, ou seja, fazendo uma analogia, é como se a gente fosse um rádio, colocamos a nossa estação sintonizada numa determinada frequência e vamos ser impactados pelo que buscamos. Vamos atraindo a nossa volta aquilo que também estamos emitindo. É o conceito da teia de Emmanuel. O que vamos manifestando por meio dos nossos sentimentos e pensamentos vai sendo ligado a outros que estão na mesma sintonia.

FE – O que assistimos influencia o nosso pensamento?

Veras – Nós podemos assistir uma notícia ruim, de impacto, e ela nada causar em nós, mas se sabemos que algo que vamos assistir vai prejudicar a nossa saúde física ou emocional e espiritual, devemos evitá-lo. Gosto de dizer que a informação precisa ter uma fechadura, ou seja, eu recebo a informação, mas preciso saber como lido com ela, é uma questão de autoconhecimento. Por exemplo, se eu tenho uma percepção de que determinadas notícias me geram um sentimento de raiva, de agressividade, me fazem mal e tiram minhas energias, devo evitá-las, me blindar. Temos de pensar na nossa responsabilidade enquanto consumidores de conteúdo.

FE – O que dizer sobre programas diários policiais nas telas das nossas tevês?

Ribeiro – Não somos objetos inertes. Há uma responsabilidade naquilo que é consumido e não só na informação em si. Cada um de nós se relaciona de uma forma com essa informação. Com o tempo, vamos sabendo escolher o que nos faz bem ou não. E devemos ter esse filtro.

FE – Vocês já atenderam casos de pessoas que entraram em uma crise de ansiedade ou pânico por estarem muito impactadas com as notícias de violência e morte?

Veras – Sim, há muitos casos nos quais a pessoa vai criando uma fixação mental que consome toda sua energia psíquica para alimentar um mesmo pensamento e ela cria essa ânsia. Se estamos serenos e em paz, nada vai nos desestabilizar, mas se aquilo nos tocar e conversar com algo interno e nos tirar o equilíbrio, devemos evitar! Já aconteceu de eu atender, como médico de família, uma senhora que todos os dias tinha alteração de pressão e se mostrava chorosa e angustiada próximo da hora do almoço. Conversando, vi que ela ficava assim por conta de um programa que assistia diariamente, com muita violência. E ela associava tudo que via à filha, que saía cedo e voltava tarde do trabalho. O problema foi sanado quando ela parou de ver o programa.

FE – Em tempos de canais fechados, com uma quantidade enorme de filmes à disposição, que recomendações vocês dão para quem decide assistir um filme?

Veras – Importante ver conteúdos que vão ajudar a trabalhar a saúde, e não trazer desequilíbrio!Ribeiro – Se a gente for pensar do ponto de vista espiritual, devemos fazer como na nossa alimentação, ao procurar algo mais equilibrado. Ver um filme de terror de vez em quando é como comer um salgadinho fora da rotina. Mas não é bacana virar rotina! Se pensarmos no que assistimos como alimento, vamos, cada vez mais, buscar o que for mais espiritual e nos trouxer mais bem-estar e coisas boas.

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